Uma "volatilidade excessiva" das taxas de câmbio terá consequências negativas para a estabilidade económica, alerta Trichet.
Nos últimos seis meses o euro já valorizou, aproximadamente, quase 20% face ao dólar. A desvalorização estará, aparentemente, relacionada com as diferenças de cenário económico e de política monetária, agravados pelo clima de instabilidade financeira e aumento do grau de aversão ao risco. Justamente a estes factores, encontra-se a manutenção de um diferencial positivo de taxas de juro face às demais economias mundiais, que também estará a provocar a valorização progressiva do Euro nos mercados cambiais.
Esta situação preocupa muitos entendidos em Economia, nomeadamente os ministros das Finanças da Zona Euro e o Banco Central Europeu (BCE), pois altera as frágeis perspectivas de retoma da economia europeia, amplamente assentes na recuperação das exportações que ficam, assim, automaticamente mais caras e, portanto, menos competitivas no mercado mundial. Assim, torna-se evidente que será necessário que os valores do dólar voltem a níveis consistentes com a importância relativa da maior economia mundial – a dos Estados Unidos. Por outro lado, a valorização do euro pode ter um efeito positivo nas áreas em que fazemos importações em dólares, como acontece na energia, com o petróleo ou mesmo com os cereais, devendo-se ter em atenção que este efeito seguidamente poderá perder credibilidade uma vez que os mercados poderão se ajustar rapidamente, pois "uma boa parte dos interesses dos países exportadores está centrado na Europa".
Em Portugal, note-se que, os efeitos nos dias de hoje são relativamente pequenos comparativamente aos efeitos na época em que usávamos o escudo. Mesmo na Zona Euro a valorização do euro acaba por ser pequena uma vez que a opressiva maioria do nosso comércio internacional é realizado dentro da Zona Euro. Contudo, nesta situação, para Portugal, depois dos problemas no sector bancário e nos riscos à sua solvabilidade, depois da consequente restrição na concessão de crédito à economia, e depois do colapso ao comercio externo, será ainda mais difícil corrigir o desequilíbrio da balança comercial, e de melhorar a situação económica do pais.
Um outro ponto importante nesta análise da valorização do euro está relacionado com os investimentos. Na hora de investir em território norte-americano, ou em qualquer país que esteja ligado ao dólar, os europeus ficam a ganhar com a descida dessa moeda, pois passa a ser mais barato. O reverso é que captar investimentos para a zona euro também se torna mais complicado já que, para empresas e investidores estrangeiros, é mais caro. O turismo é outro sector afectado: as viagens aos países associados ao dólar são mais baratas, mas cativar turistas para a zona euro torna-se uma tarefa mais difícil. Contudo, na área de investimentos financeiros, como aplicações, poderá ser mais vantajoso os investidores e empresas norte-americanas investirem na zona Euro, consoante a taxa de juro, obtendo lucros superiores aos que poderiam obter em território nacional, pelo que cabe ao BCE a gestão eficiente dos valores das taxas de juro.
Com tudo isto, as expectativas são de que o euro continue a valorizar face ao dólar nos próximos meses, mas a ritmos relativamente pequenos, não chegando a alcançar um novo máximo histórico (1€=$1,5991). Um sistema cambial sólido e estável, com os nossos parceiros detentores das principais moedas, é de interesse comum: queremos um dólar forte, precisamos de um dólar forte.
Lara Isabel Fernandes Leite
Nos últimos seis meses o euro já valorizou, aproximadamente, quase 20% face ao dólar. A desvalorização estará, aparentemente, relacionada com as diferenças de cenário económico e de política monetária, agravados pelo clima de instabilidade financeira e aumento do grau de aversão ao risco. Justamente a estes factores, encontra-se a manutenção de um diferencial positivo de taxas de juro face às demais economias mundiais, que também estará a provocar a valorização progressiva do Euro nos mercados cambiais.
Esta situação preocupa muitos entendidos em Economia, nomeadamente os ministros das Finanças da Zona Euro e o Banco Central Europeu (BCE), pois altera as frágeis perspectivas de retoma da economia europeia, amplamente assentes na recuperação das exportações que ficam, assim, automaticamente mais caras e, portanto, menos competitivas no mercado mundial. Assim, torna-se evidente que será necessário que os valores do dólar voltem a níveis consistentes com a importância relativa da maior economia mundial – a dos Estados Unidos. Por outro lado, a valorização do euro pode ter um efeito positivo nas áreas em que fazemos importações em dólares, como acontece na energia, com o petróleo ou mesmo com os cereais, devendo-se ter em atenção que este efeito seguidamente poderá perder credibilidade uma vez que os mercados poderão se ajustar rapidamente, pois "uma boa parte dos interesses dos países exportadores está centrado na Europa".
Em Portugal, note-se que, os efeitos nos dias de hoje são relativamente pequenos comparativamente aos efeitos na época em que usávamos o escudo. Mesmo na Zona Euro a valorização do euro acaba por ser pequena uma vez que a opressiva maioria do nosso comércio internacional é realizado dentro da Zona Euro. Contudo, nesta situação, para Portugal, depois dos problemas no sector bancário e nos riscos à sua solvabilidade, depois da consequente restrição na concessão de crédito à economia, e depois do colapso ao comercio externo, será ainda mais difícil corrigir o desequilíbrio da balança comercial, e de melhorar a situação económica do pais.
Um outro ponto importante nesta análise da valorização do euro está relacionado com os investimentos. Na hora de investir em território norte-americano, ou em qualquer país que esteja ligado ao dólar, os europeus ficam a ganhar com a descida dessa moeda, pois passa a ser mais barato. O reverso é que captar investimentos para a zona euro também se torna mais complicado já que, para empresas e investidores estrangeiros, é mais caro. O turismo é outro sector afectado: as viagens aos países associados ao dólar são mais baratas, mas cativar turistas para a zona euro torna-se uma tarefa mais difícil. Contudo, na área de investimentos financeiros, como aplicações, poderá ser mais vantajoso os investidores e empresas norte-americanas investirem na zona Euro, consoante a taxa de juro, obtendo lucros superiores aos que poderiam obter em território nacional, pelo que cabe ao BCE a gestão eficiente dos valores das taxas de juro.
Com tudo isto, as expectativas são de que o euro continue a valorizar face ao dólar nos próximos meses, mas a ritmos relativamente pequenos, não chegando a alcançar um novo máximo histórico (1€=$1,5991). Um sistema cambial sólido e estável, com os nossos parceiros detentores das principais moedas, é de interesse comum: queremos um dólar forte, precisamos de um dólar forte.
Lara Isabel Fernandes Leite
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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