Portugal é um país onde a emigração teve várias
variações ao longo da sua história, registando-se períodos em que Portugal era
um país recetor, ou seja, os níveis de imigração eram superiores aos de
emigração, e periodos em que as pessoas procuravam sair do país para procurar
melhorar as suas vidas no estrangeiro.
Desta maneira, a alta emigração conjugada com
uma baixa imigração faz com que Portugal seja cada vez mais um país de
“repulsão”. Portugal, em 2015, teve um número de saídas de cidadãos nacionais
para o estrangeiro de cerca de 101 mil, números bastante elevados
comparativamente aos dos primeiros anos do século XXI, onde número de
emigrantes rondava valores entre os 21 mil e os 27 mil. Dentro destes valores,
em 2015, a maioria continua a ser emigração temporária, cerca de 60.826,
enquanto a emigração permanente regista valores de 40.377.
Em 2014, cerca de 30 mil portugueses emigraram
para o Reino Unido, sendo este o principal destino dos emigrantes nacionais.
Segundo os últimos dados, a comunidade portuguesa no Reino Unido já ultrapassa
as 107 mil pessoas, sendo que cerca de metade destes emigrantes vive na zona de
Londres. São números preocupantes, visto que a maioria destes emigrantes são
qualificados, formados em Portugal e não podem dar o seu contributo para o
desenvolvimento do país: por exemplo, dos 3500 enfermeiros formados em
Portugal, em 2013, cerca de um terço deles emigrou para o Reino Unido.
A emigração em Portugal tem-se acentuado fortemente,
principalmente entre os jovens recém-licenciados. Em Portugal, em 2015, cerca
de 26,5%, dos jovens com idade inferior a 25 anos estão desempregados, ou seja,
face a estes números, muitos jovens procuram emprego no estrangeiro, onde
conseguem, muitas vezes, melhores condições de trabalho e onde são mais bem
remunerados comparativamente com o nosso país.
A emigração trás várias consequências para a
economia de um país, como por exemplo o envelhecimento da população, que causa
uma diminuição da população ativa, ou seja, menos pessoas ativas contribuem com
impostos para o crescente número de pessoas em situação de reforma, o que causa
uma desestabilização do sistema social. No entanto, existem vantagens com a
emigração: eventualmente, vai haver mais oportunidades para as pessoas que permanecem
no país, o que vai originar uma descida da taxa de desemprego, o que leva a uma
melhoria do nível de vida, resultante de uma subida dos salários.
Apesar da descida da emigração em 2016,
compartivamente com 2015, o saldo migratório continua negativo pelo quinto ano
consecutivo, o que significa que Portugal nos dias de hoje não é um país que as
pessoas procuram para trabalhar.
Na minha opinião, o Governo devia criar
condições de trabalho e implementar novas oportunidades para que as pessoas,
principalmente jovens licenciados, não sintam necessidade de se realizar profissionalmente
no estrangeiro. Além disso, tal irá possibilitar que estes jovens qualificados
contibuam para o desenvolvimento da economia do país no qual foram formados,
através dos seus conhecimentos e, numa perspetiva mais tributária, através de
impostos.
Nuno Afonso Cruz Loureiro
[artigo de opinião
produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do
3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário