Todos
os anos é comum assistir à preocupação que as famílias portuguesas têm
relativamente à época natalícia. O entusiasmo é tanto que, por vezes, vão além
das suas possibilidades, para encontrar o presente ideal para os seus entes
queridos. Nestes casos, o consumerismo é ultrapassado e, por vezes, as famílias
caem mesmo em consumismo, podendo tal ser prejudicial para a sua saúde
financeira. Felizmente, não é um cenário geral, e ainda são muitos os que
celebram esta quadra em conformidade com as suas possibilidades.
O
rendimento disponível das famílias portuguesas para despesas com o natal (presentes,
alimentação, bebidas e eventos sociais) pode ser analisado como um indicador do
nível de vida e do receio de instabilidade socioeconómica dos portugueses. Através
da variação no valor médio dos gastos natalícios dos vários anos, conseguimos
analisar a perceção que as famílias portuguesas têm da conjuntura económica do
país. Creio que para este indicador ser eficaz é necessário que a amostra
inclua inquiridos que celebrem o natal, e estes devem incluir não só as pessoas
que incorrem em elevados custos festivos (com compras acima das suas
possibilidades) mas também aqueles que não estão dispostos a tal, por recearem
demasiado a instabilidade do próximo ano. Se tal for possível, penso que este
indicador é simples, comparável e fidedigno. Logo, deverá ser tido em conta em
análises de consumo.
Para
o natal de 2016, as famílias portuguesas estão dispostas a gastar € 359, mais
de dois terços do salário mínimo. Sendo que este valor é em €45 superior ao de
2015, o que me dá a entender que os
portugueses estão mais confiantes no estado atual da economia. A meu ver, as famílias estão um pouco melhor
financeiramente, contudo creio que não seja suficiente para um aumento tão
elevado. Esta variação positiva está em contraciclo com os restantes países
europeus, segundo o
estudo sobre o consumo na quadra natalícia da Deloitte. “Pela primeira vez desde
2009, a expectativa relativa à evolução do poder de compra é também menos
pessimista em Portugal do que a média da Europa, o que poderá explicar este
sentimento mais positivo”.
É
importante referir o que leva os portugueses a gastar mais no natal. As promoções
típicas da época são a resposta de grande parte dos inquiridos. Outros afirmam
que é o facto de se quererem divertir e evitar pensar na incerteza económica. Os
restantes asseguram aumentar as suas compras face aos anos anteriores devido ao
aumento do rendimento disponível. Em
posição contrária estão aqueles que esperam gastar menos este Natal, sobretudo
devido à redução do rendimento disponível e à expetativa de continuidade da
recessão económica, motivos também apontados pelos nacionais dos restantes países
europeus. Na minha opinião, embora estudos apontem para melhorias na economia,
essa melhoria ainda não se fez sentir o suficiente no nível de vida da
população. Logo, acho errado um clima de gastos excessivos quando pouco tempo
passou da crise económico-financeira. Assim sendo, vou de encontro à opinião
dos cidadãos dos outros países europeus.
Em suma, penso que este indicar pode ser muito útil para mensurar a visão que a nossa população tem acerca da economia. É relevante referir que mais de metade dos consumidores portugueses tencionam utilizar o subsídio de natal para as compras de natal, e pensam que este não será suficiente. Penso então que a saúde financeira das famílias não evolui tão favoravelmente. Caso contrário os consumidores não estariam à espera de receber o subsídio.
Em suma, penso que este indicar pode ser muito útil para mensurar a visão que a nossa população tem acerca da economia. É relevante referir que mais de metade dos consumidores portugueses tencionam utilizar o subsídio de natal para as compras de natal, e pensam que este não será suficiente. Penso então que a saúde financeira das famílias não evolui tão favoravelmente. Caso contrário os consumidores não estariam à espera de receber o subsídio.
Ana Catarina Gomes Peixoto
de Sousa Baptista
[artigo de opinião produzido no âmbito da
unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de
Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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