O ser humano tem uma capacidade de agir inconscientemente impressionante, e é nos gestos mais banais do dia a dia que verificamos isso. Torna-se impressionante quando conhecemos pessoas analfabetas que não sabem ler nem escrever, mas que têm a capacidade de gerir o seu orçamento, que são autónomas financeiramente não conhecendo sequer os números. Ou seja, quando o assunto é dinheiro, mais propriamente sustento, todos somos capazes de nos defender.
Vejamos, por alguma razão quando vamos às compras comprar algo e vemos que o preço é de 19.99€, estamos dispostos a dar esse dinheiro sem pormos em causa se será um preço elevado para o artigo em causa. Mas, se por algum motivo vemos o mesmo artigo com qualquer coisa diferente mas que custe 20,99€, aí sim, já ficamos relutantes em dar essa quantia…. É este tipo de atitudes, que nós enquanto consumidores não prestamos atenção, mas que inconscientemente nos afecta e nos leva assim a preferir o artigo que custa 19.99€ ao outro, mesmo que este último tenha um adereço que o torne mais atractivo. É claro que só presta atenção a estes pormenores quem se encontra de alguma forma “limitado” monetariamente.
Até há bem pouco tempo, foram discutidas questões relativamente ao facto de os autarcas com funções em empresas públicas do Estado poderem ou não acumular renumerações pelo facto de estarem a acumular funções. Fará esta questão sentido num país onde nos deparamos com um desemprego cada vez maior, onde as falências de empresas não param de acontecer, onde quase diariamente vemos casos de empresas que despedem marido e mulher em simultâneo deixando assim uma família desamparada sem fonte de rendimento para se sustentarem e à família? Fará sentido ainda haver discussão se pode alguém receber dois salários (que em nada se assemelham ao salário mínimo) quando muitos trabalhadores se debatem por um salário mínimo apenas? Salário mínimo esse que é igual a 450€. E mais uma vez nos questionamos: de que servem 450€ a uma família que tenha de pagar renda de casa, contas ao fim do mês, prestação do carro, comida e muitas outras coisas mais …. É muito simples, não chegam a nada, mas também é verdade que se não os houvesse ainda pior seria.
O actual presidente da CIP (Confederação da Indústria Portuguesa) Van Zeller, defende que não deverá haver aumento do salário mínimo em 2010 e o aumento dos outros salários deverá ter em conta a inflação, tomando assim uma posição contrária ao que está previsto no Acordo de Concertação Social, que prevê que o salário mínimo passe a ser de 475€ em 2010. Ou seja, está previsto um aumento de 25€ no salário mínimo nacional para 2010, cerca de 0,80 cêntimos por dia, valor esse que não é astronómico e que ajudaria num país onde segundo a AMI (Assistência Médica Internacional) a pobreza atinge 18 em cada 100 portugueses. Mas a realidade é que têm de ser sacrificadas mais pessoas em benefício do país, agravando-se assim o problema de distribuição da riqueza em Portugal.
Retomando agora o dilema inicial, e adaptando-o ao país em que o salário mínimo é 450€, fará este um cêntimo ou um euro diferença na carteira? Talvez não, ou talvez sim… Fará sim diferença no mesmo sentido que 0,80 cêntimos fazem diferença a uma empresa. Quando dizem que os mais antigos são sábios não se enganam muito, não é à toa que se diz “grão a grão enche a galinha o papo”…. Mas depende tudo do tamanho do papo, ou da ambição…
Patrícia Araújo de Barros
Referências bibliográficas:
Jornal de Negócios_20/10/2009, p.28
http://dn.sapo.pt/bolsa/interior.aspx?content_id=1394221
http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=CIP-quer-muita-contencao-na-actualizacao-de-salarios.rtp&article=288481&layout=10&visual=3&tm=6
Vejamos, por alguma razão quando vamos às compras comprar algo e vemos que o preço é de 19.99€, estamos dispostos a dar esse dinheiro sem pormos em causa se será um preço elevado para o artigo em causa. Mas, se por algum motivo vemos o mesmo artigo com qualquer coisa diferente mas que custe 20,99€, aí sim, já ficamos relutantes em dar essa quantia…. É este tipo de atitudes, que nós enquanto consumidores não prestamos atenção, mas que inconscientemente nos afecta e nos leva assim a preferir o artigo que custa 19.99€ ao outro, mesmo que este último tenha um adereço que o torne mais atractivo. É claro que só presta atenção a estes pormenores quem se encontra de alguma forma “limitado” monetariamente.
Até há bem pouco tempo, foram discutidas questões relativamente ao facto de os autarcas com funções em empresas públicas do Estado poderem ou não acumular renumerações pelo facto de estarem a acumular funções. Fará esta questão sentido num país onde nos deparamos com um desemprego cada vez maior, onde as falências de empresas não param de acontecer, onde quase diariamente vemos casos de empresas que despedem marido e mulher em simultâneo deixando assim uma família desamparada sem fonte de rendimento para se sustentarem e à família? Fará sentido ainda haver discussão se pode alguém receber dois salários (que em nada se assemelham ao salário mínimo) quando muitos trabalhadores se debatem por um salário mínimo apenas? Salário mínimo esse que é igual a 450€. E mais uma vez nos questionamos: de que servem 450€ a uma família que tenha de pagar renda de casa, contas ao fim do mês, prestação do carro, comida e muitas outras coisas mais …. É muito simples, não chegam a nada, mas também é verdade que se não os houvesse ainda pior seria.
O actual presidente da CIP (Confederação da Indústria Portuguesa) Van Zeller, defende que não deverá haver aumento do salário mínimo em 2010 e o aumento dos outros salários deverá ter em conta a inflação, tomando assim uma posição contrária ao que está previsto no Acordo de Concertação Social, que prevê que o salário mínimo passe a ser de 475€ em 2010. Ou seja, está previsto um aumento de 25€ no salário mínimo nacional para 2010, cerca de 0,80 cêntimos por dia, valor esse que não é astronómico e que ajudaria num país onde segundo a AMI (Assistência Médica Internacional) a pobreza atinge 18 em cada 100 portugueses. Mas a realidade é que têm de ser sacrificadas mais pessoas em benefício do país, agravando-se assim o problema de distribuição da riqueza em Portugal.
Retomando agora o dilema inicial, e adaptando-o ao país em que o salário mínimo é 450€, fará este um cêntimo ou um euro diferença na carteira? Talvez não, ou talvez sim… Fará sim diferença no mesmo sentido que 0,80 cêntimos fazem diferença a uma empresa. Quando dizem que os mais antigos são sábios não se enganam muito, não é à toa que se diz “grão a grão enche a galinha o papo”…. Mas depende tudo do tamanho do papo, ou da ambição…
Patrícia Araújo de Barros
Referências bibliográficas:
Jornal de Negócios_20/10/2009, p.28
http://dn.sapo.pt/bolsa/interior.aspx?content_id=1394221
http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=CIP-quer-muita-contencao-na-actualizacao-de-salarios.rtp&article=288481&layout=10&visual=3&tm=6
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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