Um dos maiores problemas que os governos sucessivos têm que
encarar prende-se com a existência de economia paralela em grande escala. Mas
será assim tão grande?
Segundo o jornal “Público”, o valor da economia paralela em
Portugal atingiu os 26,74% do PIB em 2012, mas, segundo um estudo de um
professor de uma Universidade Austríaca, o valor da economia paralela foi cerca
de 19,4% do PIB em 2012, apenas 0,2 pontos percentuais acima da média Europeia.
Esta disparidade deve-se à dificuldade em conseguir calcular o valor real da
economia paralela porque, como é natural, através de métodos diretos os valores
são obviamente transviados pelos agentes que cometem essas “ilegalidades”,
devido ao medo da punição inerente.
Qualquer que seja o valor verdadeiro da economia paralela,
esta continua a ser um problema principalmente para a saúde das contas
públicas. Com o aumento dos impostos, o incentivo para o povo aderir a esta prática
aumenta significativamente. Isto torna-se um problema porque parece que o
governo não toma em consideração esta provável diminuição das receitas,
encarando cada aumento dos impostos como uma receita proporcional quando assim
não acontece.
Para cumprir as metas às quais se sujeitou, o governo aumenta
os impostos (ou corta na despesa). Isto leva a um aumento da receita marginal,
e, aos olhos de quem manda, é uma verdade incontestável que este aumento também
acontecerá em valor absoluto, daí os consecutivos derrapes das contas públicas.
É que os impostos assumem um papel preponderante nos “dinheiros públicos”. Esta
derrapagem poderia ser evitada e talvez o governo conseguisse maximizar os
lucros dos impostos, principalmente dos impostos sobre o consumo que caem cada
vez mais na “rede” da economia paralela.
Por um lado, os nossos líderes poderiam aumentar a punição, e
a informação sobre esta, para tentar diminuir o incentivo de fugir aos
impostos. Prémios sorteados para quem pede faturas não me parece a melhor
solução, isto porque dá literalmente menos trabalho jogar no euromilhões, e
porque muita gente não acredita na seriedade deste sorteio, já para não falar
que o prémio seria retirado do dinheiro público (mais uma vez, as contas
deveriam permitir um lucro na diferença entre a quantidade de receita gerada
por esta medida e o prémio inerente a ela, coisa que duvido que aconteça).
Por outro lado, o governo poderia (e deveria!) fazer bem as
contas para conseguir determinar qual o valor ideal de determinado impostos. Aumentar
todos os impostos sem economistas A SÉRIO não leva a lado nenhum porque
provavelmente aquilo que parece que irá gerar uma determinada receita gera
outra muito inferior.
Concluindo, tudo se resume a seriedade e competência de quem
verifica e calcula determinados valores, e de quem regula as punições destas
infrações. Talvez assim o esforço de quem realmente trabalha diminuísse, e quem
faz economia paralela pensasse duas vezes antes de a fazer pois, graças a uma
punição mais séria, diminuia o incentivo a esta prática. As contas continuam a
ser uma dor de cabeça, mas apenas para quem quer!
Gustavo Alexandre Gomes
Lima
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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