domingo, 25 de outubro de 2009

Um Economista no Ministério das Obras Públicas

José Sócrates anunciou actualmente os nomes constituintes do novo governo. António Augusto de Ascenção Mendonça, com 55 anos, foi nomeado como novo ministro das obras públicas, transportes e comunicações.
Professor catedrático do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão) e doutorado em Economia foi presidente do conselho directivo do ISEG. Tal como o seu antecessor, Mário Lino, foi militante do PCP, mas é como independente que entra agora no governo.
Com vasta obra no domínio da política comunitária e com vasta experiência de estudos realizados para o Ministério da Economia no âmbito da competitividade da economia Portuguesa, surge agora como o nome forte nas Obras Públicas, Transportes e Comunicações, por onde passará muito do desenvolvimento do país nos próximos anos, com a aposta em investimentos públicos modernizadores e estratégicos.
Na época antecedente às eleições, a realização ou não das grandes obras públicas constituiu uma das principais questões para o futuro do nosso país. Averiguamos que de um lado encontrava-se o ex-ministro das finanças, Campos e Cunha, que criticou os investimentos em obras públicas dizendo que são impraticáveis porque agravam muito a divida pública e nem sequer podem ser justificados como medidas keynesianas de estímulo económico, já que demoram muito tempo a ter efeitos práticos. Do lado oposto encontrava-se António Mendonça que, estando integrado na lista do chamado “Manifesto dos 51”, pugnava pela defesa das obras públicas. Considerava o investimento público como o motor fundamental para o desenvolvimento da economia. Afirmando que investimentos necessários para o desenvolvimento do país devem ser realizados de modo a promover emprego, desenvolver a economia e criar condições para a sua modernização. Justificando que o endividamento público, sendo inevitável, pode ser atenuado pelo seu desfasamento ao longo do tempo. Visto que, como as obras em questão (Novo Aeroporto, TGV, Novas Auto-estradas) têm um prazo de construção longo e o seu pagamento ainda mais longo será, não afectarão em demasia o défice publico nem terão um impacto tão importante na divida publica, será isto real, não iremos criar uma divida que não nos será possível saldar?
Assim sendo, e reflectindo sobre a escolha de José Sócrates, para a nomeação do novo ministro das obras públicas transportes e comunicações, podemos entender que a vontade do primeiro-ministro passa por implementar a política de execução das grandes obras públicas e talvez de privilegiar os critérios politicos e de boa gestão, sobre os critérios de simples execução, uma vez que preferiu um economista a um engenheiro. Terá sido esta a escolha mais correcta? Permitir-nos-á enfrentar estes dias sombrios com melhor qualidade de vida? Veremos, para já ficamos com um novo conceito no Ministério que promete fazer a diferença num momento importante de crise nacional.

Ana Peixoto

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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