A Uber é uma plataforma tecnológica que liga
pessoas que procuram um meio de transporte privado com aquelas que estão
disponíveis para levá-las ao seu destino.
Criada no ano de 2009, em São Francisco, proporciona atualmente mais de 3 milhões
de viagens por dia, em mais de 350 cidades de 67 países, inclusive Portugal.
Por cá, a Uber opera desde 2014, funcionando
com dois tipos de serviços: UberBlack e UberX. A UberBlack é considerada a
versão de luxo, uma vez que utiliza veículos de gama alta, enquanto que a UberX
é a versão low-cost, contando com
veículos de classe média/baixa.
A Uber inovou o setor dos transportes de
ligeiros. Para além de permitir saber, antecipadamente, quanto lhe vai custar a
viagem, o tempo estimado de espera pelo veículo, acede também aos dados do
condutor – nome, fotografia e classificação que este obteve dos seus clientes anteriores.
Caso o cliente não se encontre satisfeito com os dados do mesmo terá a
oportunidade de selecionar outro. Desta forma, a Uber garante que todos os
motoristas exercem a sua atividade da forma mais profissional possível,
tentando proporcionar experiências personalizadas e, por consequência, a melhor
possível. Para além disso, o cliente Uber não precisa de se preocupar com o
dinheiro que possui consigo, uma vez que o valor da viagem é debitado através
da conta criada na aplicação para o efeito. No final da viagem, o cliente deve
preencher um formulário de forma a avaliar a viagem.
Para a introdução da Uber no mercado, muito
contribuiu o facto dos seus principais concorrentes, os táxis, não terem
evoluído nos últimos anos, prosseguindo com serviços de baixa qualidade e a
preços muito elevados. Considera-se também evidente que a Uber se aproveitou de
buracos legais, sendo considerada pelos taxistas um concorrente desleal,
atendendo ao facto de lhe ser exigido menos – por exemplo, ao nível de alvarás
e licenças dos seus motoristas.
À semelhança de outros países, a introdução
da Uber no mercado português gerou uma enorme polémica e indignação por parte
da classe taxista. O serviço é “ilegal, publicitado de forma enganosa e constitui
um risco para quem o utiliza”, “uma prática de concorrência ilegal,
dificilmente controlável, fortemente prejudicial para este setor e de difícil
reparação”, e ainda que levará à supressão de empregos, refere a ANTRAL
(Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros). Em suma, os taxistas defendem que o
serviço deve ter requisitos semelhantes ao deles – ao nível da taxação, seguro
automóvel, licenças/alvarás e horas de formação. Acreditam também que, a
existir a aplicação, esta deverá estar na posse de pessoas credenciadas para a
prática da atividade – os taxistas.
Em resposta às reivindicações anteriores,
Rui Bento, diretor geral da Uber em Portugal, afirmou que “a Uber pode operar
como plataforma de tecnologia tal como o Booking pode ligar pessoas a hotéis, o
Airbnb pode ligar pessoas a apartamentos. Uma central de táxis, no limite, pode
ligar pessoas a motoristas de táxi”.
Existem dois caminhos para os taxistas
perante a nova concorrência: olhar para o novo serviço como uma oportunidade,
integrando parte do mesmo de forma a melhorar o seu serviço e tentar ganhar
vantagem competitiva ou, por outro lado, tentar impedir a Uber de funcionar.
Infelizmente, e atendendo às recentes manifestações efetuadas, parecem ter
optado pelo caminho da tentativa de bloqueio da operação da empresa, tendo até
surgido ataques a motoristas e carros. Considerarão que condicionar a liberdade
ao passageiro é a melhor solução?
Parecem, porventura, esquecer-se da grande
vantagem em relação ao novo serviço – o facto de se encontrarem presentes em
todas as cidades do território. Saliente-se que o aumento da competição
estimula todos os players, garantido
um aumento do bem-estar da sociedade. A competição já levou à introdução de
aplicações como o Meo Táxi ou o 99Taxis, permitindo o combate à falta de
qualidade do serviço ao cliente. Afinal, enquanto a decisão estiver no lado do
cliente, este optará sempre pelo serviço que lhe proporcione uma maior
utilidade: maior satisfação e menores preocupações.
Telma Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular
“Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da
EEG/UMinho]
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