A
15 de março de 2011 começou o levante contra o regime em vigor na Síria, que
viria a ser a maior crise humanitária do nosso tempo. Com a situação neste
local a piorar ao longo destes últimos anos, os seus habitantes têm vindo a
procurar abrigo na Europa, do outro lado do Mediterrâneo, bem como em países
vizinhos, arriscando-se deste modo a viagens perigosas através do mar, ou
submetendo-se ao abrigo de países fronteiriços onde muitas vezes são vítimas de
racismo e discriminação.
Estima-se
que até março de 2014, mais de 140 mil pessoas já tenham morrido como resultado
do conflito. Entre os mortos estão mais de 7 mil crianças e 5 mil mulheres
(Dados do Observatório Sírio para os Direitos Humanos). Já em 2016, o número de
refugiados que atravessaram o Mediterrâneo para chegar à Europa ultrapassou em
setembro os 300 mil, em contraste com os primeiros nove meses de 2015, em que o
número de travessias era de 520 mil. Apesar de menos pessoas terem feito a
travessia do mar que separa o norte de África da Europa, o número de mortes
aumentou e estima-se que 2016 deverá ser “o ano mais mortífero de que há
registos no Mar Mediterrâneo”, disse um porta-voz do ACNUR (Agência da ONU para
os Refugiados), William Spindler.
De
acordo com o European Economic Forecast, Autumn
2015, há diferenças no conjunto de dados existentes, revelando diferenças
consideráveis. Isto poderá ser devido a diferenças nas definições, a fenómenos
de dupla contagem (por exemplo, haverá vários migrantes a pedir asilo a vários
Estados Membros) e de sub-contagem (relativos a atravessamentos de fronteira
ilegais e não declarados). Desta forma, a disponibilidade e a confiabilidade
dos dados continuam a ser uma fonte de incerteza na tentativa de determinar
qual o impacto macroeconómico destes fluxos na atual conjuntura.
Num
primeiro período, considero que este fluxo de migrantes terá um grande impacto
no curto prazo nas economias dos países que têm fronteira com o Mediterrâneo
(uma vez que é por aí que vítimas de guerra irão entrar), no sentido em que a
despesa pública irá aumentar, devido a mais operações de resgate, bem como
suplementos às necessidades básicas de refugiados, uma vez que vindo de onde
vierem, seja qual for a raça ou a crença, não se deve, nem se pode negar a um
ser humano os seus direitos mais básicos.
Já
a médio prazo, considero que o ponto mais relevante da discussão se “devemos
aceitar mais refugiados ou não?” é o mercado de trabalho. Isto é, quanto mais
rápido estes migrantes forem integrados no mercado de trabalho mais depressa
vão poder começar a contribuir com impostos e se tornarão membros produtivos da
sociedade. Desta forma, mais depressa o Estado-Membro que os acolhe vai ver
ressarcido da despesa inicial em que incorreu. Adicionalmente, para países da
União Europeia que estejam a passar por uma crise de envelhecimento, como é o
caso de Portugal, a vinda dos refugiados, poderá começar a estimular a
economia, e ajudar a recuperar do buraco que a segurança social é de momento.
No entanto, estes “recursos” estão a ser canalizados para países onde estas
dificuldades não se verificam de forma tão acentuada e onde a taxa de
desemprego é menor, como por exemplo a Alemanha. Assim sendo, países com
problemas económicos deveriam apelar ao seu lado solidário e ajudar ainda mais
refugiados do que aqueles países com uma economia mais estável.
Em
suma, sou da opinião que mais países deveriam adotar medidas de ajuda a
refugiados, uma vez que teremos o bónus de ver a nossa economia melhorar, bem
como a satisfação de ajudar alguém que esteja em problemas por causa de uma
guerra que não iniciou e que procura melhores condições para si mesmo e para a
sua família.
Carolina Massena
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular
“Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da
EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário