A maior parte das notícias sobre os tumultos na Grécia fala apenas disso, da violência, ligando-o ao bairro de Exarchia, conhecido pelas suas histórias anarquistas. É também onde está a sede do Pasok, o Partido Socialista que regressou ao poder através de Papandreou. A morte do jovem de 15 anos por tiros da polícia desencadeou todos os problemas. É o terceiro dia de destruição em Atenas, que começa a alastrar-se a outras cidades. É uma fúria selvagem, sem cor política e os tumultos na Grécia são a primeira reacção violenta que se verifica no Ocidente à crise económico-financeira e às medidas restritivas adoptadas por vários governos.
O Primeiro-Ministro da Grécia, Papandreou, numa conferência de imprensa em Bruxelas no passado dia 11 de Dezembro, excluiu a hipótese de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para resolver o gravíssimo problema financeiro do seu país, cujo défice foi avaliado para 2009 nos 12,7% do PIB e irá descer nos próximos anos para 9,1%.
Tendo rejeitado que a Grécia esteja em falência iminente, disse, no entanto, que o maior problema do seu país é a corrupção sistémica no sector público.
Face às dificuldades de financiamento, visto que não existe um mecanismo que permita à União Europeia ajudar um país da zona euro em dificuldade financeira, serão, alemães, franceses e ingleses os “parceiros” da Europa que terão que socorrer o povo helénico. Grandezas e misérias da União Europeia.
Serão precisas medidas dolorosas e um novo acordo social. Entre estas medidas estão o congelamento de parte dos salários da função pública, o corte de 10 por cento na despesa social, o limite de novas contratações no Estado, o fecho de um terço dos gabinetes de turismo da Grécia no estrangeiro e o ataque à fraude fiscal, com mais impostos sobre as empresas com off-shores e nova legislação anticorrupção.
Houve, contudo, a preocupação de excluir os escalões de menor rendimento das medidas de austeridade e mostrar que os mais ricos também são afectados. O Governo prometeu aumentos acima da inflação para os funcionários públicos com salários mais baixos e anunciou a imposição de uma taxa de tributação de 90 por cento sobre o bónus distribuído pelo sector bancário.•
O objectivo final é colocar o défice abaixo de 3 por cento até 2013 e começar a reduzir a dívida a partir de 2012.
Recorde-se que a situação orçamental da Grécia foi castigada esta semana por duas agências de notação financeira que desceram o rating das contas públicas do país.
Podemos ter o primeiro país da UE a 15 a registar um default no pagamento da dívida desde a Alemanha em 1948, para ilustrar os riscos que atravessa agora um país, que alguns já vaticinam pode vir a tornar-se, num futuro não muito distante, no primeiro a abandonar a zona euro.
O ministro das Finanças grego tentou tranquilizar os mercados garantindo que "não há absolutamente risco nenhum" de a Grécia falhar os seus compromissos de amortização da dívida. E traçou um plano positivo para o futuro: "À medida que se tornar claro que os défices estão a descer, que a despesa está controlada e que as receitas fiscais estão a subir, a confiança vai regressar e não haverá qualquer problema em obter financiamento no mercado".
Desde que Portugal e Grécia aderiram à UE é inevitável a constante comparação, assim sendo podemos, nesta altura, afirmar que a Grécia é a “irmã pobre da Europa”. Portugal apesar de não ter um comportamento exemplar, até parece um aluno aplicado na enorme turma Europeia, comparando com a “rebelde” parceira Grega.
O panorama mundial não é animador e há que evitar a todo o custo que Portugal seja a próxima Grécia.
Desta forma as grandes obras públicas, centradas apenas em algumas cidades, que têm sido estruturadas há alguns anos devem ser criticadas visto que não estamos a estimular a procura interna com estes projectos. Em alternativa deveriam existir pequenos e muitos projectos que, uma vez concluídos, não teriam custos de exploração, como os das autarquias.
Assim sendo é crucial que se aprenda com os erros, de modo a que o nosso futuro não se assemelhe ao presente Grego, mas isso vai depender das medidas que tomarmos durante o final de 2009.
