sexta-feira, 10 de outubro de 2014

“Boa é a vida, mas melhor é o vinho”

“Boa é a vida, mas melhor é o vinho”, já dizia Fernando Pessoa. O vinho como bebida tipicamente apreciada tem por detrás uma longa história, sendo até por vezes intitulada como o néctar dos deuses. Em várias vertentes, como na literatura, na religião, na mitologia e até mesmo na ciência, o vinho tem e sempre teve um lugar de destaque na História. 
Como a agência Lusa confirma, o consumo de vinho em Portugal tem vindo a diminuir nos últimos vinte anos, passando de 65 para 42 litros per capita, enunciando ainda que os principais motivos para tal são a crise financeira e a taxa máxima de alcoolemia.
“Neste país à beira-mar plantado” a indústria vinícola é rainha, tendo esta um peso bastante significativo na balança comercial do país. Apesar da sua importância, o comportamento deste sector é muito difícil de controlar devido à dependência das condições climatéricas, bem como das oscilações de mercado e das políticas a que está sujeito. No entanto, o crescimento das exportações tem-se tornado cada vez mais uma tendência após 3 anos de sucessivos aumentos, sendo que em 2013 cresceram cerca de 2,4%, em 2012 cerca de 8,8% (volume de transações) e em 2011 aproximadamente 7,1% (valor de transações), segundo o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). 
O estudo antes referido ainda acrescenta que estas melhorias sucessivas conduziram a uma valorização e a um acréscimo do preço médio por litro de 13,3%, o que traduz uma faturação de 725 milhões de euros, apesar do decréscimo verificado no período transato de 1,5%, sendo que o ano de 2012 foi ótimo, visto que sofreu um enorme aumento, dificultando qualquer comparação efetuada com o mesmo, apesar de em 2013 a aposta feita pelo sector exportador ter levado a um acréscimo na competitividade e a uma criação de valor nas exportações, o que se traduziu em 704 milhões de euros de receitas, obtendo lucros de 620 milhões de euros.
Nas transações extra-comunitárias, Portugal assume uma quota de mercado relativamente expressiva, sendo responsável pela exportação 140 milhões de litros, o que se traduz em 314 milhões de euro, sendo os principais países interessados Suíça, Polónia, Canadá, Angola e EUA. Angola é o principal destino, com 21%. Apesar da diminuição do consumo em 2011 neste país, o valor de mercado do vinho português aumentou 17% dentro das fronteiras angolanas. Contudo é no mercado intracomunitário que se encontram os principais consumidores do vinho português, sendo o Luxemburgo o maior importador.
A universalidade deste produto faz com que o sector dos vinhos tenha grande destaque a nível mundial. Tal como temos vindo a constatar, o papel do nosso país é relevantíssimo e tem vindo a crescer a passos largos, sendo esta indústria o melhor do que se faz em Portugal! Prova disso é que ainda neste presente ano, o International Wine Challenge, um dos maiores concursos de vinhos do mundo, premiou um vinho português com a distinção máxima, o Campolargo Branco 2011.
A indústria vinícola preocupa-se em apostar na competitividade, através do investimento em novos mercados, como o mercado chinês, que representa 10% do total das exportações, bem como numa modernização das empresas, através da requalificação das várias quintas que dão nome aos mais prestigiados vinhos portugueses e que são pontos de interesse para o turismo enólogo, como a Adega Mayor, projetada por Álvaro Siza, bem como Peso do Vinho do Porto, que constitui uma importante fonte de turismo, não só pelo produto em si mas também pelas caves do mesmo.
Apesar de pequeno, a indústria vinícola leva o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo e a aposta sucessiva, bem como o investimento feito neste sector tem levado a que cada vez mais os produtos, bem como a aptidão do país na produção de vinhos seja melhor. Não obstante, devemos ter em conta a concorrência cada vez mais apertada que se faz sentir. Nesse sentido, a aposta na diferenciação do produto faz com que esta indústria, com um passado bastante longo, seja uma fonte de enriquecimento do país.

Ana Rita Duarte

Bibliografia: 
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=3148844

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]  

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