terça-feira, 20 de outubro de 2009

A CHAVE PARA O FUTURO!

Vivemos num mundo onde o crescimento exponencial é um “bem necessário”, aparentemente intrínseco à sociedade. Depois de quase um século de crescimento económico sem precedentes, a sociedade moderna nada mais espera senão mais e mais crescimento. Ora, se este não existir, a sociedade deixa de funcionar e entra em “crise”. Assim sendo, como poderá este crescimento continuar se vivemos num planeta de recursos naturais finitos?
Sabe-se que o motor deste crescimento foi, e continua a ser, o petróleo. É a principal fonte de energia, a mais fácil de utilizar tendo sido, por si só, responsável por mais de metade do crescimento económico durante o século XX.: possibilita o usufruto de um sistema de transportes sem precedente na história; o avanço tecnológico presente no dia a dia de todos. Em suma, sem este líquido precioso não existiria o crescimento exponencial destas últimas gerações.
Actualmente, o Mundo consome quase 1000 barris de petróleo por segundo - uma situação insustentável, um número colossal: cerca de 1.5 quilómetros cúbicos anuais! Alimentamo-nos do “ouro negro”! Haverá futuro para nós, assim?
Nos últimos anos, tem-se notado uma crescente preocupação com as alterações climáticas e a necessidade de reduzir a dependência desta fonte de energia. Presentemente, perante a actual conjuntura económica, a cooperação entre os Estados e a aposta na sustentabilidade, sobretudo nas energias renováveis, são o futuro, em particular da Europa. A crise mais séria é a do ambiente e nenhum argumento é suficiente para justificar este excessivo consumo de recursos limitados.
A globalização é, hoje, uma crescente "interconexão" das aspirações dos vários países e dos impactos ambientais que daí poderão advir. Por isso, o mais importante será agir em união, ter coragem e fomentar as iniciativas necessárias para que as grandes potencialidades da energia renovável sejam visíveis. São alturas de crise, como a de hoje, que potenciam a mudança, o olhar para os sinais e para o futuro de uma política sustentável e a aposta no desenvolvimento das novas energias.
Alguns defendem a continuidade do consumo do petróleo e o desenvolvimento da energia nuclear mas, o que é facto é que ambas são demasiado arriscadas e insustentáveis a longo prazo. A energia nuclear é, segundo Joschka Fischer, vice-chanceler alemão, “uma tecnologia muito arriscada se cair nas mãos erradas”. Para além disso existe a questão de o que fazer aos seus resíduos? Ainda hoje é difícil responder a este problema.
A actual situação financeira acabará por ferir a economia global, sendo preciso liderança política e o fim de uma percepção errada, onde se investe em "produtos de ontem" sem ver as potencialidades dos “produtos de hoje”. Actualmente, as renováveis são “a chave para o futuro”.
No que diz respeito ao panorama português, deve salientar-se que o país tem um enorme potencial nessas fontes que podem e devem ser exploradas, não só para reduzir a dependência energética externa mas também para proteger o ambiente. Sendo assim, Portugal estará numa posição privilegiada para compensar o défice natural das fontes de energia não renováveis, tornando-se pioneiro na diminuição da dependência energética e colocando-se na vanguarda de um desenvolvimento sustentável.
Consciente disso, o país assumiu um compromisso: em 2010, dispor de 45% da energia eléctrica gerada a partir de fontes renováveis. Portugal, com 30.1%, ocupa a quarta posição na tabela dos países europeus com maior consumo de electricidade gerada a partir de fontes renováveis (de acordo com o divulgado pelo INE espanhol), consequência da preocupação ambiental do governo. Ora, corresponde ao dobro da média apurada na EU a 27, com apenas 15,6%.
Portugal apresenta um projecto de construção de cinco novas barragens no Alto Tâmega, um dos projectos hídricos mais ambiciosos dos últimos 25 anos na Europa. Muitos criticam este plano dizendo que apenas vem dar sentido às velhas aspirações de crescimento empresarial dos produtores e transportadores de electricidade, para além do desrespeito pelos valores da paisagem e dos ecossistemas ribeirinhos, de menosprezar o valor multidimensional do recurso da água, já para não falar nas perdas ambientais para as populações daquelas zonas.
Todas estas considerações são justas, legítimas e é imperativo tentar amenizar estas consequências mas, o que é facto é que estas centrais hidroeléctricas produzirão dois mil gigawatts por hora (3% do consumo português). Trata-se de produzir aqui o que estamos a importar.
Então, o futuro para Portugal como para o resto do mundo passa pela aposta no renovável.
Fábio Lima
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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