Quando acabará a presente crise mundial e nacional, ninguém sabe, mas são muitos os que tentam adivinhar. Nos últimos tempos tem-se verificado uma melhoria do enquadramento económico, bem como várias revisões em alta das previsões económicas. Tudo isto leva-nos a acreditar que em parte o pior poderá já ter passado.
Lá fora os indicadores de confiança económica têm subido. Na Alemanha a confiança empresarial sobe pelo sexto mês consecutivo, informação avançada pelo Instituto De Pesquisa Económica alemã. Nos EUA a confiança dos consumidores encontra-se ao nível de Janeiro de 2008, o que pode estar relacionado com aumento da actividade económica americana, revela a Reserva Federal. Em Portugal, a situação é similar, com Indicadores de Confiança para a Indústria, Comércio e Serviços a registarem valores cada vez mais animadores ao longo dos últimos meses deste ano. Apesar de tudo a taxa de desemprego continua a aumentar em Portugal, registando 9,1% no segundo trimestre de 2009, uma penalização de 1,8pp em termos homólogos. Para 2010 a OCDE prevê uma taxa de desemprego de 11,7%, em Portugal, acima da média dos países da OCDE que se aproximará dos 10%.
Apesar do ritmo de crescimento do desemprego apresentar sinais de abrandamento, a curto-prazo não são esperadas reduções na taxa desemprego. Alias tal apenas se deverá desenrolar quando o crescimento for significativo/sustentado (de acordo com a Lei de Okun para haver uma redução de 1pp no desemprego é necessário que o produto cresça 2%).
Se por um lado é indiscutível que o panorama actual é mais favorável que o encontrado há alguns meses atrás, dizer-se que “a crise já lá vai” é simplesmente insensato. O facto de as empresas estarem mais confiantes é por si só um sinal positivo, porém o acesso ao crédito ainda se encontra um pouco dorido, é certo que as taxas de juro EURIBOR têm desde há vários meses uma tendência de descida, a EURIBOR a 6 meses era de 1,020% a 25-09-2009 quando há um ano era de 5,296%. Em contra ciclo os spreads bancários têm aumentado, uma forma das instituições bancárias diminuírem o risco, mas que condiciona a actividade económica. Sem financiamento muitos projectos ficam parados e a actividade económica é estagnada.
Outro assunto que é de estrema relevância quando se fala em fim de crise é a decisão de cessação de estímulos à economia. No último ano, ouvimos muitas vezes falar dos estímulos/incentivos à actividade económica. Desde nacionalizações, para evitar o colapso da banca, ao aumento dos gastos públicos, que levou ao aumento dos défices de diversos países, descida da taxa de juro, etc. Se o momento de início destes mesmos estímulos é importante, o momento de “retirada” não fica atrás, uma redução precoce numa fase ainda precária de retoma conduz-nos novamente à recessão. Um atraso levará ao “sobreaquecimento” que mais tarde necessita de controlo com consequências que não são positivas, como é o caso de elevada inflação.
Para concluir, em alturas de crise é importante ser optimista, porém sem nunca esquecer que ser realista é ainda mais importante. À medida que indicadores económicos vão sofrendo melhorias, é natural que os níveis de confiança dos consumidores e empresários também melhorem. Contudo, existe o risco destes resultados serem inflacionadas criando uma falsa sensação de fim de crise o que não poderá ser positivo nos próximos tempos. Acima de tudo devemos aprender com os tempos que vivemos, para que não se repitam erros do passado e espero que este sentimento de precaução se mantenha nos próximos tempos.
