Em época de crise financeira são inúmeros os efeitos negativos sobre os países e os seus cidadãos. Os cidadãos, juntamente com as empresas, acabam por suportar um peso significativo dos resultados desta crise. Este facto sentiu-se notoriamente no endividamento com crédito mal parado.
Os factores que contribuem para o descontrolo do pagamento dos empréstimos são vários. Em tempo de crise, deparamo-nos com uma alteração dos rendimentos, a constante subida da taxa de desemprego em Portugal e as alterações das taxas de juro. Tudo isto acrescentando o excessivo endividamento causa inevitavelmente crédito mal parado, não só por parte das famílias mas também por parte das empresas. Por parte das famílias, factores como doença ou divórcio prejudicam o seu equilíbrio económico, no entanto é o desemprego que pesa mais. Do lado das empresas, o facto de produzirem/fornecerem menos, uma vez que existe menos consumo e uma menor procura, levam muitas a fechar e não conseguir concluir o pagamento em divida realizado para inicio de actividade.
Em termos numerários, análises/estudos realizados concluíram que, em dois anos, o crédito mal parado em Portugal aumentou gradualmente, chegando aos 47 por cento, ou seja, cerca de metade do montante dos empréstimos realizados pelos bancos não estão a ser pagos na totalidade pelos portugueses, o que acarreta consequências também para o banco, que num futuro não terá recursos próprios para conceder empréstimos. Feitas as contas, no total, as famílias portuguesas devem aos bancos três mil e quinhentos milhões de euros, relacionados com encargos com a habitação, com bens de consumo e cartões de crédito. É de realçar que este valor é mais elevado do que o valor que vai custar o novo aeroporto de Alcochete, tão mencionado nas notícias. Apesar de tudo, a situação das empresas não é muito melhor uma vez que ascende a quatro mil milhões de euros.
De acordo com o Jornal de Negócios, “os bancos estão a efectuar provisões para cobrir perdas com crédito incobráveis. Com isto, no primeiro semestre de 2009, a almofada financeira para situações como esta aumentou para 132 por cento no BES, face ao período homólogo do ano passado. Já no BCP cresceu 35 por cento e no BPI subiu 12 por cento,” o que leva os bancos a estarem mais atentos. Isto significa que os bancos vão começar a restringir a concessão de crédito, diminuindo os empréstimos drasticamente.
Como já referido, as alterações nas taxas de juro também têm uma relativa influência sobre a perda de controlo de pagamento das prestações aos bancos. A taxa de referência utilizada pelos bancos, a Euribor, em geral, desde o inicio da crise (em 2007) tem vindo a sofrer alterações significativas. Em Março de 2008, atingiu o seu valor máximo, levando as pessoas a não conseguirem pagar os empréstimos. Mais tarde, em Outubro de 2008, as taxas Euribor desceram “aliviando” um pouco os portugueses. Em Outubro de 2009, um ano depois, atingiu um novo mínimo de sempre.
Uma situação é certa, se os juros subirem, de menos rendimento disponível os cidadãos possuem e, consequentemente, menos investem noutras coisas. Se não houver consumo, as empresas não obtêm lucro, logo facilmente se depreende que nada se avança ou recupera. Conclui-se que esta descida das taxas Euribor, como politica monetária, teve impactos significativos no caso português, pois foi um dos principais factores que levaram à melhor situação económica que vivemos neste momento. No caso das empresas, a evolução dos juros não teve o mesmo impacto "porque à redução das taxas directoras seguiu-se um aumento muito significativo dos ‘spreads' médios", provocando uma compensação aos juros mais reduzidos no sistema financeiro. No entanto, tudo indica que a Euribor venha a subir mal se sintam os primeiros sinais de retoma.
Pode-se concluir assim que, para bem da economia portuguesa assim como para os seus cidadãos uma politica monetária como a referida pode ser uma mais-valia para a situação económica e financeira de cada um, pelo que, na minha opinião, se deve apoiar este tipo de medidas. A juntar a estas medidas, para as empresas que não têm tantos benefícios com a taxa de juro, o Estado e entidades competentes devem apoiar com subsídios as mesmas ou alterar/implementar as condições de empréstimo, como, por exemplo, alterar as formas de pagamento para as empresas que não obtêm lucro. Com tudo isto, e mais umas medidas ajustáveis ao cenário em que vivemos, espera-se que a crise comece a esmorecer, apesar de ainda haver um “longo caminho” a percorrer nos próximos anos.
