terça-feira, 13 de outubro de 2009

Futuro optimista para Portugal

“Previsões do FMI indicam melhoria da situação económica. Mas a recuperação pode ser lenta agravando o desemprego”

Portugal, como não é excepção, foi um dos países que viu a sua economia ser afectada pela crise. Esta alastrou-se por todo o mundo como se fosse uma “pandemia”. As recentes previsões económicas do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam para uma recuperação da economia mundial em 2010. Ainda que a recuperação deva ocorrer em todas as regiões do mundo, verifica-se que o seu principal impulsionador é o forte crescimento das economias asiáticas em desenvolvimento sobretudo na China e na Índia. No entanto nas economias avançadas, apesar dos apoios económicos, o crescimento previsto é lento. Assim sendo, os bancos centrais têm de se preocupar mais com a estabilidade financeira. Tal como frisa o FMI, “a política monetária tem responsabilidade na crise na medida em que agiu de forma pouco abrangente, dando pouca atenção aos sinais emergentes da vulnerabilidade financeira”.
Em 2009, espera-se que o crescimento seja menos negativo. Em Abril previa-se uma recessão de -3,5% este ano e um crescimento negativo de -0,6% no próximo ano. Neste momento, as perspectivas apontam para uma recessão inferior este ano e um crescimento ligeiramente positivo em 2010. Desde o fim do verão que as perspectivas apontam para uma paragem na queda das principais economias do mundo e a sua entrada em trajectória de subida.
De acordo com as previsões feitas até então, a queda da produção em Portugal é menos profunda que a registada na restante Europa, e o crescimento previsto para o próximo ano, 0,4% PIB, será superior ao da Zona Euro, 0,3% PIB. Existem dois factores que explicam a alteração na sincronização dos ciclos com a Europa, um dos quais se relaciona com fraco crescimento da economia portuguesa desde o início do século XXI e outro com a diversificação das exportações. Espera-se que em Portugal, o crescimento do próximo ano manterá ainda o PIB em valores inferiores aos verificados em 2008, o que irá gerar ainda mais desemprego. A taxa de desemprego apresentada embora que elevada, 11%, será mais favorável do que a prevista pela OCDE que apontou para 11,7%. Apesar das previsões positivas, as perspectivas são as de agravamento do desemprego para um país onde este já era alto mesmo antes do início da recessão mundial, afectando de forma particular os jovens, onde há um claro défice de cobertura no sistema de protecção do desemprego, deixando uma parte significativa de desempregados sem acesso ou com as prestações de desemprego esgotadas.
Perante os sinais de melhoria das condições económicas (-0,8% em 2009 e 0,3% em 2010), o INE e a Comissão Europeia denotaram um aumento na confiança dos empresários e consumidores. No que respeita ao indicador de confiança económica calculado em Bruxelas, as respostas apontam para que empresários e consumidores estejam agora com níveis de optimismo nunca vistos nos últimos 12 meses. Nunca desde Setembro de 2007, aquando do início da crise, os consumidores estiveram tão optimistas. O indicador de clima económico, que mede o pulso à confiança dos empresários dos sectores de construção, indústria, serviços e comércio, registou novo máximo desde Outubro de 2008.
Em última análise, apesar de a recuperação ser lenta, esta é uma crise em que “Portugal tem estado menos mal”. De acordo com a regra, quando a Europa está a crescer Portugal cresce a um ritmo superior, no entanto quando a Europa entra em crise, a recessão por aqui é mais grave. Facto este que se deve à pequena dimensão da economia portuguesa.

Patrícia Cristina Cruz de Sousa

Referências Bibliográficas:
Jornal de Negócios nº1591 a 1598
Instituto Nacional de Estatística (INE)
Relatório FMI 2009
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo), da EEG/UMinho]

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