terça-feira, 28 de outubro de 2014

Economia Verde - o exemplo das Energias Renováveis

Ao longo dos tempos, a consciência de que é fundamental crescer economicamente com sustentabilidade tem sido crescente. Para isso existe, cada vez mais, preocupação por parte das famílias, das empresas e dos governos na adoção de políticas/comportamentos “amigos” do ambiente. Estas políticas/comportamentos são conseguidos através do posicionamento dos sujeitos em um, ou em várias faces do triângulo composto pela eficiência na utilização de recursos, a exploração de recursos renováveis e endógenos, e padrões de produção e consumo mais sustentáveis. 
Em termos globais, a Economia Verde representa uma oportunidade avaliada em 4 triliões de euros, registando um crescimento anual de cerca de 4%. Um desses exemplos é o investimento em energias “limpas”, que ronda os 300 mil milhões de dólares anuais (sendo que 25% é nos Estados Unidos e 25% é na China), e as necessidades de investimento em energia projetadas até 2030 ascendem, globalmente, a 13 triliões de dólares, sendo que 50% são fora da OCDE. 
Em termos políticos, a União Europeia tem quatro metas respeitantes à energia e ao clima para cumprir até 2030 e que de alguma forma influenciam esta Economia Verde. São elas a redução de, pelo menos, 40% na emissão de gases com efeito de estufa face a 1990, a elevação para 40% do rácio de energia total consumida oriunda de fontes de energia renovável, colocação da eficiência energética nos 30% e atingir uma capacidade de interligação para eletricidade entre todos os Estados-membros de pelo menos 25%, face à capacidade total de produção em 2030. Para isso a União Europeia necessidade de investimento nesta área que se projeta que ronde um trilião de euros até 2020, e 2,5 triliões de euros até 2025. 
Portugal tem assim procurado fomentar a eco-inovação e a utilização eficiente dos recursos energéticos, hídricos e materiais. Graças ao seu “cluster” de energias renováveis, entre 2010 e 2014, e segundo Associação de Energias Renováveis, os benefícios líquidos das fontes de energia renovável, na produção de eletricidade, ascenderam a 2,7 mil milhões de euros, sendo que 55% provêm dos operadores e fabricantes. A energia eólica foi aquela que mais contribuiu, com 1.500 milhões de euros, seguida pela energia hídrica, que foi responsável por 910 milhões de euros. Segundo a mesma associação, em 2013, as energias renováveis terão já evitado importações no valor de 1.479 milhões de euros, reduzindo em 12,3, % para 71,7%, o peso das compras de energias fósseis, como carvão e gás natural ao exterior. 
Outro ponto em destaque é o impacto ambiental, ao nível das emissões de CO2 evitadas pela substituição da produção a partir de centrais térmicas a carvão e gás natural. Em 2013, esse valor foi de 10,6 milhões de toneladas de CO2, equivalente a um ano de emissões do parque automóvel nacional. Até 2020, o estudo prevê que se possa poupar, com base no aumento da capacidade de produção renovável e na previsível subida das licenças de CO2 no mercado internacional,187 milhões de euros. 
Em suma, e embora nestes últimos anos tenha existido uma desaceleração nesta sector provocado pela crise económico-financeira que culminou na intervenção da ‘troika' e no corte dos apoios ao sector, espera-se, que até 2020 31% das fontes energéticas sejam renováveis (60% na eletricidade e 10% nos transportes) – o que faz de Portugal um dos melhores países do mundo em política climática. Além disso, esta área de negócio deverá criar em Portugal perto de 18 mil novos postos de trabalho, representando um acréscimo de 40% face a 2013. A chamada eletricidade verde contribuirá ainda com cerca de mil milhões de euros para o Produto Interno Bruto (PIB), mais 40% do que a riqueza gerada no ano passado. Dito isto, parece haver motivos mais que suficientes para uma aposta neste sector estratégico.   

Telmo Filipe Lino Martins

Fontes: 
Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia;
Associação de Energias Renováveis - Estudo sobre “Impacto macroeconómico do setor da eletricidade de origem renovável em Portugal” (http://www.apren.pt/

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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