Lara Isabel Leite
Os factores que contribuem para o descontrolo do pagamento dos empréstimos são vários. Em tempo de crise, deparamo-nos com uma alteração dos rendimentos, a constante subida da taxa de desemprego em Portugal e as alterações das taxas de juro. Tudo isto acrescentando o excessivo endividamento causa inevitavelmente crédito mal parado, não só por parte das famílias mas também por parte das empresas. Por parte das famílias, factores como doença ou divórcio prejudicam o seu equilíbrio económico, no entanto é o desemprego que pesa mais. Do lado das empresas, o facto de produzirem/fornecerem menos, uma vez que existe menos consumo e uma menor procura, levam muitas a fechar e não conseguir concluir o pagamento em divida realizado para inicio de actividade.
Em termos numerários, análises/estudos realizados concluíram que, em dois anos, o crédito mal parado em Portugal aumentou gradualmente, chegando aos 47 por cento, ou seja, cerca de metade do montante dos empréstimos realizados pelos bancos não estão a ser pagos na totalidade pelos portugueses, o que acarreta consequências também para o banco, que num futuro não terá recursos próprios para conceder empréstimos. Feitas as contas, no total, as famílias portuguesas devem aos bancos três mil e quinhentos milhões de euros, relacionados com encargos com a habitação, com bens de consumo e cartões de crédito. É de realçar que este valor é mais elevado do que o valor que vai custar o novo aeroporto de Alcochete, tão mencionado nas notícias. Apesar de tudo, a situação das empresas não é muito melhor uma vez que ascende a quatro mil milhões de euros.
De acordo com o Jornal de Negócios, “os bancos estão a efectuar provisões para cobrir perdas com crédito incobráveis. Com isto, no primeiro semestre de 2009, a almofada financeira para situações como esta aumentou para 132 por cento no BES, face ao período homólogo do ano passado. Já no BCP cresceu 35 por cento e no BPI subiu 12 por cento,” o que leva os bancos a estarem mais atentos. Isto significa que os bancos vão começar a restringir a concessão de crédito, diminuindo os empréstimos drasticamente.
Como já referido, as alterações nas taxas de juro também têm uma relativa influência sobre a perda de controlo de pagamento das prestações aos bancos. A taxa de referência utilizada pelos bancos, a Euribor, em geral, desde o inicio da crise (em 2007) tem vindo a sofrer alterações significativas. Em Março de 2008, atingiu o seu valor máximo, levando as pessoas a não conseguirem pagar os empréstimos. Mais tarde, em Outubro de 2008, as taxas Euribor desceram “aliviando” um pouco os portugueses. Em Outubro de 2009, um ano depois, atingiu um novo mínimo de sempre.
Uma situação é certa, se os juros subirem, de menos rendimento disponível os cidadãos possuem e, consequentemente, menos investem noutras coisas. Se não houver consumo, as empresas não obtêm lucro, logo facilmente se depreende que nada se avança ou recupera. Conclui-se que esta descida das taxas Euribor, como politica monetária, teve impactos significativos no caso português, pois foi um dos principais factores que levaram à melhor situação económica que vivemos neste momento. No caso das empresas, a evolução dos juros não teve o mesmo impacto "porque à redução das taxas directoras seguiu-se um aumento muito significativo dos ‘spreads' médios", provocando uma compensação aos juros mais reduzidos no sistema financeiro. No entanto, tudo indica que a Euribor venha a subir mal se sintam os primeiros sinais de retoma.
Pode-se concluir assim que, para bem da economia portuguesa assim como para os seus cidadãos uma politica monetária como a referida pode ser uma mais-valia para a situação económica e financeira de cada um, pelo que, na minha opinião, se deve apoiar este tipo de medidas. A juntar a estas medidas, para as empresas que não têm tantos benefícios com a taxa de juro, o Estado e entidades competentes devem apoiar com subsídios as mesmas ou alterar/implementar as condições de empréstimo, como, por exemplo, alterar as formas de pagamento para as empresas que não obtêm lucro. Com tudo isto, e mais umas medidas ajustáveis ao cenário em que vivemos, espera-se que a crise comece a esmorecer, apesar de ainda haver um “longo caminho” a percorrer nos próximos anos.
Lara Isabel Leite
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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