A economia portuguesa tem lidado com
bastantes desafios nos últimos anos. É caracterizada por ter um baixo
crescimento dos salários e um alto desemprego e endividamento. O PIB per capita manteve-se estável desde
2000, o que demonstra que não há crescimento económico que leve ao aumento do
nível de vida. Desta forma, tem levado a uma divergência face à UE, com o
desemprego a subir há quase 15 anos.
Estes
problemas são originados pelo alto endividamento aquando da abertura aos
mercados internacionais, queda das poupanças familiares, queda do motor da
economia no longo-prazo, e o excessivo, mas mal aplicado, investimento. Como o
investimento não foi produtivo, não trouxe benefícios mas apenas custos, e foi
assim desperdiçado um bom momento para aumentar a produtividade do país.
O
crescimento dos salários no longo-prazo está dependente do crescimento da
produtividade. Portugal tem cerca de metade da produtividade da Alemanha e um valor
salarial anual médio também de metade.
A
produtividade só pode ser atingida se houver conhecimentos suficientes por
parte dos trabalhadores para operarem as novas tecnologias que aparecem no
mercado. Assim, um dos caminhos para podermos usufruir de uma economia com mais
produtividade passa por apostar na educação e na formação dos trabalhadores.
A principal fonte de
aumento de produtividade no curto-prazo continua a ser as inovações tecnológicas,
que, de um momento para o outro, podem alterar drasticamente o processo
produtivo de uma empresa. No entanto, para aumentar a produtividade das nossas
empresas, temos de conseguir essa tecnologia, e só a conseguimos importando-a
de outros países. Como Portugal não aposta na inovação interna, torna-se necessário
ir ao estrangeiro para se obter as novas tecnologias, o que leva a que
estejamos a prejudicar a balança corrente nacional. De modo a evitar esta
situação, e a atrair também procura, é importante apostar na criatividade e na
inovação.
Outro
ponto que merece atenção é o tamanho das empresas. Em média, a produtividade de
uma grande empresa é três vezes maior que o de uma micro/pequena empresa. O
problema de Portugal é que a maior parte do nosso tecido empresarial são micro
e pequenas empresas. O nosso alto empreendedorismo leva à criação de negócios,
no entanto, para que esses negócios cheguem a ser “grandes” é necessário muito
trabalho e investimento. Assim sendo, Portugal pode aumentar a sua
produtividade se conseguir levar as PME ao patamar seguinte, de forma
estruturada e sustentada.
Normalmente,
o aumento da produtividade está associado ao aumento do desemprego. Isto
porque, para a empresa atingir o seu nível de produção, necessita agora de
menos trabalhadores. Também a procura e criação de setores mais produtivos leva
à destruição de outros setores mais tradicionais, o que leva a um grande
aumento do desemprego. No entanto, empresas mais produtivas são empresas mais
competitivas e empresas mais competitivas são empresas com maior potencial de
crescimento. Empresas em crescimento e criação de novas empresas são a base da
criação de emprego.
A
chave é o equilíbrio. É necessário investir em tecnologia e no trabalhador e
aumentar a produtividade, mas de forma equilibrada, para não levar a uma
“explosão” do desemprego. Desta forma, a produtividade torna-se no motor da
economia, permitindo às empresas capturar mais mercado externo. Este aumento do
comércio das nossas empresas traduz-se num aumento do crescimento económico e
do bem-estar dos cidadãos.
Adriano Macedo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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