sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A pseudo União Europeia

Nas últimas décadas, Portugal registrou uma balança comercial de bens deficitária, mas nestes últimos anos vem registrando um aumento contínuo das exportações, que hoje representam 41% do PIB. Recentemente, foi levantada a questão da participação de Portugal na Zona do Euro, frente à moeda valorizada, o que dificulta a competitividade dos produtos exportados para países extra-União Europeia, uma vez que o crescimento do país dependerá da contínua evolução das exportações e da confiança das famílias na economia do país, já que desde meados da crise de 2009 Portugal se viu obrigado a adotar medidas de austeridade.
As exportações intra-União Europeia totalizarão num total de 28.033,9 milhões de euros em 2013. As máquinas e aparelhos, veículos e material de transporte e os combustíveis minerais foram os principais produtos que contribuíram com as remessas de bens para os demais países do Euro. Os principais parceiros continuaram a ser Espanha, Alemanha e França, totalizando os três 46,9% das exportações de bens. Já as importações de bens provenientes do comércio intra-União Europeia totalizaram em 37.188,7 milhões de euros. Houve um acréscimo frente ao ano anterior, contudo, esse acréscimo representa apenas uma inversão relativa dos decréscimos verificados nos anos anteriores, devido à desaceleração do comercio internacional. Os combustíveis minerais, produtos agrícolas e máquinas e aparelhos são a principal gama de produtos importados atualmente.
No geral, este ano de 2013 representa o quarto ano consecutivo de aumento nas exportações. Após 70 anos, o saldo da balança comercial de bens e serviços registra um saldo positivo. O que chama atenção é que o saldo da balança comercial extra-União Europeia de bens registrou uma evolução mais favorável que o saldo da balança comercial intra-União Europeia de bens, mesmo com uma moeda mais forte perante outros países que não utilizam o Euro. Contudo, não podemos enviesar as informações, uma vez que temos que ressaltar que grande parte da remessa de bens é para países do Euro. Uma vez que a relação extra-UE representa apenas uma pequena porcentagem, qualquer aumento significativo nesta representa uma evolução mais favorável.
Nestes últimos anos, o Euro veio apresentando uma tendência de apreciação, com um valor frente ao dólar cada vez mais elevado. Essa apreciação da moeda única da pseudo União Europeia, prejudica os produtos produzidos em Portugal, tornando as exportações mais caras, em comparação com os preços dos produtos produzidos noutros países. A vantagem do país seria se Portugal importasse produtos produzidos noutros país que não utilizassem o Euro. Contudo, atualmente, grande parte das trocas comerciais do país concentram-se na própria UE.
A Zona Euro, desde a crise de 2009, conseguiu sair de uma longa trajetória de desaceleração de crescimento influenciada por um aumento nos investimentos em ativos fixos e, principalmente, devido a uma aceleração das trocas internacionais. Ainda assim, a disparidade de crescimento é notória entre os países membros da UE, o que pode colocar em causa a permanência de alguns países na moeda única. 
Atualmente, a balança comercial de Portugal tem forte dependência dos países do Euro e podemos perceber que o país ainda tem uma série de problemas a enfrentar: baixa produtividade, elevado custo unitário, ser uma economia periférica, ter uma pequena dimensão do mercado interno e, além de tudo, possuir uma moeda forte. Isso acaba gerando uma perca de competitividade para com países fora da moeda única, e a recente entrada dos BRICS aumentou ainda mais a concorrência que o país enfrenta para introduzir seus produtos no mercado externo. As ilusões da integração da pseudo União Europeia, dificultam a solução de parte destes problemas mencionados. Assim, o país continuará se arrastando frente à exploração de seus recursos e mantendo uma dependência das importações e consumos externos excessivos do mercado europeu.

Geraldo Henrique Oliveira Soares

Referências:
http://www.bportugal.pt/pt-PT/Paginas/inicio.aspx

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]  

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