Imediatamente após a criação da
moeda única verificou-se um aumento do consumo privado e dos gastos públicos, causados
pelo fácil acesso ao crédito, gerando em alguns países uma onda de
endividamento que se viria a tornar insustentável. A crise de 2008 começou
devido ao crédito excessivo que se verificou nos anos anteriores, fazendo com
que os mercados financeiros por toda a Europa se tornassem instáveis. Nos
países onde se verificaram os maiores desequilíbrios foi necessária a
intervenção do Estado, fazendo disparar os níveis de despesa pública e
rapidamente os níveis de endividamento externo ultrapassaram os 100% do PIB.
Face à rápida propagação dos
impactos da crise, entre o risco da dívida pública dos Estados-membros e a sustentabilidade
do setor bancário chegou-se rapidamente a acordo que a solução passaria pela
criação de uma união bancária, de forma a garantir a estabilidade da união
económica e monetária e pôr fim à crise financeira.
A união bancária assenta em três
mecanismos principais: um mecanismo único de supervisão, um sistema de garantia
de depósitos e um mecanismo único de resolução. O Banco Central Europeu seria a
entidade responsável pela supervisão das instituições financeiras da EU. O
papel deste supervisor bancário único é importantíssimo para a estabilidade
financeira pois torna a fiscalização mais credível. O sistema de garantia de
depósitos bancários tem como principal objetivo proteger todos os clientes das
instituições bancárias no caso de falência. As garantias de depósitos procuram
evitar uma corrida aos bancos quando os seus depositantes não confiam na sua solidez.
Por fim, a união bancária assenta num mecanismo único de resolução que pretende
responsabilizar os bancos pelas suas próprias perdas e evitar que estas recaiam
sobre os governos e seus contribuintes.
Atualmente, a união bancária
encontra-se em construção, ou seja, não é um processo terminado. Já foi
anunciada a aprovação da legislação que permite a criação do supervisor
bancário único. Apesar de este passo ser essencial no processo da união
bancária, o mecanismo único de resolução é indispensável. Está previsto que a
partir de 2015 deverá estar enquadrado o fundo de resolução bancária para o
qual cada banco terá de contribuir, mas que, segundo Verhelst (economista
belga), só estará concluído em 2025, se tudo correr bem.
Emílio Botín (presidente do Banco
Santander) disse no passado dia 5 de Novembro, numa conferência em Madrid, que
”Este [a União Bancária] é o fator-chave para a recuperação definitiva da
confiança no euro, no nosso sector financeiro e no futuro de uma Europa mais
integrada e sólida”. Eu partilho a mesma opinião de Emílio Botín, apesar de
também achar que não é apenas a União Bancária que vai resolver todos os
problemas que têm afetado a Zona Euro. Com a criação da união bancária estamos
a criar condições para um sistema financeiro mais estável, que permitirá
recuperar a confiança e a fluidez de crédito. Assim, será possível contribuir
para o crescimento económico.
Andreia
Filipa Oliveira Martins
Referências:
DE SOUSA, Miguel Rocha,
CAETANO, José Manuel, Será a União
Bancária uma solução para a crise do euro?, DEBATER
A EUROPA Periódico do CIEDA e do CEIS20 , em parceria com GPE e a RCE, N.8
Janeiro/Julho 2013 – Semestral
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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