A emigração tem sido um assunto bastante falado nos dias de hoje,
uma vez que problemas como a estagnação na criação de empregos, as perspetivas pouco otimistas de progressão, os salários, a precariedade e a situação de crise com que
nos deparamos tornam-se fatores que motivam as pessoas a emigrar.
Segundo o Banco Mundial, estima-se que haverá no mundo cerca de 2,3 milhões de emigrantes
portugueses, ou seja, pessoas que nasceram em Portugal e residem no estrangeiro
há mais de um ano, o que corresponde a mais de 20% da população portuguesa.
Estes deslocam-se maioritariamente para o Reino Unido (31 mil em 2014), para a
Suíça (20 mil em 2013), para a França (18 mil em 2012) e para a Alemanha (10
mil em 2014). Fora da Europa, os principais países de destino integram a
comunidade dos países de língua portuguesa, como é o caso de Angola (5 mil em
2014, 6º país de destino), Moçambique (4 mil em 2013, 9º país de destino) e
Brasil (2 mil em 2014, 11º país de destino).
O Instituto Nacional de Estatística apurou que
66% dos emigrantes permanentes eram homens, 94% estavam em idade ativa, 43%
tinham como nível de escolaridade o 9º ano e 30% possuíam o ensino superior.
Relativamente aos emigrantes temporários, 22% têm formação universitária. Em
ambos os casos, os países escolhidos para emigrar correspondem mais de metade a
países pertencentes à União Europeia.
Os
dados acima apresentados não parecem muito favoráveis, uma vez que, infelizmente,
para além de outras razões, a quantidade de indivíduos que detêm o ensino
superior e se veem obrigados a deixar o seu país ainda é bastante elevada. Mas,
ao que parece, o último ano registou algumas melhorias, dado que, de acordo com
o que foi exposto pelo INE, a emigração em 2015 diminuiu em 18,5% face a 2014.
Destes dados, é também de salientar que em 2015 saíram de Portugal um total de
101.203 emigrantes, sendo que destes 40.377 fizeram-no para residir e trabalhar
no estrangeiro por pelo menos um ano (emigrantes permanentes) e 60.826 por mais
de três meses e menos de um ano (emigrantes temporários). Esta diminuição pode
ser explicada por fatores como a mudança das condições económicas de países
como Angola e Brasil, o "Brexit" do Reino Unido e o referendo de 2014
que fez com que os suíços afirmassem que queriam que fossem impostos limites à
entrada de estrangeiros no seu país.
De
facto, estes resultados fazem acreditar que existe esperança em relação à
diminuição da emigração, e, quando nos debruçamos sobre as características dos
que se deslocam para o nosso país, concluímos que dos 29.896 imigrantes, 43%
nasceram em Portugal e 50% tinham nacionalidade portuguesa, o que evidencia o retorno daqueles que
anteriormente tiveram que abandonar o seu país por algum motivo.
Contudo,
apesar do decréscimo no número de emigrantes e do aumento do número de
imigrantes (em 53,2% face a 2014), a fração de imigrantes contínua inferior à
de emigrantes, o que faz com que o saldo migratório, que corresponde à
diferença entre o número de entradas e saídas por migração para um determinado
país ou região, num dado período de tempo, ainda se encontre em valores
negativos.
Assim,
para que não se assista ao que aconteceu nos anos 60, em que fugiram das aldeias
os melhores por não se quererem acomodar a uma vida instável e precária, é fundamental
tomar medidas de maneira a que pessoas do nosso país com excelentes capacidades
e aptidões para as mais diversas áreas não vão para o exterior. É por isso uma
questão de ordem aumentar as oportunidades para que pessoas em idade ativa
vejam em Portugal viabilidade para crescerem e não tenham uma visão de um país em
que o conformismo com uma vida de dependência, sem rumo e sem dignidade sejam
uma realidade que ainda não foi ultrapassada.
Em suma, é necessário impedir o
prolongamento deste fluxo emigratório pois pode comprometer a criação de
condições para a renovação da estrutura económica da nação.
Deolinda Cristina Sampaio Dias
Fonte:
[artigo de opinião produzido no âmbito da
unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de
Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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