Célio Oliveira
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=1091215&div_id=1730
Boletim Mensal de Economia Portuguesa nº9 Setembro 2009
http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0000593&selTab=tab0
http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?channelid=00000021-0000-0000-0000-000000000021&contentid=288BB6D0-5DCB-453D-B1E4-28336B584B1A
http://www.oecd.org/document/22/0,3343,en_2649_34251_43687958_1_1_1_37457,00.html
Http://www.bpiinvestimentos.pt/Mercados/QuadroCotacoesIndexantes.asp
http://www.gpeari.min-financas.pt/
http://www.bancodeportugal.pt/
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=388933
Lá fora os indicadores de confiança económica têm subido. Na Alemanha a confiança empresarial sobe pelo sexto mês consecutivo, informação avançada pelo Instituto De Pesquisa Económica alemã. Nos EUA a confiança dos consumidores encontra-se ao nível de Janeiro de 2008, o que pode estar relacionado com aumento da actividade económica americana, revela a Reserva Federal. Em Portugal, a situação é similar, com Indicadores de Confiança para a Indústria, Comércio e Serviços a registarem valores cada vez mais animadores ao longo dos últimos meses deste ano. Apesar de tudo a taxa de desemprego continua a aumentar em Portugal, registando 9,1% no segundo trimestre de 2009, uma penalização de 1,8pp em termos homólogos. Para 2010 a OCDE prevê uma taxa de desemprego de 11,7%, em Portugal, acima da média dos países da OCDE que se aproximará dos 10%.
Apesar do ritmo de crescimento do desemprego apresentar sinais de abrandamento, a curto-prazo não são esperadas reduções na taxa desemprego. Alias tal apenas se deverá desenrolar quando o crescimento for significativo/sustentado (de acordo com a Lei de Okun para haver uma redução de 1pp no desemprego é necessário que o produto cresça 2%).
Se por um lado é indiscutível que o panorama actual é mais favorável que o encontrado há alguns meses atrás, dizer-se que “a crise já lá vai” é simplesmente insensato. O facto de as empresas estarem mais confiantes é por si só um sinal positivo, porém o acesso ao crédito ainda se encontra um pouco dorido, é certo que as taxas de juro EURIBOR têm desde há vários meses uma tendência de descida, a EURIBOR a 6 meses era de 1,020% a 25-09-2009 quando há um ano era de 5,296%. Em contra ciclo os spreads bancários têm aumentado, uma forma das instituições bancárias diminuírem o risco, mas que condiciona a actividade económica. Sem financiamento muitos projectos ficam parados e a actividade económica é estagnada.
Outro assunto que é de estrema relevância quando se fala em fim de crise é a decisão de cessação de estímulos à economia. No último ano, ouvimos muitas vezes falar dos estímulos/incentivos à actividade económica. Desde nacionalizações, para evitar o colapso da banca, ao aumento dos gastos públicos, que levou ao aumento dos défices de diversos países, descida da taxa de juro, etc. Se o momento de início destes mesmos estímulos é importante, o momento de “retirada” não fica atrás, uma redução precoce numa fase ainda precária de retoma conduz-nos novamente à recessão. Um atraso levará ao “sobreaquecimento” que mais tarde necessita de controlo com consequências que não são positivas, como é o caso de elevada inflação.
Para concluir, em alturas de crise é importante ser optimista, porém sem nunca esquecer que ser realista é ainda mais importante. À medida que indicadores económicos vão sofrendo melhorias, é natural que os níveis de confiança dos consumidores e empresários também melhorem. Contudo, existe o risco destes resultados serem inflacionadas criando uma falsa sensação de fim de crise o que não poderá ser positivo nos próximos tempos. Acima de tudo devemos aprender com os tempos que vivemos, para que não se repitam erros do passado e espero que este sentimento de precaução se mantenha nos próximos tempos.
Célio Oliveira
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=1091215&div_id=1730
Boletim Mensal de Economia Portuguesa nº9 Setembro 2009
http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0000593&selTab=tab0
http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?channelid=00000021-0000-0000-0000-000000000021&contentid=288BB6D0-5DCB-453D-B1E4-28336B584B1A
http://www.oecd.org/document/22/0,3343,en_2649_34251_43687958_1_1_1_37457,00.html
Http://www.bpiinvestimentos.pt/Mercados/QuadroCotacoesIndexantes.asp
http://www.gpeari.min-financas.pt/
http://www.bancodeportugal.pt/
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=388933
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo), da EEG/UMinho]
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