Nas ultimas semanas tem sido amplamente discutido o
aumento ou não do salário mínimo nacional (SMN). Tendo esta discussão
despertado muitas e diferentes opiniões, pareceu-me apropriado tecer alguns
considerações a respeito desta questão.
A meu
ver, sempre que se fala em alterações no salário mínimo nacional é preciso
analisar duas visões distintas: existe quem defenda a redução do SMN, argumentado que isso levará a um aumento da competitividade
das empresas; por outro lado, há quem defenda que um aumento do SMN levaria um
aumento no rendimento disponível das famílias, o que aumentaria o consumo e por
consequência estimularia a economia.
Antes de
mais, acho que é pertinente relembrar que no passado o valor do SMN não passava
de um referência simbólica, sendo que apenas uma pequena percentagem dos trabalhadores
recebia esse salário. Nos últimos anos essa percentagem aumentou de 5,5%, em
Abril de 2007, para 10,9% em Abril de 2011, e para 12,7%, em Abril de 2012.
Esta evolução significa que nos últimos anos tem havido um reajustamento de
muitos salários para uma base salarial mínima. Assim sendo, a descida do
salário mínimo nacional parece-me ser uma política insustentável, visto que
este é, neste momento, um elemento de sustentação das condições mínimas de vida
de muitas famílias que vivem já com bastantes dificuldades, o que faria
levantar várias questões éticas e sociais. Por outro lado, o aumento do salário
mínimo nacional é também uma má opção na medida em que, apesar de aumentar o
rendimento disponível das famílias, se apresentaria como uma ilusão em relação
à conjuntura actual e daria uma falsa ideia de melhoria e de estabilidade, o
que contraria tudo aquilo que estas presenciam. É também importante notar que,
devido ao acordo que Portugal tem com a Troika, um aumento do SMN teria que ser
discutido e aplicado segundo as suas regras e não seria de todo um bom cartão
de visita para potenciais investidores e financiadores estrangeiros.
Logo,
parece-me que a melhor atitude a ser tomada é a não alteração do salário mínimo
nacional e passar sim a dar importância a uma outra questão essencial da
economia, a produtividade.
Nos
últimos anos, as empresas têm operado através do custo da mão-de-obra, seja por
aumento da produção com manutenção do salário, seja simplesmente por reduções
salariais. É imperativo que se melhore o que se produz por hora, ou seja, é
imperativo aumentar a produtividade das empresas.
Este
aumento da produtividade deve ser feito de forma consistente, privilegiando
questões estruturais, como a organização da própria empresa, os seus métodos e
técnicas de trabalho e os equipamentos utilizados. Só desta forma será possível
colocar no mercado nacional e internacional produtos altamente competitivos.
Por outro lado, é também essencial que se alterem comportamentos e mentalidades
face à empresa em geral e ao local de trabalho em particular. Assim ,
o envolvimento do trabalhador no projecto da própria empresa e o conhecimento
das suas metas e objectivos poderão levar a um maior envolvimento e satisfação,
o que será conducente a uma maior e melhor produtividade.
Assim
sendo, em jeito de conclusão, apraz-me dizer que, na minha opinião, a discussão
sobre o salário mínimo é secundária, sendo que aquilo que é verdadeiramente
importante é conseguir aumentar os níveis de produtividade das empresas, visto
que é desta forma que será possível pagar melhores salários e reduzir os preços
dos seus produtos e serviços.
Diogo Alexandre de Queirós e Cardoso
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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