quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O Problema da Produtividade em Portugal. Quais os custos? Qual a estratégia?

         A economia portuguesa tem lidado com bastantes desafios nos últimos anos. É caracterizada por ter um baixo crescimento dos salários e um alto desemprego e endividamento. O PIB per capita manteve-se estável desde 2000, o que demonstra que não há crescimento económico que leve ao aumento do nível de vida. Desta forma, tem levado a uma divergência face à UE, com o desemprego a subir há quase 15 anos.
         Estes problemas são originados pelo alto endividamento aquando da abertura aos mercados internacionais, queda das poupanças familiares, queda do motor da economia no longo-prazo, e o excessivo, mas mal aplicado, investimento. Como o investimento não foi produtivo, não trouxe benefícios mas apenas custos, e foi assim desperdiçado um bom momento para aumentar a produtividade do país.
         O crescimento dos salários no longo-prazo está dependente do crescimento da produtividade. Portugal tem cerca de metade da produtividade da Alemanha e um valor salarial anual médio também de metade.
         A produtividade só pode ser atingida se houver conhecimentos suficientes por parte dos trabalhadores para operarem as novas tecnologias que aparecem no mercado. Assim, um dos caminhos para podermos usufruir de uma economia com mais produtividade passa por apostar na educação e na formação dos trabalhadores. 
A principal fonte de aumento de produtividade no curto-prazo continua a ser as inovações tecnológicas, que, de um momento para o outro, podem alterar drasticamente o processo produtivo de uma empresa. No entanto, para aumentar a produtividade das nossas empresas, temos de conseguir essa tecnologia, e só a conseguimos importando-a de outros países. Como Portugal não aposta na inovação interna, torna-se necessário ir ao estrangeiro para se obter as novas tecnologias, o que leva a que estejamos a prejudicar a balança corrente nacional. De modo a evitar esta situação, e a atrair também procura, é importante apostar na criatividade e na inovação.
         Outro ponto que merece atenção é o tamanho das empresas. Em média, a produtividade de uma grande empresa é três vezes maior que o de uma micro/pequena empresa. O problema de Portugal é que a maior parte do nosso tecido empresarial são micro e pequenas empresas. O nosso alto empreendedorismo leva à criação de negócios, no entanto, para que esses negócios cheguem a ser “grandes” é necessário muito trabalho e investimento. Assim sendo, Portugal pode aumentar a sua produtividade se conseguir levar as PME ao patamar seguinte, de forma estruturada e sustentada.
         Normalmente, o aumento da produtividade está associado ao aumento do desemprego. Isto porque, para a empresa atingir o seu nível de produção, necessita agora de menos trabalhadores. Também a procura e criação de setores mais produtivos leva à destruição de outros setores mais tradicionais, o que leva a um grande aumento do desemprego. No entanto, empresas mais produtivas são empresas mais competitivas e empresas mais competitivas são empresas com maior potencial de crescimento. Empresas em crescimento e criação de novas empresas são a base da criação de emprego.
         A chave é o equilíbrio. É necessário investir em tecnologia e no trabalhador e aumentar a produtividade, mas de forma equilibrada, para não levar a uma “explosão” do desemprego. Desta forma, a produtividade torna-se no motor da economia, permitindo às empresas capturar mais mercado externo. Este aumento do comércio das nossas empresas traduz-se num aumento do crescimento económico e do bem-estar dos cidadãos.     

Adriano Macedo

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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