Portugal
é um dos muitos países que segue o sistema de pensões financiado em regime pay as you go, em que as despesas
correntes com pensões pagas aos beneficiários são financiadas pelas receitas
correntes das contribuições sociais provenientes da aplicação de uma
determinada taxa sobre o rendimento do trabalho. Este tipo de sistema seria
sustentável caso Portugal apresentasse um crescimento demográfico. Contudo,
isso não acontece, isto é, os portugueses têm filhos cada vez mais tarde, sendo
que a maior parte dos casais não deseja ter mais do que 2 filhos.
Esta
situação leva a uma diminuição da população jovem e a um aumento da população
idosa. Com cada vez mais pensionistas e cada vez menos ativos, tal levará a um
crescente número de pensões para pagar, por períodos de tempos mais longos, e
uma diminuição das contribuições que financiam as pensões. Um indício desta
diminuição das contribuições é o rácio de suporte (quociente entre população
trabalhadora e a população pensionista). Este é, atualmente, cerca de 1,1, no
entanto é estimado que em meados de 2030 este rácio atinja um número menor que
1, isto é, que a população trabalhadora seja menor que a população pensionista.
Visto
isto, é notório que a sustentabilidade financeira dos sistemas públicos de
pensões está fortemente ameaçada, apesar das alterações que foram sendo
introduzidas e dos cortes que foram sendo aplicados às pensões em pagamento
desde o início do Programa de Assistência Económica e Financeira iniciado em
2011. Então qual o sistema mais adequado para um país que apresenta um declínio
demográfico? Porquê insistir num sistema que nos irá afundar cada vez mais?
Uma
das soluções mais discutida para este problema é a Capitalização Virtual, que
se baseia na acumulação de poupança ao longa da vida ativa dos trabalhadores
para lhes pagar futuramente as pensões quando estes se reformarem. É de
salientar que as contribuições não são aplicadas nos mercados financeiros. Existem
apenas na forma contabilística. Estas contribuições cobradas são geridas em
sistema de repartição, ou seja, as contribuições continuam a financiar as
pensões em pagamento, pois na situação em que Portugal se encontra não é
possível abdicar da TSU para pagar as pensões.
Vejamos
o exemplo da Suécia, que nos anos 90 substituiu o sistema de pensões financiado
em regime de pay as you go por um
sistema de pensões também ele financiado em regime pay as you go, mas agora com contribuição definida em contas
individuais com capitalização virtual. Uma das razões que os levaram a
reformular o seu sistema foi o facto de constarem que, com a diminuição da
população, seria necessário, num futuro próximo, aumentar a taxa contributiva,
solução que não seria aceite pelas futuras gerações.
Portugal
errou em não conseguir prever o que a Suécia conseguiu: a diminuição da
população. Contudo, continua a errar ao não querer ver o que está mesmo diante
dos seus olhos. Nós precisamos de uma política de comunicação que informe os
nossos cidadãos dos problemas e das incertezas do atual sistema de pensões.
Estando as pessoas informadas, estarão, então, preparadas para elas próprias
fazerem parte da solução.
Catarina Sofia Martins Pereira
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