sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O endividamento das famílias portuguesas

Cada vez mais podemos assistir ao endividamento das famílias portuguesas. Um dos maiores problemas consiste nas sucessivas concessões de crédito.
Antigamente, obter um crédito não era fácil. Era feita uma avaliação sobre as condições das famílias para pagar o empréstimo e os juros que seriam contraídos, bem como uma análise aos bens que as mesmas possuíam. Assim, o crédito só seria concedido caso houvesse capacidade de pagamento.
Nos anos 70 as famílias portuguesas atingiram uma taxa de poupança superior a 30% do seu rendimento disponível. A partir da década de 80 e, sobretudo, a partir da década de 90, a taxa de poupança das famílias portuguesas diminuiu.
Com o passar dos anos, os portugueses desenvolveram o seu lado mais consumista, vendo as suas poupanças reduzir. Criaram hábitos e estilos de vida que não poderiam suportar com o seu rendimento, vivendo acima das suas possibilidades.
No entanto, tal situação torna-se suportável, a curto prazo, pois somos diariamente bombardeados com opções de créditos que resolveriam todos os nossos problemas. Assim, começam a contrair créditos para casas, carros e férias que não correspondem ao que lhes seria possível, pois o importante é “manter as aparências” perante a sociedade, pagando encargos com créditos que ultrapassam largamente 40% do seu rendimento mensal.
Como podemos ver, não é assim tão difícil entrar num ciclo de dívidas sem fim. De facto, o problema não está num crédito ponderado, mas sim no facto de se contrair créditos para todas as situações, entrando numa situação em que pagar os encargos dos mesmo não é possível.
Deste modo, o que parecia ser a solução passa a ser um problema ainda maior. Verifica-se a situação de “quanto mais tenho, mais quero” e deixam de conhecer os limites que o seu rendimento proporciona

Joana Sampaio 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]  

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