A partir da década de 90, o endividamento das famílias portuguesas subiu em flecha, tomando, actualmente, valores verdadeiramente assustadores.
Com a adesão à zona euro e com o processo de convergência, o nível de vida das famílias portuguesas tendeu a aproximar-se da média europeia, traduzindo-se num maior consumo das famílias. Por outro lado, assistiu-se a uma queda acentuada das taxas de juro nominais e a uma campanha agressiva da banca que facilitou, em demasia, a obtenção de crédito. Isto levou a que muitas famílias assumissem compromissos que ultrapassavam em muito a taxa de esforço aceitável e a banca, sem ter em consideração a dimensão do risco, age de um modo totalmente imprudente.
A sociedade portuguesa, que até então tinha taxas de poupança acima da média europeia, começa a adoptar um comportamento despesista e consumista. As famílias consomem mais do que o que podem, excedendo o seu rendimento e, numa atitude de “fuga para a frente”, solicitam novos empréstimos para cumprimento das obrigações contraídas, formando-se um ciclo vicioso. Segundo dados da DECO, hoje em dia existem famílias que possuem de 4 a 10 créditos.
Há famílias portuguesas em situações particularmente difíceis, que perderam os seus empregos tendo na mesma que arcar com todas as despesas, com filhos, casa, etc., e que realmente precisam de ajuda para saírem desta situação de certo modo inesperada. Mas também existe uma realidade mais difícil de aceitar: a maior parte das famílias faz uma má gestão do seu rendimento, nunca se precavendo para uma eventual “crise”. Também, muitas não privam de umas feriazinhas, de um carro novo ou de outro tipo de luxos que, para os obter, recorrem a créditos pessoais com taxas de juro elevadíssimas, não cuidando do seu futuro.
De ano para ano, o número de pedidos de ajuda à DECO aumenta, e desde que a crise se instalou em 2007 que o aumento se tornou exponencial. Em 2004 o endividamento das famílias atingiu os 117% do rendimento anual disponível e em 2008 representava já mais de 135%, levando a que em 2009 o sobreendividamento das famílias bata todos os recordes.
A subida das taxas de juro que atingiram o seu máximo no final do 3.º trimestre de 2008 e o consequente aumento dos encargos levou a que muitas famílias deixem de poder pagar as suas prestações e entram em situação de insolvência, fazendo disparar o crédito mal parado.
a actual crise financeira e o aumento do desemprego vieram agravar, ainda mais, a situação. Mesmo quem não perdeu o seu posto de trabalho vive momentos de instabilidade, pois muitas empresas não estão a pagar atempadamente os salários e praticamente deixaram de pagar horas extras. Basta vermos que, segundo dados da DECO, o perfil das famílias que recorrem a ajudas se alterou: agora também pedem ajuda famílias com rendimento mais elevado. O problema é que, por vergonha, pedem ajuda já numa situação de desespero e total incapacidade de cumprir com as suas obrigações.
A actual baixa das taxas de juro e a consequente descida dos seus encargos tem dado uma “folga” às famílias que mantiveram os seus empregos, mas a breve prazo estas entrarão novamente num ciclo de subida e colocá-las-á novamente em dificuldade.
Uma possível solução para tentar resolver este problema poderá ser a melhoria salarial sustentada pelo acréscimo da produtividade e uma maior consciencialização das famílias para assumirem uma atitude mais responsável e prudente nos seus hábitos de consumo.
Considero também que cabe uma certa responsabilidade às autoridades públicas, que deveriam obrigar as instituições de crédito a prestar informações claras e completas e regular as relações contratuais de modo a evitar situações abusivas e tentar que as situações de sobreendividamento não se tornem eternas nem irrecuperáveis.
Com a adesão à zona euro e com o processo de convergência, o nível de vida das famílias portuguesas tendeu a aproximar-se da média europeia, traduzindo-se num maior consumo das famílias. Por outro lado, assistiu-se a uma queda acentuada das taxas de juro nominais e a uma campanha agressiva da banca que facilitou, em demasia, a obtenção de crédito. Isto levou a que muitas famílias assumissem compromissos que ultrapassavam em muito a taxa de esforço aceitável e a banca, sem ter em consideração a dimensão do risco, age de um modo totalmente imprudente.
A sociedade portuguesa, que até então tinha taxas de poupança acima da média europeia, começa a adoptar um comportamento despesista e consumista. As famílias consomem mais do que o que podem, excedendo o seu rendimento e, numa atitude de “fuga para a frente”, solicitam novos empréstimos para cumprimento das obrigações contraídas, formando-se um ciclo vicioso. Segundo dados da DECO, hoje em dia existem famílias que possuem de 4 a 10 créditos.
Há famílias portuguesas em situações particularmente difíceis, que perderam os seus empregos tendo na mesma que arcar com todas as despesas, com filhos, casa, etc., e que realmente precisam de ajuda para saírem desta situação de certo modo inesperada. Mas também existe uma realidade mais difícil de aceitar: a maior parte das famílias faz uma má gestão do seu rendimento, nunca se precavendo para uma eventual “crise”. Também, muitas não privam de umas feriazinhas, de um carro novo ou de outro tipo de luxos que, para os obter, recorrem a créditos pessoais com taxas de juro elevadíssimas, não cuidando do seu futuro.
De ano para ano, o número de pedidos de ajuda à DECO aumenta, e desde que a crise se instalou em 2007 que o aumento se tornou exponencial. Em 2004 o endividamento das famílias atingiu os 117% do rendimento anual disponível e em 2008 representava já mais de 135%, levando a que em 2009 o sobreendividamento das famílias bata todos os recordes.
A subida das taxas de juro que atingiram o seu máximo no final do 3.º trimestre de 2008 e o consequente aumento dos encargos levou a que muitas famílias deixem de poder pagar as suas prestações e entram em situação de insolvência, fazendo disparar o crédito mal parado.
a actual crise financeira e o aumento do desemprego vieram agravar, ainda mais, a situação. Mesmo quem não perdeu o seu posto de trabalho vive momentos de instabilidade, pois muitas empresas não estão a pagar atempadamente os salários e praticamente deixaram de pagar horas extras. Basta vermos que, segundo dados da DECO, o perfil das famílias que recorrem a ajudas se alterou: agora também pedem ajuda famílias com rendimento mais elevado. O problema é que, por vergonha, pedem ajuda já numa situação de desespero e total incapacidade de cumprir com as suas obrigações.
A actual baixa das taxas de juro e a consequente descida dos seus encargos tem dado uma “folga” às famílias que mantiveram os seus empregos, mas a breve prazo estas entrarão novamente num ciclo de subida e colocá-las-á novamente em dificuldade.
Uma possível solução para tentar resolver este problema poderá ser a melhoria salarial sustentada pelo acréscimo da produtividade e uma maior consciencialização das famílias para assumirem uma atitude mais responsável e prudente nos seus hábitos de consumo.
Considero também que cabe uma certa responsabilidade às autoridades públicas, que deveriam obrigar as instituições de crédito a prestar informações claras e completas e regular as relações contratuais de modo a evitar situações abusivas e tentar que as situações de sobreendividamento não se tornem eternas nem irrecuperáveis.
Ana Cláudia Ferreira Azevedo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo), da EEG/UMinho]
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