Emanuel Meira Rego
O Primeiro-Ministro da Grécia, Papandreou, numa conferência de imprensa em Bruxelas no passado dia 11 de Dezembro, excluiu a hipótese de recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para resolver o gravíssimo problema financeiro do seu país, cujo défice foi avaliado para 2009 nos 12,7% do PIB e irá descer nos próximos anos para 9,1%.
Tendo rejeitado que a Grécia esteja em falência iminente, disse, no entanto, que o maior problema do seu país é a corrupção sistémica no sector público.
Face às dificuldades de financiamento, visto que não existe um mecanismo que permita à União Europeia ajudar um país da zona euro em dificuldade financeira, serão, alemães, franceses e ingleses os “parceiros” da Europa que terão que socorrer o povo helénico. Grandezas e misérias da União Europeia.
Serão precisas medidas dolorosas e um novo acordo social. Entre estas medidas estão o congelamento de parte dos salários da função pública, o corte de 10 por cento na despesa social, o limite de novas contratações no Estado, o fecho de um terço dos gabinetes de turismo da Grécia no estrangeiro e o ataque à fraude fiscal, com mais impostos sobre as empresas com off-shores e nova legislação anticorrupção.
Houve, contudo, a preocupação de excluir os escalões de menor rendimento das medidas de austeridade e mostrar que os mais ricos também são afectados. O Governo prometeu aumentos acima da inflação para os funcionários públicos com salários mais baixos e anunciou a imposição de uma taxa de tributação de 90 por cento sobre o bónus distribuído pelo sector bancário.•
O objectivo final é colocar o défice abaixo de 3 por cento até 2013 e começar a reduzir a dívida a partir de 2012.
Recorde-se que a situação orçamental da Grécia foi castigada esta semana por duas agências de notação financeira que desceram o rating das contas públicas do país.
Podemos ter o primeiro país da UE a 15 a registar um default no pagamento da dívida desde a Alemanha em 1948, para ilustrar os riscos que atravessa agora um país, que alguns já vaticinam pode vir a tornar-se, num futuro não muito distante, no primeiro a abandonar a zona euro.
O ministro das Finanças grego tentou tranquilizar os mercados garantindo que "não há absolutamente risco nenhum" de a Grécia falhar os seus compromissos de amortização da dívida. E traçou um plano positivo para o futuro: "À medida que se tornar claro que os défices estão a descer, que a despesa está controlada e que as receitas fiscais estão a subir, a confiança vai regressar e não haverá qualquer problema em obter financiamento no mercado".
Desde que Portugal e Grécia aderiram à UE é inevitável a constante comparação, assim sendo podemos, nesta altura, afirmar que a Grécia é a “irmã pobre da Europa”. Portugal apesar de não ter um comportamento exemplar, até parece um aluno aplicado na enorme turma Europeia, comparando com a “rebelde” parceira Grega.
O panorama mundial não é animador e há que evitar a todo o custo que Portugal seja a próxima Grécia.
Desta forma as grandes obras públicas, centradas apenas em algumas cidades, que têm sido estruturadas há alguns anos devem ser criticadas visto que não estamos a estimular a procura interna com estes projectos. Em alternativa deveriam existir pequenos e muitos projectos que, uma vez concluídos, não teriam custos de exploração, como os das autarquias.
Assim sendo é crucial que se aprenda com os erros, de modo a que o nosso futuro não se assemelhe ao presente Grego, mas isso vai depender das medidas que tomarmos durante o final de 2009.
Emanuel Meira Rego
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
1 comentário:
Caro Emanuel,
Em primeiro lugar gostaria de frisar que duas das principais causas para a grave situação das contas públicas gregas foram a realização dos Jogos Olímpicos em 2004 e a construção do novo aeroporto de Atenas, penso que nos poderá por a pensar em termos de investimento público.
Quanto à solução que menciona acerca da eventual saída da Grécia da Zona Euro parece-me pouco provável, já que uma medida desse tipo iria tornar muito mais dolorosa a saída da Grécia da recessão económica. Uma vez que iria implicar uma reconversão da dívida do estado em Dracmas, o que legalmente é bastante difícil. Por outro lado, a desvalorização do Dracma iria trazer níveis de inflação demasiado altos, o que iria estrangular ainda mais a já débil economia grega.
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