sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Gripe A e a Economia

Em 2008, o Banco Mundial estimou que uma pandemia de gripe pode custar quase 3 biliões de euros e uma queda de 5% do PIB mundial.

A Gripe A surgiu numa altura em que a economia mundial está fragilizada e o cenário pode piorar. Ainda é cedo para avaliar os resultados deste vírus mas, de acordo com um estudo do instituto britânico “Oxford Economics” publicado no dia 17 de Julho de 2009, concluiu-se que se 30% da população mundial for contaminada pelo vírus H1N1, o crescimento económico ficará seriamente comprometido atrasando a recuperação económica mundial por um ou dois anos. Algumas das explicações para tal associação centram-se no facto das pessoas, perante a incerteza e o receio, reduzirem as despesas e adoptarem comportamentos preventivos evitando locais públicos como centros comerciais e cancelando viagens o que causa uma diminuição do consumo e problemas para o mercado financeiro e para a confiança dos investidores, gerando um ciclo vicioso que, caso aconteça, se espera ser de curto prazo. É de destacar que o sector de aviação é o principal sacrificado pois o número de viagens, principalmente para o México, sofreram um grande declínio este ano.
As empresas, no pior dos cenários, são afectadas pelo absentismo no trabalho, adaptam o seu funcionamento e aumentam os gastos prevenindo a doença e evitando o contágio entre os seus funcionários. O Estado é também pressionado a encaminhar alguma da receita pública para o combate a esta epidemia. Em alguns países, nos serviços de hotelaria muitas empresas tiveram que antecipar férias devido ao fraco movimento e os comerciantes afirmam que a adesão às suas lojas não variou entre fins-de-semana e restantes dias. As mulheres grávidas e as crianças são aconselhadas a ficar em casa e algumas escolas, como já se verificou, podem ser fechadas. É então de concluir que caso acontecesse uma pandemia o país poderia parar.
Todas as medidas tomadas para combater este vírus necessitam de custos avultados. É o caso da criação de stocks de medicação antiviral, do desenvolvimento da vacina e dos sistemas de prevenção e tratamento.
No outro extremo estão os sectores que beneficiam com a pandemia como a indústria farmacêutica pois a compra de vacinas atingiu valores descomunais.
Uma outra questão a abordar nesta temática é a existência de interesses económicos na criação de "uma epidemia de medo" causada por uma "doença fantasma", tal como é denunciado pelo presidente da Ordem dos médicos de Espanha (Juan José Rodríguez Sendín). Tal acusação pode ser fundamentada pelo facto de os valores da taxa de mortalidade decorrente da gripe sazonal serem mais significativos do que a taxa de mortalidade provocada pela gripe suína, o que contradiz o exagero de alarmismo a que se assistiu.
Actualmente, não há tanto alarido relativamente a este assunto como houve na estação passada. Porém, o Outono e o Inverno são as estações mais propícias para contrair esta e qualquer gripe, por isso, é de esperar que esta temática volte a abrir noticiários em breve. Se a situação piorar, uma boa solução para a economia não estagnar é recorrer ao teletrabalho como a EDP e a Microsoft, por exemplo, ponderam e assim evitar o contágio entre os funcionários sem que as empresas parem a sua actividade produtiva.

Joana Barbosa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo), da EEG/UMinho]

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