segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Crise Financeira

Nos últimos dias muito se tem falado sobre a crise financeira que se abateu sobre os EUA e que parece estar a “infectar” os mercados mundiais.
A crise parece complexa e deriva de vários factores como o subprime, a falta de regulação, falta de transparência dos mercados proporcionada por gestores muito bem remunerados e que promoveram ”produtos complexos “ que são tão complexos que ninguém os percebe.
O subprime foi criado para conceder crédito barato a quem não dava garantias de poder pagar. O mercado imobiliário retraiu-se e as famílias deixaram de pagar, ficando os bancos com activos de risco de que se tentaram desfazer com alguma criatividade. Eis a conclusão, os bancos cheios de activos, que ninguém sabe ao certo quanto valem, ficaram com falta de liquidez.
A falta de regulação foi um dos principais problemas, não foi uma falha de regulação, mas sim uma falta de regulação.
Como diz Pedro Santos Guerreiro “ já há experiência suficiente para ver que há reguladores a precisar de meios, leis a precisar de pena, investigadores a precisar de ajuda, juízes e governantes a precisar de ir a faculdade de economia”.
A suposta solução consiste num plano da administração Buch na injecção de liquidez no mercado fazendo com que sejam retirados do balanço dos bancos os “activos tóxicos”, através do endividamento do Estado Americano até 700 000 mil milhões de dólares.
Um dos problemas do plano é não explicitar como é suposto operacionalizar o plano, ou seja, quais as perdas que o plano evita, quais os ganhos e benefícios que potencia, a probabilidade de resolver definitivamente os problema e nem menciona como vai penalizar os infractores (accionistas e gestores) pelos erros cometidos. O que parece é termos a palavra daqueles que mais têm a ganhar com o plano (reguladores, gestores e poder executivo) de que é urgente e necessário que o plano seja aprovado. De certa forma é natural que se aja com brevidade que a crise é grave e os mercados tem que estabilizar, mas é preciso uma actuação firme e ponderar os custos de tal intervenção. Caso contrário a curto médio prazo podemos estar com uma sensação de déjà vu com desfechos ainda mais tenebrosos.
Os mercados europeus também tem sofrido com esta crise devido à falta de transparência dos mercados, ou seja, uma empresa como a Lehman Brothers, considerada uma instituição com estatuto no mercado e com uma durabilidade assinalável (cerca de 150 anos de existência), prestou informações falsas ao mercado de capitais fazendo acreditar aos investidores que a empresa estava bem.
As iniciativas por parte dos governantes europeus têm sido a injecção de grandes quantidades de dinheiro e de algumas nacionalizações nomeadamente em Inglaterra, o banco Bradford & Bingley.
Em Portugal a ideia parece ser de que os bancos estão pouco expostos à crise, muito devido ao reduzido investimento efectuado para o estrangeiro por parte das instituições bancárias nacionais. No entanto, outro perigo se aproxima para os países europeus, como disse Trichet “a economia está a arrefecer”.

Joaquim Pinto

Joaquim.pintosotmail.com

(artigo de opinião)

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