Nos
dias de hoje é fácil repararmos que todos os meses milhares de jovens emigram,
não com a satisfação de quem procura novas experiências mas com a frustração de
quem sente que o país onde nasceu não lhe dá nem lhe dará no futuro qualquer
oportunidade. Os jovens estão preocupados com o seu futuro, amedrontados com o
facto de não saberem o que os espera quando terminarem a sua educação, e
perdidos e inseguros quanto ao que terão de enfrentar.
Portugal
vê-se atualmente num estado caótico no que diz respeito aos novos empregados.
São demasiados os licenciados que procuram um emprego que escasseia cada vez
mais. A situação tem piorado ao longo dos anos e cada vez mais os portugueses
se veem obrigados a abandonar o seu lar e partir para um local onde tenham mais
oportunidades e onde possam ser melhor remunerados.
Antes
de mais definirei alguns termos importantes, sendo que emigração é o ato e o
fenómeno espontâneo de deixar o seu local de residência para se estabelecer numa
outra região ou nação, (a emigração é a saída de nosso País), diferenciando-se
em dois tipos de emigrantes: a emigrante permanente (pessoa que, no período de
referência, tendo permanecido no país por um período contínuo de pelo menos um
ano, o deixou com a intenção de residir noutro país por um período contínuo
igual ou superior a um ano); e emigrante temporário (pessoa que, no período de
referência, tendo permanecido no país por um período contínuo de pelo menos um
ano, o deixou, com a intenção de residir noutro país por um período inferior a
um ano). Excluem-se desta situação as deslocações com carácter de: turismo,
negócios, estudo, saúde, religião ou outra de igual teor.)
Portugal
investiu em educação mas esqueceu-se que era necessário criar empregos para os
milhares de alunos que terminam os seus cursos todos os anos. O estado
português financiou a nossa educação durante anos e agora quem irá beneficiar
dos seus frutos serão países como o Reino Unido, a Suíça e Alemanha, entre
outros, pois estes países são sinónimo de oportunidade, oportunidade de
adquirir e aplicar novos conhecimentos, oportunidade de ter um futuro.
Segundo dados do Pordata, o número de emigrantes
permanentes têm vindo a aumentar: em 2000, saíram do país 4692 emigrantes
permanentes; em 2014, o número subiu para 49572; tendo havido uma diminuição em
2015, registando se 40337 emigrantes permanentes. Em relação a emigrantes
temporários, foram registados em 2000 cerca de 16641 e em 2015 cerca 60826
emigrantes temporários.
Há
então um aumento do número total de emigrantes, sendo que no ano 2000
registaram-se cerca de 21333 emigrantes e no
ano 2015 o número total de emigrantes foi de 101203,
tendo-se verificado um aumento de 474% em relação ao ano 2000.
A
procura de novas e melhores oportunidades profissionais e de um melhor nível de
vida são os principais motivos para os jovens saírem de Portugal. Estes querem
mais do que um primeiro emprego. Vão por uma carreira e farão a sua vida de
acordo com o país onde a sua formação e qualidade forem reconhecidas. Para
Portugal significa muito: estamos perante a perda da tão necessária mão-de-obra
qualificada, a tal “fuga de cérebros”. Mais importante ainda é salientar que a
emigração tem consequências graves para Portugal, contribuindo para o
envelhecimento da população portuguesa.
Existe
uma enorme necessidade de reorganização do nosso mercado laboral, numa lógica
de valorização do capital humano e da criação de oportunidades de
desenvolvimento profissional, para que se criem condições para esta geração que
se vê aliciada a emigrar e que, apesar de poder trazer algumas vantagens disso,
é uma geração altamente qualificada e preparada que muito pode dar ao país e
ajudar ao seu desenvolvimento.
Pedro Miguel Sá Lomba
[artigo de opinião produzido no
âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do
curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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