domingo, 5 de outubro de 2008

Estarão as nossas poupanças a salvo?

O mundo encontra-se num estado negro de maior crise financeira do início do século XXI. Esta crise teve origem principalmente no crédito hipotecário, gerada pelo capital financeiro e especulativo devido ao forte sobreendividamento das famílias norte-americanas.
O sistema financeiro assume um papel fundamental nas economias pois remunera as poupanças canalizando-as para financiamento do risco, sem, contudo prejudicar aqueles que poupam. Devido à grande interdependência, este sector é muito vulnerável e de fácil irradiação. Por esta razão, nos finais do mês de Setembro, o mundo esteve de olhos postos em Washington, onde se tentava aprovar o plano se salvamento dos EUA – o Plano Paulson. Numa primeira fase, este plano foi inesperadamente chumbado e logo se assistiu a uma derrocada generalizada nas bolsas. Lisboa está entre estas praças financeiras onde o índice PSI-20 desvalorizou 39,8%.
De facto estamos a viver a maior crise financeira desde a Grande Depressão de 1930. E a crise já se tornou global, tal como seria de esperar.
Por cá, a crise financeira começa a fazer os seus estragos. O projecto de obras públicas lançado pelo Governo desespera para conseguir um financiamento junto da banca, que neste momento se encontra parada devido à falta de liquidez.
E este facto, de a banca se encontrar sem liquidez põe, de alguma forma em causa as poupanças das famílias portuguesas?
O Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos afirmou que “para que este plano [Paulson] seja eficaz é preciso ter a confiança de volta aos mercados financeiros", e que “o sistema financeiro português tem-se mostrado suficientemente robusto para resistir a esta crise. Em Portugal, as nossas instituições financeiras têm-se mostrado resistentes a esta situação e não vejo razões para não considerar que as nossas instituições sejam capazes de atravessar esta situação, e espero que a situação possa desanuviar-se a pouco e pouco e a normalidade volte aos mercados financeiros".
Mas tal como disse Carlos Tavares, presidente da CMVM, “não se pode dizer que haja um país imune. Numa economia global há sempre contágio”. Como tal, temos de estar atentos e preocupados com os contornos que esta crise poderá tomar.

Andreia Amorim
andreia.egamorim@gmail.com

(artigo de opinião)

2 comentários:

Anónimo disse...

A resposta à pergunta reproduzida no título foi recentemente abordada pela revista Economist que procurou responder à mesma numa perspectiva mais global. No artigo "Don't Bank On It" abordam superficialmente o que se passa em alguns países, chamando a atenção, nomeadamente: para o reforço significativo e muito recente dos montantes de depósitos garantidos na Irlanda (o seguro por depositante em cada banco passou de 20.000€ para 100.000€) e para a corrida aos bancos em Hong Kong à conta da escassa protecção aí existente (menos de 10.000€).

Note-se, todavia, que enquanto outros países chegam a garantir 100.000€, nós por cá ficamo-nos apenas pelos 25.000€, como podemos constatar na página do Fundo de Garantia de Depósitos.


Ana Sofia Silva
ana_sil88@hotmail.com

Anónimo disse...

O Plano Poulson será um presente envenenado para todos os contribuintes americanos, daí eu não ser da opinião de que ele foi "inesperadamente chumbado", mas sim felizmente chumbado. Mesmo assim, pouco tempo depois, acabaria por ser aprovado (de relembrar os constantes discursos de George Bush, quase que "obrigando" o plano a ser aprovado). Este plano, na verdadeira ascensão da palavra, viola um princípio do conceito de Capitalismo, ou seja, quem quer que fique com os proveitos também terá que acarretar com as perdas. Esta velha máxima será a base de toda a crítica ao Plano Poulson, nomeadamente porque a maioria (contribuintes), através do dinheiro que descontam para o Estado, irão socorrer a minoria. Ora, se quando as instituições (AIG, Bear Sterns, ...) tinham lucros não os repartiam por todos os contribuintes e ficavam com eles, não me parece sensato repartir os prejuízos por quem não teve "culpa no cartório". De referir que, o plano será posto em prática com dinheiro dos contribuintes, que daria para muitos outros fins sociais. Tal como Alan Greenspan disse, eu também sou apologista de que as crises servem para ver quais as instituições fortes e quais as instituições frágeis, e sendo elas frágeis, e incapazes de resistir aos problemas, devem desaparecer do mercado.

Luís Couto
Luís_couto_6@hotmail.com