Para
uma empresa se classificar como PME tem de empregar um número inferior a 250
trabalhadores e ter um volume de negócios igual ou menor que 50 milhões de euros.
Coloca-se, então, a seguinte questão: “Será que as pequenas e médias empresas
são o motor de crescimento da Economia Portuguesa?”
Em
março de 2016 foi publicado um estudo do INE sobre a situação das empresas não
financeiras portuguesas relativamente ao ano de 2014, sendo que no total
existiam 1127317 entidades, mais 2,7% do que em 2013. As pequenas e médias
empresas não financeiras (PME) representavam a maior parte da esfera empresarial
portuguesa, dado existirem 1126344 (99,9%) de empresas de pequena ou média
dimensão, enquanto que 973 (0,01%) eram consideradas grandes. Elas foram
responsáveis por 80% do emprego total de todas as empresas não financeiras
(cerca de 2764311 empregos) e contribuíram para mais de 60% do valor
acrescentado bruto total destas empresas (VAB), apresentando um volume de
negócios de cerca de 60% do volume de negócios total.
Podemos
verificar, através dos dados, que as PMEs assumem um papel de referência no
tecido empresarial português, sendo o motor da nossa economia. No entanto,
apesar de serem bastante expressivos, elas são as mais afetadas pelo contexto e
conjuntura económica que se verifica na atualidade. De facto, em 2008 (data de
inicio da crise), estas foram muito prejudicadas, com o número de insolvências
e falências PMEs a tomar valores muito altos, pelo que só a partir de 2014
houve uma evolução positiva de alguns indicadores.
Existe,
então, um conjunto de ameaças a estas empresas que têm de ter alguma cautela. Na
minha opinião, uma das principais ameaças ao desempenho das PMEs são as políticas
económicas dos governos, como o aumento dos impostos com o objetivo de controlar
o aumento da dívida pública, afetando, por consequência, a procura destas
empresas, que não conseguem competir com as empresas maiores por não terem capacidade
de redução de preços, perdendo procura interna, que é uma das grandes bases
destas empresas.
Outra
ameaça é a dificuldade na obtenção de crédito e financiamento a que estas
empresas são sujeitas. As empresas grandes têm maior capacidade de obtenção de
crédito, como se estivessem em primeira linha, pois os credores têm mais
confiança que estas vão conseguir honrar os seus compromissos, ao contrário das
PMEs que pelas suas características estão mais sujeitas ao ambiente externo.
A
crescente globalização dos mercados, a liberalização do comércio e o surgimento
de países com a China, constituem, também, uma forte ameaça às pequenas e
médias empresas devido ao facto de maior parte das empresas e indústrias destes
países conseguirem produzir a custos extremamente baixos. Podíamos competir com
eles através da qualidade, mas no contexto atual da Economia portuguesa não me
parece que os nossos consumidores prefiram qualidade a baixos preços.
É
necessário, portanto, a procura de várias soluções que permitam atenuar estas
ameaças e melhorar a situação das PMEs em Portugal, como a dinamização da bolsa
de valores para estas empresas, a redução de custos e também um incremento da
inovação. Também, atualmente, tem vindo a ser discutida no Orçamento de Estado
de 2017 uma taxa de IRC mais baixa para micro, pequenas e médias empresas do
Interior e, num anuncio feito pelo nosso primeiro-ministro, António Costa, foi
dito que é preciso encontrar novas formas de financiamento das empresas para dinamizar
a atividade económica, como a criação dos certificados de curto prazo para as Pequenas
e Médias Empresas (PMEs).
Concluindo,
apesar de todos as ameaças citadas, as PMEs portuguesas, pela sua maior
flexibilidade e capacidade de adaptação à mudança podem conseguir competir
internacionalmente através da inovação e diferenciação dos seus produtos. Contudo,
é necessário tomar medidas que lhes permitam competir com alguma segurança.
Assegurar estas condições é a base para o crescimento da Economia Portuguesa.
Miguel Ângelo Pereira Domingues
http://www.tvi24.iol.pt/economia/pme/irc-baixa-para-micro-pequenas-e-medias-empresas-do-interior
http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/antonio-costa-anuncia-novas-medidas-para-dinamizar-atividade-economica
http://saldopositivo.cgd.pt/empresas/como-medir-a-inovacao-na-sua-empresa/
http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/antonio-costa-anuncia-novas-medidas-para-dinamizar-atividade-economica
http://saldopositivo.cgd.pt/empresas/como-medir-a-inovacao-na-sua-empresa/
[artigo de opinião produzido no
âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do
curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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