O
avanço da tecnologia e a proximidade que esta conquista nas nossas vidas
permitiu o surgimento de novas formas de negócio. Com “uma app para tudo”, surgiram autênticos mercados de serviços
disponíveis em qualquer smartphone ou
computador, onde podemos delegar as nossas tarefas domésticas a empresas, usar
sistemas de transporte reservados com cliques e passar as férias em qualquer
casa no mundo.
A
Airbnb é um serviço digital que permite colocar o quarto extra da nossa casa a
ser arrendado para alguém em qualquer parte do mundo. A plataforma oferece uma
forma de encontrarmos espaços que vão desde casas inteiras a quartos em
apartamentos. Este é um dos colossos daquela a que se chama a “sharing
economy”, uma economia de partilha que é caraterizada pelo uso de tecnologia de
informação para estabelecer transações, o apoio em avaliação por parte dos
membros para definir a qualidade do serviço e as ferramentas digitais dadas aos
seus trabalhadores para melhor gestão e flexibilidade dos seus horários.
Os
benefícios, contudo, não vêm só. Cada vez mais são os casos onde inquilinos são
expulsos das suas casas porque os senhorios veem uma maior margem de lucro
aderindo aos serviços da empresa fundada em São Francisco, permitindo que
grande parte da negociação se passe dentro de uma plataforma rápida e credível.
O conceito original surgiu quando um dos cofundadores alojou na sua cozinha um
estranho, tornando-se numa experiência de partilha que procurou proporcionar a
tantos outros. Mas o termo “partilha” é posto em causa quando algumas das
habitações disponíveis na Airbnb são autênticas mansões de luxo.
Relativamente
ao sistema de suporte, o facto de serem exatamente plataformas acaba por
permitir que as mensagens automáticas de atendimento ao cliente substituam
qualquer responsabilidade sobre más experiências com estes serviços. Alegar de
apenas se tratar de uma plataforma de transações, acaba por levar a que o
controlo sobre o que se passa dentro do ambiente que geraram seja perdido.
Estudos revelaram que pessoas com nomes africanos tinham menos probabilidade de
obterem resposta de algum inquilino.
Estes
serviços acabam por ter um grande impacto na vida dos cidadãos, que cada vez
mais optam por plataformas digitais para satisfazer as suas necessidades. À
medida que a tecnologia evolui, é interessante questionar de que forma é que a “sharing
economy” poderá vir a tornar-se um animal a domar, sendo necessária a imposição
de regras – que no caso de serviços como a Uber já começam a ser aplicadas –
para determinar quais as barreiras de um negócio que é feito de pessoas para
essas mesmas pessoas.
João Araújo
[artigo de opinião produzido no âmbito
da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de
Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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