A economia portuguesa volta a dar sinais de melhoras. Indicadores do Banco de Portugal mostram que a actividade económica nacional continuou a recuperar em Setembro. Os indicadores mostram um aumento do consumo privado e uma melhoria da confiança dos consumidores, acompanhados por um abrandamento da queda da actividade económica.
O indicador coincidente da actividade mensal registou, em Setembro, uma variação homóloga negativa de 0,5%, representando assim uma recuperação face aos meses anteriores. É de salientar que este já é o quinto mês consecutivo em que se registam melhorias neste indicador, que apesar de ainda se encontrar em valores negativos, tem evoluído gradualmente para valores positivos.
O indicador coincidente do consumo privado subiu para dois pontos em Setembro, quando em Agosto estava em 1,0, continuando assim numa trajectória ascendente que teve início em Maio, após mínimos de -1,3 em Março e Abril. O consumo privado é o principal motor da economia, e em Portugal vale dois terços da criação de riqueza. Não é de admirar que esta subida seja uma boa notícia. Mas a crise, devido á economia portuguesa ter gasto mais do que devia, levou a que se pedisse aos portugueses para pouparem. Logo, há aqui uma certa contrariedade entre poupança e consumo. O que levou Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal, a afirmar em Julho deste ano "Se a poupança aumentar [até 2010] mais do que se espera [a situação económica] pode ser pior", acrescentando que "Há uma grande incerteza quanto ao andamento do consumo". Com isto podemos pensar que o ambicionado seria que o consumo aumentasse moderadamente, sem ultrapassar as possibilidades do rendimento disponível, o que faria com que a poupança não fosse acentuada, dando possibilidade á recuperação da economia.
O indicador de confiança dos consumidores mostra por seu lado a melhoria mais débil. Passou de -31 em Agosto para -30 pontos percentuais em Setembro, mas está em subidas há sete meses consecutivos. Não esquecer o valor muito baixo, o mínimo deste ano, em Fevereiro, de -53. E superou também a média de 2008, ano em que no último trimestre já se sentia a crise internacional. Está também muito próximo do valor de -29 relativo a 2007. Esta melhoria deve ser produto do comportamento positivo demonstrado nas repostas sobre as perspectivas da situação económica do país e do agregado familiar e também devido ao menor pessimismo sobre a evolução do desemprego nos próximos meses.
Tal como o indicador de consumo, o indicador coincidente mensal de actividade económica continuou também a trajectória de subida, mas permanece ainda em terreno negativo. O indicador de actividade económica, negativo desde o terceiro trimestre de 2008, depois de mínimos de -3,0 em Março e Abril, estava no mês passado, Setembro, em -0,5. Estava ainda longe do valor de 2007 (2,0), mas próximo da média do ano passado (-0,4).
Apesar das melhorias nos indicadores, nada de ilusões, pois o ambiente continua a ser de incerteza, e toda a calma e prudência é necessária. Por um lado, é de salientar que os indicadores caracterizam a variação face ao mês de Setembro de 2008, altura em que a crise económica desvendou a sua verdadeira face. É, por isso, natural que se registem melhorias significativas. Por outro lado, os indicadores de conjuntura do BdP mostram que, apesar do caminho percorrido em sentido positivo, a economia portuguesa tem ainda um extenso caminho a percorrer até à recuperação. Exemplos disso são os dados da construção, que voltaram a piorar, confirmando que o sector foi mesmo um dos mais afectados pela recessão. As vendas de cimento recuaram 14,2% face ao período homólogo, ao passo que o indicador de confiança do sector voltou a cair - regista agora 43 pontos negativos -, depois de ter recuperado muito ligeiramente em Agosto.
Concluindo, estes indicadores do BdP podem ser uma comparação em relação ao ano em que a crise se revelou, mas os valores positivos que apresentam não deixam de ser uma boa noticia por esse facto. Convém ser contido nas expectativas, pois parece me que ainda há um vasto caminho a percorrer para a recuperação económica.
Hugo Oliveira
O indicador coincidente da actividade mensal registou, em Setembro, uma variação homóloga negativa de 0,5%, representando assim uma recuperação face aos meses anteriores. É de salientar que este já é o quinto mês consecutivo em que se registam melhorias neste indicador, que apesar de ainda se encontrar em valores negativos, tem evoluído gradualmente para valores positivos.
O indicador coincidente do consumo privado subiu para dois pontos em Setembro, quando em Agosto estava em 1,0, continuando assim numa trajectória ascendente que teve início em Maio, após mínimos de -1,3 em Março e Abril. O consumo privado é o principal motor da economia, e em Portugal vale dois terços da criação de riqueza. Não é de admirar que esta subida seja uma boa notícia. Mas a crise, devido á economia portuguesa ter gasto mais do que devia, levou a que se pedisse aos portugueses para pouparem. Logo, há aqui uma certa contrariedade entre poupança e consumo. O que levou Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal, a afirmar em Julho deste ano "Se a poupança aumentar [até 2010] mais do que se espera [a situação económica] pode ser pior", acrescentando que "Há uma grande incerteza quanto ao andamento do consumo". Com isto podemos pensar que o ambicionado seria que o consumo aumentasse moderadamente, sem ultrapassar as possibilidades do rendimento disponível, o que faria com que a poupança não fosse acentuada, dando possibilidade á recuperação da economia.
O indicador de confiança dos consumidores mostra por seu lado a melhoria mais débil. Passou de -31 em Agosto para -30 pontos percentuais em Setembro, mas está em subidas há sete meses consecutivos. Não esquecer o valor muito baixo, o mínimo deste ano, em Fevereiro, de -53. E superou também a média de 2008, ano em que no último trimestre já se sentia a crise internacional. Está também muito próximo do valor de -29 relativo a 2007. Esta melhoria deve ser produto do comportamento positivo demonstrado nas repostas sobre as perspectivas da situação económica do país e do agregado familiar e também devido ao menor pessimismo sobre a evolução do desemprego nos próximos meses.
Tal como o indicador de consumo, o indicador coincidente mensal de actividade económica continuou também a trajectória de subida, mas permanece ainda em terreno negativo. O indicador de actividade económica, negativo desde o terceiro trimestre de 2008, depois de mínimos de -3,0 em Março e Abril, estava no mês passado, Setembro, em -0,5. Estava ainda longe do valor de 2007 (2,0), mas próximo da média do ano passado (-0,4).
Apesar das melhorias nos indicadores, nada de ilusões, pois o ambiente continua a ser de incerteza, e toda a calma e prudência é necessária. Por um lado, é de salientar que os indicadores caracterizam a variação face ao mês de Setembro de 2008, altura em que a crise económica desvendou a sua verdadeira face. É, por isso, natural que se registem melhorias significativas. Por outro lado, os indicadores de conjuntura do BdP mostram que, apesar do caminho percorrido em sentido positivo, a economia portuguesa tem ainda um extenso caminho a percorrer até à recuperação. Exemplos disso são os dados da construção, que voltaram a piorar, confirmando que o sector foi mesmo um dos mais afectados pela recessão. As vendas de cimento recuaram 14,2% face ao período homólogo, ao passo que o indicador de confiança do sector voltou a cair - regista agora 43 pontos negativos -, depois de ter recuperado muito ligeiramente em Agosto.
Concluindo, estes indicadores do BdP podem ser uma comparação em relação ao ano em que a crise se revelou, mas os valores positivos que apresentam não deixam de ser uma boa noticia por esse facto. Convém ser contido nas expectativas, pois parece me que ainda há um vasto caminho a percorrer para a recuperação económica.
Hugo Oliveira
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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