Num
mundo em constante mudança e globalizado, a competitividade entre territórios
tem crescido e ganho relevo. Tanto as cidades como as regiões deparam-se com a
importância da sua afirmação internacional, procuram adquirir ou consolidar
vantagens competitivas e implementar modelos de intervenção coerentes com uma
gestão estratégica do território. Tendo como objectivo a cooperação para a
afirmação territorial, quatro municípios, juntamente com algumas instituições,
formaram em 2007 o “Quadrilátero Urbano para a Competitividade, a Inovação e a
Internacionalização”.
A
constituição de redes urbanas insere-se numa tentativa de proporcionar efeitos
de crescimento sustentado, através de um reforço da cooperação
interinstitucional entre as cidades. O fortalecimento da articulação permite às
cidades aumentar a sua capacidade competitiva e aceder a funções e a atividades
que teriam mais dificuldade em alcançar solitariamente.
O
projecto denominado “Quadrilátero Urbano para a Competitividade, a Inovação e a
Internacionalização” é constituído por uma parceria dos municípios de Barcelos,
Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão. Para a execução dos objectivos
previstos pela parceria, a estes municípios juntou-se a Universidade do Minho,
a Associação Industrial do Minho e o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e
do Vestuário de Portugal.
Em
termos territoriais, as cidades do Quadrilátero distam entre si cerca de 20km,
tendo boas ligações rodoviárias entre elas. Cada uma das quatro cidades
encontra-se a menos de cinco minutos dos nós de acesso a auto-estradas. À
escala regional, o Quadrilátero é um território de localização estratégica, situado
entre a Área Metropolitana do Porto e a Galiza, de boas acessibilidades
externas e de relativa proximidade a várias infra-estruturas logísticas
(aeroporto Francisco Sá Carneiro, porto de Leixões, plataformas logísticas,
etc.). Do ponto de vista demográfico, a população residente nos quatro
municípios corresponde a uma massa demográfica muito relevante (meio milhão de
habitantes nas cidades, cerca de um milhão na região envolvente).
A região apresenta um ADN empresarial forte e dinâmico que
proporciona um ambiente ideal ao desenvolvimento de bons negócios. O projeto materializa-se
numa associação de empresas, centros de investigação e instituições de formação
(superior e pós – secundária) que se comprometem numa parceria (numa estratégia
comum de desenvolvimento) destinada a criar sinergias em torno de projectos
inovadores, conduzidos em comum e orientados para o mercado, aos quais se
associam as autoridades territoriais com políticas e contributos no quadro das
suas competências específicas.
A partilha de conhecimentos, fundos comunitários, estratégias
e parcerias fazem desta região um exemplo de sucesso, que compete com outras
regiões do país, como as áreas metropolitanas, e até ultrapassa fronteiras. É
de destacar que a região possui um tecido empresarial bastante robusto, com
empresas multinacionais e marcas de renome internacional. Um exemplo destas
capacidades da região está no concelho de Vila Nova de Famalicão, o terceiro
concelho mais exportador do país, onde estão fixadas empresas como a
Continental, A Leica, e a Salsa, entre outras.
Em suma, tal como os agentes e empresas, também as cidades e
as regiões se organizam em rede. O funcionamento em rede constitui um dos
componentes característicos da vivência em sociedade. O Quadrilátero Urbano é
um excelente exemplo de como a criação de novas entidades territoriais como as
áreas metropolitanas ou comunidades intermunicipais coesas pode resultar num
contributo fundamental para o reordenamento do território português. No
panorama geoestratégico mundial, esse facto pode ser peça essencial da
afirmação económica das regiões portuguesas e do desenvolvimento do país. Um
país pequeno como Portugal tira bastantes vantagens se as regiões criarem redes
de cooperação que possam competir no panorama internacional.
João
Paulo Batista Duarte
Bibliografia:
[artigo de opinião
produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do
3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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