quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Portugal e a “investigação, ciência e inovação”

A ciência, investigação e desenvolvimento tecnológico ajudam a criar empregos, prosperidade e qualidade de vida. São um importante motor de desenvolvimento para a indústria, saúde, entre outros. Para as empresas, o investimento nestas áreas permite-lhes fazer melhorias nos processos produtivos e até produzir produtos de maior tecnologia. Em Portugal, a maioria dos produtos produzidos são de baixa tecnologia, ou seja, de pouco valor acrescentado. Quanto maior a tecnologia utilizada na produção dos bens, maior serão os lucros e capacidade de competir comparativamente com os países mais desenvolvidos. Mas ao ritmo que a nossa economia está a mudar e a adaptar-se nunca atingiremos o nível de países como Alemanha, EUA e Japão.
Como devem saber, na próxima comissão europeia, o comissário que irá representar Portugal é o engenheiro Carlos Moedas, que terá a seu cargo a pasta da “investigação, ciência e inovação”, com um orçamento de 80 mil milhões de euros. A sua nomeação criou um misto de reacções: uns ficaram esperançados com o que isto pode trazer para Portugal; e outros acharam a nomeação descabida. Descabida por se tratar de um ex-membro de um governo que fez um enorme aumento de impostos, seja relativo às famílias seja às empresas, impedindo assim muitos de adquirirem os seus estudos e a terem de reprogramar a sua vida. Muitos tiveram de imigrar devido à precariedade que se vive neste país. Um governo que fez cortes cegos nos orçamentos das universidades e também nas bolsas de investigação de quase 50%. Será esta a melhor escolha para esta pasta, em especifico? Um homem sem experiência na área, envolvido agora na burocracia europeia e tendo de responder perante outro comissário e perante o presidente da comissão. Será que o engenheiro Carlos Moedas terá assim tanto poder de decisão sobre o rumo que a Europa irá levar, nesta área, até 2020? Não haja dúvidas que o orçamento que ele tutela é capaz de fazer muita diferença e criar muitos empregos. Mas conseguirá ele reduzir a burocracia e aceitar projectos como ele diz querer trabalhar?
Quanto a medidas em concreto, no nosso país, poderia repor-se e até aumentar-se as bolsas de investigação, incentivar a investigação e desenvolvimento tecnológico através de empréstimos às empresas. Já se fala há tanto tempo do banco de fomento mas ele nunca aparece, por isso o governo deveria facilitar e ajudar as empresas a desenvolver-se. O governo em funções veio a público dizer que quer criar um “visto talento”, ou seja” atrair “cérebros” para o nosso país, para adquirirem os seus estudos e dão-lhe a oportunidade de se estabelecerem em Portugal, exercendo o que aprenderam e criando empregos. Esta medida terá algum sucesso? Quando nem conseguimos estancar a fuga dos nossos cérebros. 
É crucial que os nossos estudantes acabem os seus estudos em grandes universidades mundiais e adquiram conhecimentos sobre as mais diversas áreas, mas que depois voltem para Portugal. Para eles voltarem é necessário criar condições capazes de competir com os outros países mais desenvolvidos. Os portugueses não voltam pois um pais como Portugal não consegue competir com os salários nem com os incentivos que os outros países dão para a criação do seu próprio emprego. Enquanto Portugal não conseguir resolver estes problemas não terá condições para competir com os países mais desenvolvidos.

Paulo Ricardo Caetano Teixeira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]  

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