Sabemos que nos dias de hoje uma das formas de resolver problemas das empresas, dos bancos, do país, para recuperar a competitividade, fomentar as exportações, penalizar as importações, isto é, conseguir a desvalorização dos nossos fatores de produção, para produzir produtos e serviços mais competitivos, uma das soluções que tem sido muito falada por políticos e economistas seria a saída de Portugal do euro. Na altura da entrada de Portugal no Euro, surgiu uma discussão sobre se deveríamos entrar para o clube dos ricos, o do euro, ou continuarmos como até aí, com moeda própria. Apesar de todas as dúvidas existentes, em 1999, Portugal aderiu à moeda única - o EURO. Com esta decisão, esperava-se que quer o País quer as empresas fossem disciplinadas, obrigadas a equilibrar os seus orçamentos, autocorrigindo-se, tornando as contas sãs, transparentes, adotando princípios contabilísticos claros e transparentes, usuais em países desenvolvidos e mercados abertos.
O cumprimento de regras claras, rígidas, e que todos cumpririam iria permitir reestruturar o modelo económico, o que em conjunto com a confiança que daí resultaria, e com os fundos comunitários que continuariam a chegar, permitiria a implementação de investimentos que seguramente colocariam o País numa rota de desenvolvimento acelerado. Só que os sucessivos governos e os Portugueses, assim como outros países, foram incapazes de cumprir este projeto. Endividaram-se, países, empresas e particulares, gastaram desalmadamente, fizeram-se investimentos que claramente não deveriam ter sido efetuados, já que eram claramente excessivos, conduzindo-nos a um ponto sem saída. A não ser que com a alteração voluntária deste tipo de comportamento se conseguisse inverter este rumo, levando a uma correção do caminho que estávamos a seguir. Só que, a par desta situação, verificou-se a chegada da atual crise financeira internacional, seguida da crise das dívidas soberanas de alguns países, da recessão económica e de várias crises políticas.
Com a chegada da crise das dívidas soberanas, em Maio de 2010, o sair ou permanecer no Euro transformou-se novamente numa grande questão. Esta solução tem sido referida como sendo a solução mais viável para reduzir a austeridade, isto caso fossem feitas desvalorizações competitivas da nova moeda nacional. Com esta solução, conseguiríamos fomentar as exportações ao mesmo tempo que se reduziriam/dificultavam as importações. No entanto, muitas décadas antes, no período do Estado Novo, a economia portuguesa funcionou com uma moeda forte, o escudo, fixada administrativamente pelo regime ditatorial de Salazar. A moeda forte nesta época permitia a compra de matérias-primas necessárias, e com vantagens sobre outros países, tanto na capacidade de compra, como na segurança de pagamento.
A razão da força desta moeda resultava da existência de umas finanças públicas bem controladas - défice nulo e divida pública baixa, bem remunerada e com condições interessantes para os investidores, com os compromissos financeiros do país pagos a tempo e horas. No entanto, tratava-se de uma economia fechada, protegida, e avessa ao risco, incapaz de produzir excedentes que permitissem distribuir rendimento e efetuar novos investimentos. Para além destes constrangimentos, uma guerra colonial ia sugando os poucos recursos desta economia. Consequência desta, a nossa economia, vê-se de repente sem colónias e as suas matérias-primas, sem produção própria suficiente, sem fatores competitivos para aumentar as exportações, a braços com défices e dívidas gigantes, com exigências cada vez maiores dos seus trabalhadores e pensionistas, só tendo um caminho: aumentar os salários, as pensões, criar uma "falsa" situação de bem-estar, aumentando a quantidade de dinheiro em circulação, criando inflação.
Desta inflação, resultou ainda mais instabilidade política e social, mais problemas económicos e trouxe o FMI. Ou seja, apesar de termos total controlo sobre a nossa própria moeda, tal também não resultou.
Concluindo: se agora estamos inseridos numa zona económica aberta, com uma moeda única, sujeita a regras próprias e que há partida assegurará um desenvolvimento económico seguro e justo, devemos fazer tudo para assegurar este estatuto, mantendo-nos no EURO. Devemos ser responsáveis, cumpridores dos compromissos assumidos, pagar as dívidas que contraímos em euros, reconquistar a confiança dos investidores e fazer tudo para voltar a garantir o crescimento económico. Mesmo que para isso seja necessário cumprir regras rígidas, que até podemos não concordar por nos imporem sacrifícios, mas que, cumpridas por todos, assegurarão certamente um desenvolvimento sustentado e justo, que permitirá redistribuir por todos a riqueza produzida. Assim o queiram os políticos, o Estado e, por fim, cada um dos Portugueses.
Joana Pogeira da Costa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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