Mesmo estando situado num dos extremos da Europa, Portugal,
apesar do seu tamanho reduzido, não escapa à curiosidade alheia. Estando em
constante progresso, o nosso país, este ano, foi o que registou o maior
crescimento no turismo em comparação com os restantes países que se encontram
na bacia do mediterrâneo, com cerca de 11,5%, em relação ao ano transato, sendo
que tal permitiu a criação de 40 mil novos postos de trabalho. Tal surge aliado
à duplicação do número de voos e de passageiros e à duplicação da oferta
hoteleira existente nos últimos 10 anos.
Desde Norte a Sul, o nosso país apresenta mais de 2700
estabelecimentos hoteleiros, sendo que o litoral é responsável por cerca de 90%
das dormidas, ou seja, verifica-se a persistência das assimetrias regionais e
também da sazonalidade, mas, é importante salientar que, este ano, o nosso país
começou a registar um forte movimento de visitantes estrangeiros a partir de
março.
A frase “Portugal está
cada vez mais na moda no setor do turismo” foi dita inúmeras vezes nos
últimos tempos. Mas se é verdade que este setor está na moda, também é verdade
que esta está a assumir diferentes padrões. Se antes os turistas procuravam
maioritariamente o Algarve, agora a procura é bastante mais diversificada.
Para o próximo ano, estima-se que o nosso país receba mais de
8 milhões de visitantes para o centro do país, que assegurou este ano o
estatuto de “Destino Preferido”, associado às comemorações do centenário das
aparições de Fátima e à vinda do Papa Francisco. O facto é que a capacidade
hoteleira da região para o próximo mês de maio está esgotada, alargando-se para
a região do Norte e de Lisboa.
Aliado a este aumento da procura, podemos também apontar a
qualidade existente no nosso país. Desde melhor destino de praia, melhor porto
de cruzeiros, melhor resort de
família ou mesmo melhor destino de ilhas, Portugal esteve nomeado para os
óscares na Europa em 91 categorias e trouxe para casa 24 prémios, sendo o
Algarve ainda o maior detentor com 7 prémios, Madeira foi responsável por 4 e
Lisboa por 5. A nível mundial, Portugal foi distinguido em dois dos melhores do
mundo, sendo eles o Vidago Palace Hotel e o Belcanto, restaurante possuidor de
duas estrelas Michelin, situados em Chaves e Lisboa, respetivamente.
Portugal é escolhido preferencialmente por turistas oriundos
da Europa, principalmente do Reino Unido, França, Países Baixos, Alemanha,
Bélgica e por um número cada vez maior de turistas dos EUA, Canadá, Brasil,
Japão e China. É de realçar que os brasileiros (277,42 euros), angolanos
(215,04 euros) e russos (151,08 euros) são os turistas que apresentam um gasto
médio diário mais elevado, sendo a média de 104,23 euros. Quando o motivo da
viagem é lazer, recreio ou férias, o gasto médio é de 97,72 euros, subindo para
107,35 euros referente a motivos pessoais e para 166,56 euros quando os motivos
são profissionais ou de negócios. Destes gastos, os transportes são os que
representam maior peso nas despesas, com cerca de 27,3%, seguindo-se o pacote
turístico com 20,1%, restaurantes, cafés ou bares representam cerca de 16,9% e
o alojamento 14,1%.
Este negócio tem um peso de 15,3% nas exportações totais e a
balança do turismo representa mais de 4% do PIB, tendo gerado cerca de 11,4 mil
milhões de euros de receita em Portugal. O turismo contribuiu, no ano passado,
para 8,9% do investimento e 7,9% do emprego no nosso país é na atividade
turística. Este é um setor estratégico para a economia nacional e por isso é
importante investir e desenvolvê-lo. Foram aprovados mais de 200 projetos e foram
pagos às empresas 34 milhões de euros para investimentos. Vale a pena referir
que os Passadiços do Paiva, o percurso pedonal nas margens do rio Paiva, em
Arouca, receberam o prémio de Projeto mais inovador da Europa.
De uma forma geral, podemos concluir que as apostas
executadas no setor do turismo fizeram com que este se desenvolvesse e Portugal
se tornasse um destino apreciado pelos mais curiosos. No entanto, ainda se
verificam alguns desafios que devem ser superados, tal como atenuar a
sazonalidade e as assimetrias, continuando a apostar no interior para que assim
haja um crescimento mais sustentável.
Carina Ribeiro
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