segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A TAXA DE DESEMPREGO EM PORTUGAL PODERÁ ATINGIR OS 11% JÁ EM 2010

Nos últimos dez anos Portugal registou um crescimento fraco, inferior ao que era típico historicamente e, por isso, incapaz de gerar emprego suficiente para responder ao aumento da oferta de trabalho. O desemprego tem tido sempre dificuldade em ajustar-se, portanto quando se dá a retoma da actividade económica sustentada, o emprego leva muito tempo a recuperar e, quando o faz nunca atinge um nível tão alto como antes da crise.
Segundo o INE, o número de pessoas desempregadas já ultrapassa o meio milhão, quase duplicou na última década, atingindo agora os 507,7 mil indivíduos. No 2º trimestre de 2009, a taxa de desemprego estimada foi de 9,1%. A taxa de desemprego dos homens foi de 8,7% e a das mulheres foi de 9,5%.
Este aumento do desemprego deve-se particularmente ao aumento do número de homens desempregados; ao aumento do número de desempregados à procura de emprego há menos de um ano; ao aumento do desemprego de indivíduos com um nível de escolaridade completo até ao 3º ciclo do ensino básico e consequentemente mais difíceis de reempregar; ao aumento do desemprego de indivíduos de todos os grupos etários, mas sobretudo daqueles com idade entre os 25 e os 34 anos. Os sectores da indústria, construção, energia e água foram os principais responsáveis pelo aumento do desemprego.
No 2º trimestre de 2009, de acordo com o nível de desagregação espacial NUTS II, as taxas de desemprego mais elevadas foram observadas nas regiões do Alentejo (11,3%), Norte (10,5%) e Lisboa (9,4%). Os valores mais baixos foram registados no Centro (6,3%), na Região Autónoma dos Açores (7,0%) e na Região Autónoma da Madeira (8,1%).
No entanto, o acréscimo da taxa de desemprego verificou-se em todas as regiões do país, sendo que os maiores acréscimos ocorreram na região da Madeira e Alentejo, relativamente ao trimestre anterior.
A crise económica gerou, em média, 605 novos desempregados por dia em Portugal durante os primeiros seis meses de 2009 e as previsões apontam para um aumento da taxa de desemprego, que poderá atingir os 11% já em 2010.
Recentemente o Fundo Monetário Internacional (FMI), alertou de que o desemprego em Portugal vai aumentar continuadamente até 2010, mas espera uma quebra do PIB de apenas 3% em 2009. O FMI estima, nas suas Perspectivas Económicas Mundiais, que Portugal deverá terminar o ano de 2009 com uma taxa de desemprego de 9,5%, subindo para os 11% já no próximo ano. Estas previsões são mais optimistas do que as das autoridades portuguesas, sendo que o Banco de Portugal espera para este ano uma quebra do PIB de 3,5% e o Governo de 3,4%. Em termos da inflação, o documento do FMI estima que os preços recuem 0,6% este ano, subindo cerca de 1% em 2010.
A Taxa de desemprego em Portugal (9,1%) está acima dos 8,6% da média dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económicos (OCDE). De acordo com os dados da OCDE, no conjunto dos 30 membros da organização, a taxa de desemprego subiu 0,1 pontos percentuais, face a Julho, para 8,6%, o que representa uma subida de 2,3 pontos percentuais, relativamente a Agosto de 2008.
Portugal apresenta a oitava maior taxa de desemprego dos países da OCDE, seguido da Espanha (18,9%), Irlanda (12,5%), Eslováquia (11,6%), França (9,9%), Estados Unidos (9,7%), Hungria (9,6%) e Suécia (9,4%). Na Zona Euro, em Agosto, a taxa de desemprego era de 9,6% e na União Europeia era de 9,1%.
A subida do desemprego não tem solução a curto prazo. As causas para o desemprego são sempre as mesmas: a baixa qualificação da mão-de-obra e dos empregadores; a produção é marcada pelas pequenas e médias empresas ou ainda pela necessidade de um choque tecnológico em diversos sectores.
Nem só de pessoas mais velhas e com baixas qualificações se compõe o rosto do desemprego. Os jovens entre os 25 e 34 anos representam grande parte do número de desempregados, sendo que a maior parte deles são licenciados.
É um facto que qualificação gera emprego e assegura um aumento na economia do país, mas se assim é, porque é que nos encontramos neste estado deplorável? Cada vez mais se torna complicado entrar no mercado de trabalho após a conclusão de graus académicos. A escassez de oportunidades leva a que os jovens emigrem, buscando o que o nosso país não pode oferecer. Com a continuação desta situação, dentro em breve voltamos uma vez mais a ter uma nova geração de emigrantes como há alguns anos aconteceu, vítimas da falta de oportunidades no próprio país.

Bárbara Teixeira
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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