terça-feira, 8 de novembro de 2016

Redes de cooperação: o exemplo do Quadrilátero urbano

Num mundo em constante mudança e globalizado, a competitividade entre territórios tem crescido e ganho relevo. Tanto as cidades como as regiões deparam-se com a importância da sua afirmação internacional, procuram adquirir ou consolidar vantagens competitivas e implementar modelos de intervenção coerentes com uma gestão estratégica do território. Tendo como objectivo a cooperação para a afirmação territorial, quatro municípios, juntamente com algumas instituições, formaram em 2007 o “Quadrilátero Urbano para a Competitividade, a Inovação e a Internacionalização”.
A constituição de redes urbanas insere-se numa tentativa de proporcionar efeitos de crescimento sustentado, através de um reforço da cooperação interinstitucional entre as cidades. O fortalecimento da articulação permite às cidades aumentar a sua capacidade competitiva e aceder a funções e a atividades que teriam mais dificuldade em alcançar solitariamente.
O projecto denominado “Quadrilátero Urbano para a Competitividade, a Inovação e a Internacionalização” é constituído por uma parceria dos municípios de Barcelos, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão. Para a execução dos objectivos previstos pela parceria, a estes municípios juntou-se a Universidade do Minho, a Associação Industrial do Minho e o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal.
Em termos territoriais, as cidades do Quadrilátero distam entre si cerca de 20km, tendo boas ligações rodoviárias entre elas. Cada uma das quatro cidades encontra-se a menos de cinco minutos dos nós de acesso a auto-estradas. À escala regional, o Quadrilátero é um território de localização estratégica, situado entre a Área Metropolitana do Porto e a Galiza, de boas acessibilidades externas e de relativa proximidade a várias infra-estruturas logísticas (aeroporto Francisco Sá Carneiro, porto de Leixões, plataformas logísticas, etc.). Do ponto de vista demográfico, a população residente nos quatro municípios corresponde a uma massa demográfica muito relevante (meio milhão de habitantes nas cidades, cerca de um milhão na região envolvente).
         A região apresenta um ADN empresarial forte e dinâmico que proporciona um ambiente ideal ao desenvolvimento de bons negócios. O projeto materializa-se numa associação de empresas, centros de investigação e instituições de formação (superior e pós – secundária) que se comprometem numa parceria (numa estratégia comum de desenvolvimento) destinada a criar sinergias em torno de projectos inovadores, conduzidos em comum e orientados para o mercado, aos quais se associam as autoridades territoriais com políticas e contributos no quadro das suas competências específicas.
         A partilha de conhecimentos, fundos comunitários, estratégias e parcerias fazem desta região um exemplo de sucesso, que compete com outras regiões do país, como as áreas metropolitanas, e até ultrapassa fronteiras. É de destacar que a região possui um tecido empresarial bastante robusto, com empresas multinacionais e marcas de renome internacional. Um exemplo destas capacidades da região está no concelho de Vila Nova de Famalicão, o terceiro concelho mais exportador do país, onde estão fixadas empresas como a Continental, A Leica, e a Salsa, entre outras.
         Em suma, tal como os agentes e empresas, também as cidades e as regiões se organizam em rede. O funcionamento em rede constitui um dos componentes característicos da vivência em sociedade. O Quadrilátero Urbano é um excelente exemplo de como a criação de novas entidades territoriais como as áreas metropolitanas ou comunidades intermunicipais coesas pode resultar num contributo fundamental para o reordenamento do território português. No panorama geoestratégico mundial, esse facto pode ser peça essencial da afirmação económica das regiões portuguesas e do desenvolvimento do país. Um país pequeno como Portugal tira bastantes vantagens se as regiões criarem redes de cooperação que possam competir no panorama internacional.

João Paulo Batista Duarte

Bibliografia:

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: