terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O crescimento da economia e os pobres

De há uns anos a esta parte que se tem vindo a notar um fomento do buraco entre indivíduos que recebem salários altos e indivíduos que recebem o salário mínimo, ou subsistem em condições contratuais mais adversas. Assim, a classe dita média tem vindo a desaparecer e ver diminuídas condições para que subsistam em tais condições.A actual conjuntura economia é propícia a condições mais precárias a nível contratual e até mesmo a nível das condições de trabalho, levando por vezes as empresas menos preparadas para reagir a uma situação de falência.
Toda esta situação económica e social tem vindo a fazer emergir novos paradigmas para as empresas e cabe a estas lançar um novo olhar para novas oportunidades de negócio e relançamento da economia.
Contudo, existe um segmento de mercado que não tem vindo a ser considerado como tal a nível histórico mas que pode surgir como um marco importante e um novo olhar sobre todas as questões emergentes. Falamos assim dos pobres.
É importante realçar que os pobres referidos não tratam os mais pobres dos pobres que segundo alguns estudos vivem com menos de 1 dólar por dia. Falamos de indivíduos numa situação de pobreza relativa com rendimentos anuais abaixo dos três mil dólares.
Inversamente ao termo que tem vindo a surgir de “novos-ricos”, a actual situação socioeconómica faz surgir, por sua vez o termo “novos-pobres”. Este termo pode retratar indivíduos que viviam na designada classe média e que por força do desemprego, entre outros, passou a uma situação de pobreza relativa, entre tantos outros exemplos.
Contudo, o poder de compra deste segmento de mercado, considerado como a base da pirâmide social, quando agregado vale biliões. Existe um termo que os designa como “Next Four Bilion”, sendo que quatro mil milhões de consumidores com tais características, juntos, valem cerca de cinco mil milhões de dólares.
Desde já podemos fazer referencia a Philip Kotler, intitulado de o homem dos “4P”, seja “product, price, place, promotion” e com 78 anos é apontado como a maior autoridade mundial do “marketing” e ainda considerada a sexta pessoa com mais influência no mundo dos negócios, pelo “the Wall Street Journal”. Philp Kotler salientou que “o crescimento da economia mundial dependerá da forma como se conseguir transferir o poder de compra para as mãos dos mais pobres, seja desenvolvendo produtos apropriados e baratos, seja promovendo o empreendedorismo”.
Segundo o World Resource Institute, o segmento da clase média conta com 1,4 mil milhões de pessoas com rendimentos per capita anuais entre três mil e vinte mil dólares, representando um segmento urbano já bastante explorado e sugado. Desta forma, novas oportunidades de negócio podem surgir com as pessoas situadas na base da pirâmide, promovendo o desenvolvimento das empresas, da economia e da sociedade em geral.
Podemos reter que as empresas mais audazes iriam criar novas ideias e novos projectos e que este segmento de mercado e o seu valor total não seria um valor representativo para ser analisado e não duraria muito tempo, mas é necessário saber investir de foram a que também este segmento não se torne saturado nem explorado, como em tantos países da Ásia e do mundo observamos.
Um exemplo de uma multinacional que reviu o conceito de pobreza foi a Procter & Gamble que criou um produto purificador de água para o mercado africano, sendo que cada saqueta tem o custo de 0.1 dólares e dá para 10 litros. A empresa consegue assim fazer negócio e salvar vidas.
Podemos concluir que conjuntura economia trouxe o conceito de “novos pobres”, mas trouxe ainda novas oportunidades de negócio face a esses indivíduos e face ao empreendedorismo. Cabe assim à empresas saberem reestruturar-se e criarem pordutos criativos, úteis e mais baratos.

Ivo Duarte Dias Costa
Fonte: Jornal de Negócios, nº 1635, 24 de Novembro de 2009
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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