sábado, 24 de outubro de 2009

A Euribor e o poder de compra das famílias portuguesas

Com a falência da Lehman Brothers há pouco mais de um ano, a Euribor reagiu à crise de confiança instalada ultrapassando os 5% em Setembro do ano passado. A Euribor - Euro Interbank Offered Rate, taxa de juro média à qual são negociados os depósitos a prazo interbancários em Euros, dentro da zona Euro, é a principal referência nos empréstimos à habitação em Portugal.
Depois do mercado financeiro ter entrado em colapso em resultado da falência da quarta maior instituição bancária nos Estados Unidos da América, o BCE teve de actuar para controlar os danos. De forma a combater a crise de confiança que desencorajava o empréstimo de dinheiro entre bancos, o BCE estabeleceu como objectivo prioritário a injecção de liquidez no mercado e a descida das taxas de juro. A coordenação dos bancos centrais foi fundamental para a diminuição do risco nos empréstimos interbancários. Este facto pode ser verificado através das descidas consecutivas das taxas de juro nos últimos 12 meses, em especial da Euribor a 6 meses, para um nível histórico de 1%. Esta descida fez com que os encargos com os juros relativos aos empréstimos diminuíssem.
Mas se as famílias têm agora mais rendimento disponível, como se explica as notícias desanimadoras que falam sobre a dificuldade das famílias se sustentarem? Apesar de fazer pouco sentido esta co-existência de realidades, a explicação pode estar no excesso de confiança que em outros tempos apelou ao consumo e ao gasto de dinheiro de que as famílias não dispunham. Num cenário de optimismo, foram contraídos empréstimos. Agora, num cenário de pessimismo, em que muitas famílias perderam o seu sustento, esses empréstimos têm de continuar a ser pagos.
As recentes previsões do BCE apontam para o aumento do PIB e do nível dos preços, ao contrário do que até agora se tem verificado na Zona Euro, pelo que é de esperar que a Euribor suba a partir do segundo trimestre de 2010.
Segundo as projecções macroeconómicas para a área do euro revelada pelo BCE, a recuperação deverá ser lenta e gradual em todo o mundo. As previsões são de que o crescimento real médio anual do PIB seja negativo em 2009, entre -4.4% e -3.8%, situando-se depois entre -0.5% e +0.9% em 2010. Relativamente ao indicador utilizado pelo BCE para medir a inflação na área do euro - o IHPC, está previsto que se situe entre 0.8% e 1.6% em 2010 contra as previsões apontadas para este ano de que o IHPC se situe entre 0.2% e 0.6%.
Numa perspectiva de melhoria económica, ainda que ligeira como indicam os dados anteriores, espera-se a subida generalizada dos preços e das taxas de juro. Este facto fará aliviar a pressão sobre as empresas que com a deflação actual vêem os salários reais aumentarem. Apesar do aumento generalizado dos preços parecer mau para as famílias, este pode impedir que mais empresas fechem as portas lançando milhares de pessoas no desemprego.

Cláudia Carvalho
Claudia_lopes_carvalho@msn.com

Lista de Referências Bibliográficas:
Jornal de Negócios nº 1600
Jornal de Negócios nº 1601
www.ecb.int/ - Site do Baco Central Europeu
www.jornaldenegocios.pt/ - Site do Jornal de Negócios
www.euribor-rates.eu – Site sobre a Euribor
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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