A escalada do preço do pretóleo e as cada vez maiores preocupações ambientais fizeram as energias renováveis passar da simples discussão para a realidade. Entre essas energias renováveis encontram-se os biocombustíveis. Estes têm sido apontados como uma fonte de energia alternativa, nomeadamente para o sector dos transportes, grande emissor de gases poluentes e grande consumidor de derivados do petróleo. No caso especifico de Portugal, altamente dependente do exterior nesta matéria, o saldo importador de petróleo e refinados ascende a 3% do PIB. Este facto ilustra bem a necessidade de encontrar uma alternativa.
A OCDE, no seu relatório de “Avaliação económica das politicas de apoio aos biocombustiveis”, publicado em 2008, refere que em 2006, os EUA, a U.E. e o Canadá atribuíram um total de 6,9 mil milhões de euros de subsídios à produção de etanol e biodiesel, valor este que, estima-se, possa ascender a 15 mil milhões entre 2013e 2017.
É notório que existe uma forte aposta neste tipo de combustíveis em alternativa aos combustíveis “convencionais”.
Mas o uso dos biocombustiveis como alternativa não é matéria consensual e tem sido alvo de discussão.
A OCDE apresenta algumas reservas nesta matéria que assentam em 2 pontos: o primeiro prende-se com os custos. O custo da produção deste combustível é superior aos gastos equivalentes da compra de carbono no mercado internacional. O segundo ponto tem a ver com questões ambientais. Dependendo da sua origem, os biocombustíveis podem ser mais ou menos “amigos” do ambiente. O etanol brasileiro é o único biocombustivel que reduz em 80% as emissões de CO2 para a atmosfera. Já o etanol produzido a partir do milho tem reduções dos níveis de emissão de CO2 abaixo dos 30%. Este facto leva a OCDE a ter algumas reservas quanto ao impacto real no ambiente do uso deste tipo de combustível. Várias organizações ambientalistas também já advertiram que a "corrida do ouro" dos biocombustíveis poderá provocar mais danos ao ambiente do que os combustíveis fósseis.
Para além destas questões, existe ainda a discussão lançada pela ONU e pelo Banco Mundial: a procura crescente de matérias-primas para a produção de biocombustíveis, como o açúcar e o milho, que estão na base alimentar de populações de países pobres, fez aumentar o seu preço agravando ainda mais a situação de pobreza destas populações. Existe, no entanto, quem defenda que o peso dos biocombustiveis no aumento do preço das matérias-primas está sobrevalorizado, argumentando que este aumento de preços se deve á crescente procura das economias emergentes como China e Índia.
No entanto, é notório que o uso dos biocombustiveis não é consensual. O conselho científico da Agência Europeia para o Ambiente referiu recentemente que “existem efeitos difíceis de prever e controlar”, aconselhando à União Europeia moderação no investimento nestes combustíveis.
A discussão em torno desta fonte de energia alternativa vai continuar. É necessário ponderar bem os custos e os benefícios do uso destes biocombustíveis. Não podemos cair no erro de, na ânsia de encontrar uma solução para o uso dos combustíveis fósseis, preocupados com as emissões de CO2 que afectam o ambiente, e com a escassez e elevado preço do pretóleo, estarmos a destruir o ambiente por outra via e estarmos a agravar a situação de países já pobres. Apesar de não existir consenso nesta matéria, existe consenso num ponto: é necessária uma alternativa ao uso dos combustíveis fósseis, quer por razões económicas, quer por razões ambientais.
Cristiano César Vieira Lopes
cristiano.v.lopes@gmail.com
A OCDE, no seu relatório de “Avaliação económica das politicas de apoio aos biocombustiveis”, publicado em 2008, refere que em 2006, os EUA, a U.E. e o Canadá atribuíram um total de 6,9 mil milhões de euros de subsídios à produção de etanol e biodiesel, valor este que, estima-se, possa ascender a 15 mil milhões entre 2013e 2017.
É notório que existe uma forte aposta neste tipo de combustíveis em alternativa aos combustíveis “convencionais”.
Mas o uso dos biocombustiveis como alternativa não é matéria consensual e tem sido alvo de discussão.
A OCDE apresenta algumas reservas nesta matéria que assentam em 2 pontos: o primeiro prende-se com os custos. O custo da produção deste combustível é superior aos gastos equivalentes da compra de carbono no mercado internacional. O segundo ponto tem a ver com questões ambientais. Dependendo da sua origem, os biocombustíveis podem ser mais ou menos “amigos” do ambiente. O etanol brasileiro é o único biocombustivel que reduz em 80% as emissões de CO2 para a atmosfera. Já o etanol produzido a partir do milho tem reduções dos níveis de emissão de CO2 abaixo dos 30%. Este facto leva a OCDE a ter algumas reservas quanto ao impacto real no ambiente do uso deste tipo de combustível. Várias organizações ambientalistas também já advertiram que a "corrida do ouro" dos biocombustíveis poderá provocar mais danos ao ambiente do que os combustíveis fósseis.
Para além destas questões, existe ainda a discussão lançada pela ONU e pelo Banco Mundial: a procura crescente de matérias-primas para a produção de biocombustíveis, como o açúcar e o milho, que estão na base alimentar de populações de países pobres, fez aumentar o seu preço agravando ainda mais a situação de pobreza destas populações. Existe, no entanto, quem defenda que o peso dos biocombustiveis no aumento do preço das matérias-primas está sobrevalorizado, argumentando que este aumento de preços se deve á crescente procura das economias emergentes como China e Índia.
No entanto, é notório que o uso dos biocombustiveis não é consensual. O conselho científico da Agência Europeia para o Ambiente referiu recentemente que “existem efeitos difíceis de prever e controlar”, aconselhando à União Europeia moderação no investimento nestes combustíveis.
A discussão em torno desta fonte de energia alternativa vai continuar. É necessário ponderar bem os custos e os benefícios do uso destes biocombustíveis. Não podemos cair no erro de, na ânsia de encontrar uma solução para o uso dos combustíveis fósseis, preocupados com as emissões de CO2 que afectam o ambiente, e com a escassez e elevado preço do pretóleo, estarmos a destruir o ambiente por outra via e estarmos a agravar a situação de países já pobres. Apesar de não existir consenso nesta matéria, existe consenso num ponto: é necessária uma alternativa ao uso dos combustíveis fósseis, quer por razões económicas, quer por razões ambientais.
Cristiano César Vieira Lopes
cristiano.v.lopes@gmail.com
(artigo de opinião)
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