Em 2009, o especialista canadiano em tecnologia Dan Tapscott referiu-se a Portugal como um exemplo a seguir no que toca ao ramo educacional, enaltecendo o investimento em computadores individuais para utilização dos alunos do ensino preparatório nas salas de aula. Tapscott chegou mesmo a dirigir-se ao então (e ainda) presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, num artigo de opinião publicado no Huffington Post, aconselhando-o: “Quer resolver os problemas das escolas? Olhe para Portugal!”. Mas será que todo este investimento tem de facto impactos positivos no nível de aprendizagem? Ou será tudo meramente ilusório?
Com o mundo em constante mutação, a educação tem de se adaptar às novas exigências e necessidades dos seus destinatários. Outrora, a economia baseava-se, essencialmente, numa lógica industrial, que implicava que a educação girasse em torno de um saber que valorizava acima de tudo a experiência. Hoje, o cenário é diferente e a sociedade privilegia mais um saber especializado, onde a sua construção possa ser uma actividade social plenamente integrada no meio que nos rodeia. Deste modo, é inegável a exigência crescente de uma maior variedade de canais de aprendizagem e é inevitável que as escolas se adaptem aos novos desafios decorrentes da evolução da sociedade. Surge então um novo perfil de escola, em oposição à dita escola “tradicional”.
Mas quais são então as vantagens deste novo tipo de escola? Quais são os benefícios que a existência de computadores nas salas de aula acarreta? E quais as limitações de todo este programa de modernização do ensino em Portugal?
É importante então salientar que perante casos de falta de interesse por parte dos alunos pelos conteúdos abordados em aula e consequente insucesso escolar, a utilização curricular do computador pode revelar-se de uma importância fulcral para o docente que quer motivar os seus alunos. O computador favorece ainda um ensino centrado no aluno e na sua iniciativa. Dan Tapscott, aludindo à sua experiência numa sala de aula durante a sua estadia em Portugal em 2009, descreve a situação dos alunos: “Estavam a colaborar, estavam a trabalhar ao seu próprio ritmo e mal reparavam na tecnologia, no propalado computador portátil. Era como ar para eles, mas mudou a relação que tinham com o professor. Em vez de se agitarem nas cadeiras enquanto o professor dá a lição e escreve apontamentos no quadro, eram eles os exploradores, os descobridores e o professor o seu guia.” Temos aqui reunidos os principais pontos fortes da inovação tecnológica em contexto escolar: o favorecimento da tomada de iniciativa, da autonomia na resolução de problemas, no levantamento de hipóteses, na investigação, etc.
Contudo, o uso do computador também tem as suas desvantagens e limitações, como o elevado custo de instalação e manutenção de uma rede de computadores que implica uma troca quase constante de equipamento, e o analfabetismo informático revelado por alguns docentes, que devem desenvolver as suas capacidades num curto espaço de tempo de forma a introduzir convenientemente os alunos neste novo mundo, sendo capazes de os motivar e orientar quando necessário.
Com esta análise, concluo que o investimento tecnológico realizado foi por certo uma boa medida, representando um gasto perfeitamente justificável do ponto de vista educacional. Contudo, os meios tecnológicos não valem por si mesmos: a sua utilidade depende da metodologia com que são usados. Não são apenas os meios que contam, mas sim a forma como se apropriam desses meios para criar uma situação educativa e aumentar o nível de aprendizagem.
Ana Filipa Alves Leite
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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