quarta-feira, 28 de outubro de 2009

IGUALDADE

Um estudo recente mostra que 18 por cento dos portugueses são afectados pela pobreza, ou seja, 18 em 100 portugueses têm um rendimento mínimo mensal inferior a 406 euros. Valores tão elevados levantam muitas questões relacionadas com a forma como o País está a lidar com este problema.
Durante as semanas que antecederam as legislativas fomos sobrecarregados com as propostas dos partidos que concorriam ao poder, focando sempre os mesmos 3 ou 4 temas, podemos dizer “batendo sempre na mesma tecla”, e esquecendo muitos outros que são de importância crucial na vida de um País, a pobreza é um desses exemplos. É triste ver um governo a tentar silenciar este problema: quantas vezes ouvimos os políticos a falarem de que forma combateriam este flagelo? Que medidas tomariam para alterar a situação em que o País se encontra?
É obvio que o desemprego é uma das principais causas da pobreza, e as medidas criadas para o enfrentar estão consequentemente a combater a pobreza, mas isso não basta. A grande maioria da população considerada pobre encontra-se em idade activa, entre os 21 e os 59 anos de idade, estando portanto em perfeitas condições de participar no mercado de trabalho. Só a existência de empregos e salários é que poderá modificar esta situação e quebrar os ciclos de pobreza que estão criados, ajudando assim a reestruturar as famílias.
Também a Assistência Médica Internacional (AMI) regista um aumento nos seus centros Porta Amiga de cerca de 10 por cento de pessoas no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior; no entanto, é de realçar que 20 por cento destas pessoas se encontra empregada.
Este tema é de uma pertinência muito grande, uma vez que se está a falar da condição de vida do Ser Humano. Todas as pessoas têm (ou deveriam ter) o Direito à Igualdade, e num País que é considerado Desenvolvido, é inaceitável que uma parte da sua população ainda tenha que viver em situação tão precoce, sendo ainda pior que esta precocidade aumente de ano para ano. Quando 20 por cento da população com maior rendimento recebe aproximadamente 6,1 vezes o rendimento dos 20 por cento da população com o rendimento mais baixo, alguma alteração urge ser feita. É necessário também notar que quando se diz que 18 por cento da população vive em situação de pobreza, falamos de números oficiais, sendo este decerto um valor inferior ao real panorama da pobreza em Portugal.
A mudança depende muito da atitude do Governo, das medidas de cariz social e económico que este propõe, mas também da atitude de todos os portugueses. É necessário olhar para a pobreza de outra forma e, quando for possível, ajudar com os meios que cada um tiver à sua disposição. Aceitar que a pobreza é algo normal, ou inevitável, é que não!

Diogo Faria
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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