A crise financeira que neste momento o Mundo atravessa a um nível global iniciou-se nos Estados Unidos com a crise do subprime. Na verdade, esta tem-se revelado uma das mais graves crises dos últimos anos a ocorrer no sistema financeiro mundial.
As consequências desta crise à escala global não podem nem devem ser ignoradas. A causa desta situação todos conhecemos e sabemos que se deveu ao crédito hipotecário e de consumo de alto risco nos Estados Unidos, motivado pela quebra do valor dos imóveis que serviam de garantia a essas mesmas hipotecas. Esse valor foi ainda inflacionado pelo fácil acesso aos créditos e os baixos custos dos empréstimos.
Uma vez iniciada verificou-se logo um abrandamento no ritmo de crescimento das economias dos Estados Unidos e, consequentemente, da economia da zona euro, assim como uma deterioração inevitável dos indicadores de confiança.
Na verdade, a ameaça constante dos efeitos da crise podem ser vistas na série de falências que todos os dias são notícia no nosso país, e o seu efeito é perceptível nos impulsionadores da economia portuguesa, sendo eles: as exportações (num contexto mais actual) e o consumo privado e o investimento (numa perspectiva futura).
Desta forma, é-nos fácil compreender actualmente em que medida as exportações são afectadas por esta situação e, para isso, basta-nos pensar nos máximos históricos atingidos pelo euro e o abrandamento dos principais mercados para os quais o mercado português exporta, sendo entre eles os mercados da Espanha, EUA e Alemanha, países esses que tais como nós se encontram em turbulência financeira, o que poderá ser prejudicial para nós, uma vez que poderá existir um certo risco de contágio. Esse risco de contágio da crise de liquidez é mais acentuado nos estados-membros onde o endividamento dos estados agregados se encontra num nível relativamente elevado e onde os empréstimos são substancialmente baseados em taxas de juros variáveis, elementos estes que em Portugal se destacam pela negativa. Além do mais, este risco pode ainda aumentar devido a falta de transparência nos instrumentos do sector financeiro e a crescente integração, levando à falência de activos de alto risco em toda a União Europeia, com especial enfoque nas economias mais abertas, onde podemos localizar a economia Portuguesa.
O consumo privado e o investimento estão também em risco, uma vez que com a actual situação financeira, os bancos portugueses estão mais cuidadosos com a atribuição de créditos, o que poderá resultar em perdas de investimentos sobretudo nas pequenas e médias empresas - PME (que constituem grande parte da indústrias portuguesas), mas também uma desaceleração do consumo privado. Além do mais, as sucessivas falências que se tem verificado nos bancos e a necessidade de serem nacionalizados para uma melhor preservação e estabilização do sistema leva a que estas instituições financeiras sejam mais desconfiadas em relação à concessão de créditos, mesmo entre eles, o que por sua vez, encarece o custo do dinheiro. Isto faz com que os prémios de risco aumentem, aumentando as taxas de juro. No caso concreto de Portugal isto faz com que o recurso ao crédito seja mais complicado e o facto do dinheiro ficar mais caro tem como consequência a diminuição do investimento privado e, desta forma dificulta o crescimento económico levando a menores níveis de emprego e salários.
Para concluir, e segundo o FMI, esta crise ainda não tem um fim á vista e esta poderá ter consequências muito significativas. No entanto, devemos aprender com ela principalmente para os sectores privados, mas também nos domínios da regulação e da supervisão.
Bruna Isabel Dias da Silva
brunisah@hotmail.com
As consequências desta crise à escala global não podem nem devem ser ignoradas. A causa desta situação todos conhecemos e sabemos que se deveu ao crédito hipotecário e de consumo de alto risco nos Estados Unidos, motivado pela quebra do valor dos imóveis que serviam de garantia a essas mesmas hipotecas. Esse valor foi ainda inflacionado pelo fácil acesso aos créditos e os baixos custos dos empréstimos.
Uma vez iniciada verificou-se logo um abrandamento no ritmo de crescimento das economias dos Estados Unidos e, consequentemente, da economia da zona euro, assim como uma deterioração inevitável dos indicadores de confiança.
Na verdade, a ameaça constante dos efeitos da crise podem ser vistas na série de falências que todos os dias são notícia no nosso país, e o seu efeito é perceptível nos impulsionadores da economia portuguesa, sendo eles: as exportações (num contexto mais actual) e o consumo privado e o investimento (numa perspectiva futura).
Desta forma, é-nos fácil compreender actualmente em que medida as exportações são afectadas por esta situação e, para isso, basta-nos pensar nos máximos históricos atingidos pelo euro e o abrandamento dos principais mercados para os quais o mercado português exporta, sendo entre eles os mercados da Espanha, EUA e Alemanha, países esses que tais como nós se encontram em turbulência financeira, o que poderá ser prejudicial para nós, uma vez que poderá existir um certo risco de contágio. Esse risco de contágio da crise de liquidez é mais acentuado nos estados-membros onde o endividamento dos estados agregados se encontra num nível relativamente elevado e onde os empréstimos são substancialmente baseados em taxas de juros variáveis, elementos estes que em Portugal se destacam pela negativa. Além do mais, este risco pode ainda aumentar devido a falta de transparência nos instrumentos do sector financeiro e a crescente integração, levando à falência de activos de alto risco em toda a União Europeia, com especial enfoque nas economias mais abertas, onde podemos localizar a economia Portuguesa.
O consumo privado e o investimento estão também em risco, uma vez que com a actual situação financeira, os bancos portugueses estão mais cuidadosos com a atribuição de créditos, o que poderá resultar em perdas de investimentos sobretudo nas pequenas e médias empresas - PME (que constituem grande parte da indústrias portuguesas), mas também uma desaceleração do consumo privado. Além do mais, as sucessivas falências que se tem verificado nos bancos e a necessidade de serem nacionalizados para uma melhor preservação e estabilização do sistema leva a que estas instituições financeiras sejam mais desconfiadas em relação à concessão de créditos, mesmo entre eles, o que por sua vez, encarece o custo do dinheiro. Isto faz com que os prémios de risco aumentem, aumentando as taxas de juro. No caso concreto de Portugal isto faz com que o recurso ao crédito seja mais complicado e o facto do dinheiro ficar mais caro tem como consequência a diminuição do investimento privado e, desta forma dificulta o crescimento económico levando a menores níveis de emprego e salários.
Para concluir, e segundo o FMI, esta crise ainda não tem um fim á vista e esta poderá ter consequências muito significativas. No entanto, devemos aprender com ela principalmente para os sectores privados, mas também nos domínios da regulação e da supervisão.
Bruna Isabel Dias da Silva
brunisah@hotmail.com
(artigo de opinião)
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