Portugal vive um período
de recuperação económica e financeira após a crise que se abateu sobre o nosso
país. Num período deste género, são necessárias mudanças a incidir sobre
aspetos negativos da economia portuguesa que tiveram lugar de forma recorrente
ao longo dos anos e que podem ter levado à situação de crise, devendo estes
aspetos ser alterados. Um dos aspetos negativos da economia foi o facto de, nos
10 anos anteriores à crise, o saldo da balança comercial ser sempre negativo. E
a verdade é que, depois de o saldo passar a ser positivo, em 2012, a economia
também voltou a crescer.
Mas afinal, quem são os maiores parceiros comerciais de
Portugal do lado das exportações? No que toca às exportações de bens, a Espanha
é de longe o maior parceiro, correspondendo a 25% das exportações portuguesas
de bens em 2015. A seguir à Espanha, seguem-se a França, a Alemanha e a
Grã-Bretanha. Aliás, as exportações de bens para apenas estes 4 países
correspondem a mais de metade do total em 2015, 55,7%. Ou seja, os países da
União Europeia são muito importantes nas nossas trocas comerciais
internacionais, e é uma prova de que a integração europeia e no mercado europeu
deu frutos. Será então obrigatório manter uma boa relação com estes e outros
países da União, bem como tentar fortalecer os laços com nações que poderão vir
a ser parceiros importantes. É preciso ter atenção a essa realidade, neste
mercado cada vez mais globalizado, e não descurar o resto do mundo.
A
presença recente do Primeiro-Ministro e do Presidente da República em Cuba
revelam exatamente isso, já que Cuba começa agora a abrir a sua economia ao
exterior e o seu potencial é enorme. António Costa esteve também recentemente
na China, presença que serviu para reforçar a parceria comercial, que, devido à
dimensão deste mercado e do seu potencial, é obviamente uma boa estratégia. E existem
ainda outros mercados onde poderão ser reforçadas parcerias estratégicas.
Muito
se tem falado também no aumento do fluxo de turistas estrangeiros em Portugal,
especialmente em Lisboa. O setor do turismo é extremamente importante pois Portugal
é dos países onde o turismo tem maior presença no PIB, e corresponde ainda a
45,3% das exportações de serviços. Em 2015, Lisboa registou máximos históricos
de mais 5 milhões de hóspedes e 12 milhões de dormidas. Mas não é só na capital
que se tem vindo a verificar esta tendência, com um aumento igualmente
significativo do turismo rural, realidade que me é mais próxima.
Mas,
voltando ao caso de Lisboa, uma cidade que se revelou atrativa para os turistas
estrangeiros, pode também tornar-se além disso, ou por causa disso, uma cidade
atrativa para os empresários estrangeiros, como revela um artigo do inglês The Guardian, intitulado “Sol, surf e
rendas baixas: porque é que Lisboa poderá tornar-se a nova capital da
tecnologia”. E estes fatores, aliados à organização da Web Summit em Lisboa, podem levar ao “ressurgimento nacional”.
Embora a sazonalidade do turismo “Sol e praia” já não se verifique tanto em Portugal,
a Web Summit aumentou, e muito, a
ocupação hoteleira em Lisboa em novembro, já que se esperam no evento cerca de
50.000 pessoas. Ou seja, além do aumento da receita fruto dos gastos dos
turistas, o evento produzirá efeitos colaterais benéficos para a afirmação de
Portugal e de Lisboa, na medida em que haverá atração de investimento
estrangeiro e de empresas para cá se instalarem.
Concluíndo,
a continuação da recuperação portuguesa pelo lado das exportações deve assentar
em manter a boa relação com os parceiros europeus, explorar potenciais novos
parceiros em mercados emergentes e apostar ainda mais no turismo como fonte de
recuperação económica. É então inegável que as exportações de bens e serviços,
mantendo um saldo positivo da balança comercial e tendo consequências
favoráveis para toda a economia, são cruciais para uma recuperação sustentável da
situação económica e financeira do país.
Francisco Centeno
Fontes:
Diário de Notícias
OCDE
PORDATA
The Guardian
[artigo de opinião
produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do
3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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