Muito se tem dito e escrito sobre as
dificuldades atuais da EU, espaço onde Portugal se encontra integrado. E são
múltiplos os caminhos que têm sido apontados para a saída de um certo estado de
marasmo, para não dizer decadência, em que se encontra face a países emergentes
com fortes taxas de crescimento.
É verdade que, como o demonstra a
curva de aprendizagem, é muito mais fácil atingir taxas de crescimento elevadas
quando o ponto de partida é relativamente baixo. Mas isso não justifica os
níveis baixíssimos da UE verificados nos últimos anos.
O que mais sobressai dessa discussão
é que, na grande maioria dos casos, ela é feita com base em ideias avulsas, sem
soluções de continuidade, sem apontarem para a definição de uma estratégia
macro que permita uma adaptação por parte dos países integrantes com
características sociais, culturais e níveis de desenvolvimento tão distintos.
É verdade que os Fundos de Coesão têm
a finalidade de tentar aproximar os níveis de desenvolvimento dos diferentes
Estados-Membro, mas nem sempre se tem dado atenção ao velho ensinamento que nos
diz que “melhor que dar a cana, é ensinar a pescar”.
Mas, e penso que isto é importante, a
ideia dominante de que o sucesso consiste em estabelecer posições competitivas
sustentadas durante longos períodos, já não é relevante para a maior parte dos
negócios. É necessário abraçar a ideia de que, cada vez mais, as estratégias
são transitórias, obrigando as instituições a lançar frequentemente novas
iniciativas. E reconhecer que o sucesso requer, cada vez mais, um conjunto de
novas aptidões funcionais. Para estarmos na linha da frente, necessitamos de,
constantemente, construir e explorar muitas mais vantagens competitivas de uma
só vez.
O sucesso das Nações é sobretudo a
soma do sucesso das suas organizações, das empresas, em primeiro lugar. São
elas que constituem a base da nossa economia de mercado. E ao longo dos últimos
anos pudemos constatar que muitas empresas construíram estratégias para durar
muito tempo, e o tempo mostrou que essa perspetiva estava errada. São exemplos
disso empresas de grande dimensão de todos conhecidas: a IBM, a Sony, a Nokia e
a Kodak, só para referir alguns.
Para obviar as dificuldades como
aquelas em que incorreram empresas como estas, importa ter sistemas de
vigilância que permitam detetar a tempo quando as vantagens competitivas
alcançadas estão em
risco. Michael Porter , um dos pensadores mais conhecidos dos
tempos modernos na área da estratégia, conhecido sobretudo pelo seu trabalho “As vantagens competitivas das nações” e pela criação do modelo das “5
Forças”, talvez tenha subestimado a velocidade a que caminham as alterações dos
mercados, a maior parte das vezes induzidas pelos resultados constantes dos
processos de inovação.
Exemplos destes muito recentes são em
grande número. Podemos tomar por referência, porque dos mais conhecidos, o da
Google, que passou a mover-se nos sistemas operativos de telefone e vídeos online, criando a consternação no amplo
negócio dos telefones. E a Walmarte, o gigante americano do comércio de
retalho, que iniciou uma ofensiva de grande dimensão no negócio dos produtos de
cuidados de saúde, desafiando e colocando em risco muitas e muitas empresas
deste setor.
Não é fácil construir uma estratégia
baseada nestes princípios; talvez seja importante começar por aquilo que é mais
fácil: saber o que não queremos fazer.
Nas Nações, como nas instituições,
sabemos de onde partimos. É importante saber onde queremos chegar e, para o
conseguir com o maior sucesso, temos de estabelecer uma estratégia que contenha
o mesmo nome: uma estratégia de sucesso.
Sofia Pinto e Castro Rodrigues Resende
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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