Olhando para o mapa do poder de compra em Portugal, é fácil
observar várias disparidades entre regiões: o litoral é mais rico do que o
interior e existe mais poder de compra no sul do que no norte do país.
Um total de 36 municípios portugueses apresentam um poder de
compra "per capita" acima da média nacional, situando-se os valores
mais elevados nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. De acordo com dados
revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), relativos a 2011,
Lisboa apresenta o valor mais elevado de todos os 308 municípios nacionais
(216,8), mais do dobro do índice nacional (100).
No ‘top’ três dos municípios com mais poder de compra ‘per
capita’, seguem-se Oeiras (193,7) e o Porto (161,7).
No campo oposto, o INE assinala que, no conjunto dos 308
municípios nacionais, mais de metade (172) apresentam índices de poder de
compra "per capita" inferiores a 75 pontos. De acordo com o
documento, os dez municípios com menor poder de compra situam-se no interior
norte do país e na Região Autónoma da Madeira. Celorico de Basto (49,83) é o
município nacional com menor poder de compra "per capita", seguido de
Cinfães (49,87) e Ribeira de Pena (50,8), todos situados na região do Tâmega.
Celorico de Basto é um concelho do distrito de
Braga constituído por 12 freguesias e cerca de 20 000 habitantes. A situação de
Celorico de Basto, que se posiciona no último lugar do ranking do índice de consumo, é explicada pelo seu peso demográfico
no conjunto dos concelhos do Continente. O valor do índice de população deste
concelho é cerca de duas vezes superior ao seu índice de poder de compra, o que
explica porque é ele o concelho com menor índice de consumo do Continente. Esta
posição do concelho de Celorico de Basto tem-se mantido nos últimos anos.
Ser o ‘concelho mais pobre do
País’, ao aparecer todos os anos no fim da lista nacional de poder de compra
elaborada pelo Instituto Nacional de Estatística, não tem agradado aos
celoricenses. Contudo, o Presidente da Câmara de Celorico de Basto garante
que vai colocar em tribunal o Instituto Nacional de Estatística porque o seu
concelho aparece sempre no final da lista nacional de poder de compra, segundo o
Jornal de Noticias.
No seguimento da notícia, referiu ainda que “é
sempre a mesma pessoa a fazer o trabalho e parte de uma base errada, que gera
uma imagem errada da terra, que acarreta prejuízos grandes”.
Para Mota e Silva (presidente da câmara),
trata-se de “uma farsa”, já que Celorico de Basto tem assistido à instalação de
novas indústrias, pelo que “qualquer pessoa que conheça o concelho e o país
percebe a evolução e sabe que o poder de compra tem evoluído”. Na opinião do
autarca, a avaliação falaciosa é explicada pelo facto de “40% da avaliação se
basear nos depósitos bancários e em levantamentos e pagamentos multibanco”,
quando “cerca de 80% das contas dos celoricenses estão tituladas fora [em
concelhos vizinhos] e [estes] estão habituados a pagar em dinheiro e não usam
muito o multibanco”. Uma
opção para um maior rigor na avaliação, segundo Mota e Silva, seria avaliar o
PIB de cada concelho (in
Noticias ao minuto, 10 de Novembro de 2013)
Sendo assim, será mesmo Celorico de Basto o “concelho mais
pobre do país”?
Anabela Marinho
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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