Na
altura em que escrevo este texto, faltam cada vez menos horas para se conhecer
o resultado de uma das eleições mais caricatas da história mundial
(independentemente do vencedor). De um lado, o populismo de Donald Trump e, do outro, mais do mesmo,
por parte de Hillary Clinton. Pelo
menos, é assim que penso que os Americanos vêm estes dois candidatos.
Apesar
de todas as blasfémias ditas por Trump,
de todas as falhas de bom senso, valores morais, ética e muito mais, isso parece
jogar a seu favor. O facto de ser politicamente incorreto atrai muitos mais
apoiantes que consideram danosas as incorreções cometidas pelos políticos mais
comuns, tais como a candidata Democrata, que segue um padrão de campanha igual
às montadas anteriormente por outros democratas e também por ela própria,
quando perdeu as eleições primárias democratas para Barack Obama, em 2008, seguindo sempre a mesma lógica demagógica e
do politicamente correto.
Incrivelmente,
parece não haver novidades nem qualquer evolução na forma de fazer política.
Talvez por isso a abstenção em Portugal tenha vindo a ser enorme. Talvez por
isso o partido grego “Syriza” tenha
ganho as eleições na Grécia (tendo como cabeça de cartaz Alexis Tsipras e o icónico Varoufakis),
em 2015, pois prometia algo completamente diferente - até hoje, não se sabe o
que era - dos governos anteriores. Não é pois por acaso que surgem movimentos
politicamente mais ortodoxos que, a maior parte das vezes, pouco de experiência
e noção política trazem consigo. Trazem, sim, consigo uma vertente mais
populista, vertente essa que era uma necessidade de quem não se acredita mais
na generalidade das instituições públicas e de quem consegue chegar a esses
órgãos de suposto interesse nacional.
Desta
forma, a evolução da extrema-direita na Áustria - cujo partido de extrema-direita
esteve muito perto de vencer a segunda volta das eleições Presidenciais, em
Maio deste ano, o desenrolar do Referendo Nacional Húngaro, acerca dos
Refugiados promovido seu governo, ou ainda o reaparecimento de Marine Le Pen devem ser levados a sério.
Algo que não parece ter acontecido nos Estados Unidos, em que o aparecimento de
Trump era caricaturado mas, de repente e sem poucos darem conta, este tinha
tomado de assalto as mentes de muitos Americanos.
Pese
embora, estes exemplos todos, é de reconhecer as diferenças de estar por parte
dos cidadãos de todos estes países perante o funcionamento do país enquanto
Estado, no verdadeiro sentido da palavra.
Posto
isto, a ousadia de Trump irá, sem
dúvida, incentivar mais movimentos extremistas (por vezes também populistas!!),
sobretudo na União Europeia. Europa essa bastante frágil, sem um rumo ainda
definido e que vai adiando algumas decisões, como é o caso da entrada ou não de
mais refugiados no espaço europeu, a concretização da saída do Reino Unido ou,
até, a sua relação com a Turquia, ao mesmo tempo que Merkel perde o apoio de alguns alemães e que a Itália pode ficar
sem líder, novamente.
Para
concluir, à medida que se aproxima a hora do resultado das eleições
presidenciais nos Estados Unidos, qualquer que seja o resultado, houve perdas e
ganhos, evoluções e retrocessos. Espero que muitos dos decisores, após todo
este desenrolar, alterem a sua forma de atuar enquando políticos, pois têm a
obrigação de mudar o seu comportamento se querem realmente o voto dos
eleitores. Contudo, a Europa não pode ficar a ver como se desenrolam estas
eleições enquanto “come pipocas” pois avizinham-se tempos futuros que serão
politicamente controversos, alimentados por diferentes ideologias políticas que
terão algo em comum. Todavia, essa caraterística comum não será unir a Europa.
Jorge
Pereira
[artigo de opinião produzido no
âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do
curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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