sábado, 4 de outubro de 2008

Do Sonho Americano ao Pesadelo Mundial!

O tema da actualidade não podia ser outro senão a crise financeira que começou nos E.U.A., mas que rapidamente se alastrou a todo o mundo; passou a ser uma crise a nível mundial. Mas, como surgiu realmente esta crise?
A crise deve-se ao crédito “subprime” (crédito com muitos riscos associados) americano. Os bancos americanos, apesar de conhecerem os riscos, concederam empréstimos a famílias de parcos rendimentos aceitando como garantia as suas casas. Inicialmente, apesar do factor risco ser muito grande o retorno era bastante favorável devido aos elevados “spreads” praticados pelas instituições de crédito.
Com a subida dos juros, a partir de 2004, as prestações iniciaram suavemente um processo de ascensão, sendo no ano de 2007 que a situação se agravou mais, as famílias começaram a deixar de cumprir o pagamento das prestações. Os bancos iniciaram o processo de hipoteca, a oferta começara a superar a procura o que conduziu a queda do valor das habitações. Surgiu por conseguinte a tão conhecida crise do sector imobiliário.
Porém esta crise imobiliária transformou-se numa crise financeira mundial. E porquê? Porque os títulos/instrumentos financeiros vendidos pelos bancos americanos tinham incorporado os elevados riscos relativos aos créditos, disfarçados sobre a forma de “rating” elevado, isto é, sobre um produto criavam-se outros tantos, camuflando, assim, o elevado risco. Desta forma a crise conseguiu chegar muito rapidamente a todas as economias mundiais, desencadeando uma sucessão de acontecimentos que todos os dias podemos testemunhar, através dos meios de comunicação social. A nacionalização, fusão e até mesmo falências de muitos bancos americanos e europeus deixaram de surpreender. De entre os mais conhecidos estão o Lehman Brothers (com mais de um século de existência), Fannie Mae e Freddie Mac (ambos gigantes hipotecários), nos E.U.A., Northern Rock e Fortis, na Europa. Também as economias asiáticas sentem na pele os efeitos desta crise; com as suas bolsas de valores a registaram fortes quedas.
O sistema financeiro mundial foi, portanto completamente arrasado por alguns especuladores “sem escrúpulos” que puseram em prática um “capitalismo selvático” e que não olharam a meios e muito menos tiveram em conta as consequências que os seus actos poderiam provocar!
A intenção de gerar ganhos através de produtos financeiros não sustentáveis, ou sustentados em activos de muito elevado risco foi arriscada e teve grandes e graves consequências. Um dos principais actores deste filme, eram as famílias americanas, de baixos rendimentos, que carregavam consigo o famoso “sonho americano” tinham apenas um único e elementar objectivo: serem proprietários da sua própria casa; no final de tudo acabaram sem nada. Inconsequentemente provocaram uma perigosa situação de incerteza, desconfiança e quebra no sistema financeira de todo o mundo. Do outro lado estão os capitalistas especuladores, engenheiros financeiros, que para responder às exigências cada vez mais fortes dos mercados não pouparam a imaginação e não tiveram qualquer problema em basear os seus produtos em teias bambas; criando, estes sim, deliberadamente um cenário de insegurança.
Apesar de, hoje, serem muitas as vozes que se levantam e afirmam que era de se esperar, mais tarde ou mais cedo, o desmoronamento de todo este frágil castelo de cartas. Foram muito poucos, ou quase ninguém, aqueles que efectivamente previram esta situação a ponto de ter sido atenuada ou controlada atempadamente.
O sonho de alguns tornou-se, infelizmente, no pesadelo de muitos…!

Bruna Dias
brunadias06esp@sapo.pt
(artigo de opinião)

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