domingo, 12 de outubro de 2008

Prejuízos e nacionalizações marcam crise financeira na Europa

Prejuízos de bilhões de dólares e necessidade de intervenção governamental para evitar quebras em serie de instituições financeiras, são os efeitos da actual crise financeira entre bancos europeus. Crise essa que teve origem no mercado imobiliário dos EUA.
O director do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, reconheceu que as medidas tomadas pelos governos e bancos centrais só funcionarão depois de estar estabelecida a confiança nos mercados financeiros.
Entretanto, os bancos continuam a sofrer os efeitos da crise. Os EUA aprovaram um controverso plano de resgate dos bancos, que mandata o Estado a adquirir crédito no valor de 700 mil milhões de dólares. Na Europa, a Alemanha salvou o Hypo Real Estate que em parceria com outros bancos privados, fecharam um pacote de 50 bilhões de euros. Além disso, a chanceler alemã, Angela Merkel, sinalizou com uma garantia do governo a todos os depósitos bancários do país que chegam a 568 bilhões de euros.
França e Irlanda encontram-se perto de uma crise económica. Segundo o Insee (Instituto de Estatística da França), o PIB terá uma queda de 0,1% no terceiro e quarto trimestres, depois de ter retrocedido 0,3% no segundo trimestre. A Irlanda já detém o título do primeiro país a entrar em recessão na zona euro: o PIB no segundo trimestre deste ano teve uma contracção de 0,5%, depois de uma contracção de 0,3% no primeiro. O banco central irlandês já previu que a recessão no país deve durar dois anos, e por isso o governo irá garantir todos os depósitos bancários dos seis grandes bancos nacionais.
Um dos primeiros e mais atingidos pela crise foi o banco suíço UBS, que teve no segundo trimestre deste ano um prejuízo de 328,45 milhões de dólares, ligado ao sector de créditos “subprime”.
O Reino Unido salvou quatro bancos e lançou um plano que prevê a entrada no capital dos bancos ingleses num valor ate 65 mil milhões de euros, e libertou fundos ate 570 mil milhões de euros. O governo britânico já anunciou um pacote de investimento e corte de impostos para estimular o mercado imobiliário. Os preços dos imóveis caíram cerca de 10,5% segundo a Nationwide Building Society. Segundo a OCDE, a economia do Reino Unido deve registar contracções de 0,3% e 0,4% nos dois últimos trimestres de 2008, o que significa que mais uma das grandes economias mundiais entrava em recessão.
Bélgica, França e Luxemburgo uniram-se para salvar o banco franco-belga Dexia, com uma injecção de 9,2 bilhões de dólares, e de 18 bilhões de dólares para o grupo bancário e de seguros belga-holandês Fortis, nacionalizando parte do grupo. A Islândia nacionalizou todo o sistema bancário. Em Portugal, as quedas dos valores dos bancos estão a fragiliza-los e a CGD emprestou 200 milhões de euros ao BPN.
A raiz dos problemas europeus tem em comum com a dos americanos as ligações com o mercado imobiliário.
A OCDE espera um crescimento de 1,3% para a zona euro neste ano, contra 1,7% na projecção anterior. A economia contraiu-se 0,2% no segundo trimestre de 2008 em comparação aos primeiros três meses deste ano.
Em Washington, no final de um encontro entre líderes das sete maiores economias mundiais (G7) foi emitido um comunicado onde, mais uma vez, se assegura que tudo será feito para garantir a estabilidade dos mercados.
No entanto, nem as baixas nas taxas de juro, nem as operações maciças de apoio aos bancos com fundos públicos, nem as garantias dos depósitos pelos governos e nem os apelos à calma dos grandes banqueiros internacionais têm conseguido travar o pânico.

Fátima Isabel de Abreu Carqueijó
fatima_lkt@hotmail.com

(artigo de opinião)

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