Os blogs
e, sobretudo, o reconhecimento dos bloggers
como opinion makers influentes constituem
um fenómeno de crescente relevância, à boleia da evolução digital e,
consequentemente, da exponenciação das redes de informação/comunicação. Estas
plataformas de visibilidade mediática, que começaram por ser um hobby, no modelo de diários pessoais, rapidamente se
transformaram numa nova experiência geradora de empregabilidade e negócio.
De facto, os blogs tornaram-se um palco promocional apetecível para as marcas; primeiro,
pela multiplicação do público-alvo, pois atraem verdadeiras legiões de
seguidores que consultam páginas várias vezes ao dia (só em 2015, 1,8 milhões de pessoas visitaram com frequência blogs em Portugal, tendo metade menos de
35 anos); depois, porque esta abordagem ao público-alvo se baseia numa dinâmica
de identificação dos consumidores com os bloggers,
que torna mais eficaz o efeito persuasivo da publicidade.
Podemos distinguir, assim, dois tipos de
relação de marketing: a promoção na
forma de anúncios publicitários nas laterais da página (em banners, flash, etc.),
que presume uma maior independência do autor da página relativamente à intenção
comercial, mas que tem menos impacto no visualizador/consumidor; a divulgação
personalizada e assumida enquanto
experiência satisfatória de determinados produtos, funcionando os bloggers como guias do consumidor ao
visibilizarem marcas com as quais os seus seguidores se possam identificar. E é, sem dúvida, a segunda a estratégia publicitária
privilegiada das empresas e a principal fonte de rendimento dos bloggers.
A nível
mundial, a embaixadora de marcas Chiara Ferragni, jovem de 28 anos considerada
das pessoas mais influentes pela “Forbes” e caso de estudo em Harvard, é um
exemplo paradigmático da escala a que pode chegar este emergente espaço de oportunidades:
tem 12 milhões de visualizações por mês, a que se soma a popularidade no Facebook e Instagram, potenciando ainda mais o poder mediático do blog e, logo, o seu valor de mercado. No
espaço da blogosfera portuguesa, destaca-se o blog “A Pipoca Mais doce”, da autoria de Ana Garcia Martins,
jornalista que deixou a sua atividade para se dedicar por completo a este
projeto: a sua página tem cerca de 50000 leitores diários (perto de dois
milhões de visitas por mês).
O fenómeno
tem, portanto, expressão global e interesse económico inquestionável, embora
exista ainda algum preconceito em assumir o blog
como negócio, optando a maioria dos seus autores por não divulgar os valores
obtidos com o mesmo. Porém, a verdade é que se começa a afirmar cada vez mais a
intenção comercial como alternativa de empregabilidade (os casos de maior
sucesso abandonaram outras carreiras para serem apenas bloggers) e o desenvolvimento de uma rede de negócios subsidiários.
O “pudor”
da associação a um modelo de negócio, motivado pelo receio de se ver
“beliscada” a relação de confiança com os seguidores, vai-se esfumando em favor
de uma perspetiva mais profissionalizante, em que os bloggers estabelecem parcerias sólidas com empresas e o crescimento
do blog sustenta a criação de uma
marca própria, como é o caso de Ana Garcia Martins, que já lançou uma linha de
produtos para senhora; assim como é frequente a transposição para a abertura de
lojas, a publicação de livros ou a realização de workshops (como extensões dos conteúdos online).
E, a partir
daqui, desencadeia-se uma proliferação de negócios à volta dos blogs que consolida e expande a feição
empresarial, nomeadamente no que respeita à prestação de um conjunto de
serviços de apoio à criação e gestão dos blogs.
É o caso da Luvin, agência digital criada por Inês Mendes da Silva e Tiago
Froufe, com um portefólio que inclui, entre muitos outros, o Daily Cristina (Cristina Ferreira).
Enfim, a
influência no universo digital comercializa-se, gera negócios, prospera e faz
prosperar. Os blogs perderam a
inocência e conquistam espaço no mercado.
Inês
Magalhães Castro Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular
“Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da
EEG/UMinho]
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