quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

“NOME DE CÓDIGO: COPPERFIELD”

Bernard Lawrence Madoff nasceu em 1938, no seio de uma família judia, e é hoje em dia casado com Ruth Madoff. Detido em Dezembro de 2008 e acusado de fraude, foi condenado em Junho do corrente ano a 150 anos de prisão.
Mais um acontecimento de breve referência e rápido esquecimento, em rodapé de telejornal, não fosse o absurdo dos números: 150 anos. É muito para uma fraude comum.
“Bernie” Madoff fundou em 1960 uma sociedade de investimento, com o seu nome, e com essa empresa esteve presente no grupo que impulsionou a criação do NASDAQ. Ele mesmo foi coordenador-chefe do mercado de valores. Madoff conseguiu, através do respeito que ganhou e da posição que ocupava, atrair investidores endinheirados, instituições bancárias e até organizações de caridade para os seus projectos de investimento fantasticamente rentáveis.
O esquema de Madoff era simples, mas engenhoso e aparentemente, eficaz, de certa forma. É de notar que, se a crise internacional não se tivesse agravado tanto, era bem possível esta fraude ainda continuasse, pois foi devido à crise que o fundo de Madoff deixou de ter capacidade de pagar aos investidores. Mas voltando ao esquema de Madoff, este consistia numa pirâmide de Ponzi: os investidores eram atraídos por rentabilidades que atingiam os 1% mensais, ou seja, mais de 10% de retorno anual. Com esse dinheiro pagava-se então aos clientes mais antigos. Este esquema funcionava porque os retornos não eram pagos mensalmente, o dinheiro só era entregue quando o cliente fosse resgatar o seu investimento. E com este simples esquema piramidal, Madoff fez desaparecer, como que por magia, 50000 milhões de euros, o que transforma este crime numa das maiores fraudes financeiras cometidas por uma só pessoa.
Mas como foi possível que este homem conseguisse, durante anos, levar a cabo um esquema tão simples e ao mesmo tempo tão fraudulento e lucrativo? Com certeza que levantou algumas suspeitas, era impossível que tal assim não fosse. Contudo, a posição social e profissional de Madoff aliadas à sua personalidade forte e virada para causas de beneficência, faziam com que o nome “Bernard Madoff” exalasse confiança. Foi assim que ele conseguiu que a sua empresa de assessoria, muito discreta, nunca fosse inspeccionada como era a Bernard L. Madoff Investment Securities, sendo assim responsável por organizar todo o esquema fraudulento.
Contudo, o que mais custa a creditar é como foi possível que as primeiras suspeitas sobre o esquema de Madoff por parte do SEC (Securities Exchange Comission), entidade reguladora e de supervisão nos EUA, tenham ocorrido em 1992 e que por mais cinco vezes este organismo tenha sido alertado para tal facto, sem que daí nenhuma acção resultasse. O próprio fraudulento admitiu que 2006 ficou “admirado” por não ter sido apanhado.
Este escândalo financeiro só vem comprovar que a falta de fiscalização é ainda uma realidade presente a nível internacional e torna-se urgente que algo seja feito. Usando uma expressão popular, a malha tem de ser apertada, visto que o peixe consegue fugir cada vez melhor. No meu ponto de vista, e agora de certa forma estou também a reportar ao caso português pois é a realidade que conheço melhor, penso que um dos factores q impede uma melhor supervisão é a existência de situações em que as leis não são totalmente claras. Este factor, aliado também à imensa burocracia que preenche o nosso dia-a-dia, faz com que seja possível a certas pessoas retirarem benefícios próprios e de certa forma conseguem manipular o sistema. No caso de Madoff vimos que, a partir de um esquema simples, uma pirâmide de Ponzi, 50000 milhões de euros desapareceram de forma tão fácil como David Copperfield fez desaparecer um avião, num número de magia. No fundo, além de ter levado a cabo uma das maiores fraudes de sempre, “Bernie” consegue de certa forma entrar no panorama internacional como um grande ilusionista.

Hugo Pereira

Fontes: Wikipédia, Jornal de Negócios, um artigo do NYTimes
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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