domingo, 9 de novembro de 2014

A União Europeia e a sua Evolução Macroeconómica

A União Europeia é atualmente constituída por 28 Estados Membros, correspondendo a mais de 500 milhões de pessoas, ou seja, é o terceiro maior mercado, a seguir à China, e à India, respetivamente. O PIB nominal da UE é de 17 070 011 milhões de dólares, sendo o maior produto do mundo, ultrapassando os EUA, que têm um PIB nominal de 15 636 366 milhões de dólares (Fundo Monetário Internacional, 2013), isto é, o PIB nominal da UE é de aproximadamente 24% do PIB nominal mundial. De referir que, apesar de UE ser uma união económica, política e, em alguns países, monetária, não é um país.
As oscilações do PIB na UE estão diretamente ligadas às oscilações da Zona Euro, ou seja, existe uma correlação evidente na evolução destes dois produtos. Este facto deve-se ao facto dos países que pertencem à Zona Euro pertencerem também, sem exceção, à UE e, por isso, as oscilações no produto da Zona Euro pesam imenso nas oscilações do produto da UE. Temos de ter presente que a maior parte do produto da UE advém de países pertencentes a Zona Euro. Por outro lado, este facto permite-nos, também, perceber a diferença entre os países pertencentes ao Euro e os não pertencentes, e, ainda, o crescimento do PIB da Zona Euro e da UE, que é praticamente igual até 2001, ano de entrada em circulação do Euro. 
O PIB da UE cresceu em 1998, 1999, 2000, e 2001, 2,8%, 2,7%, 3,6% e 1,7%, respetivamente; enquanto o PIB da Zona Euro no mesmo período cresceu 2,6%, 2,6%, 3,4% e 1,5%, respetivamente. De 2001 em diante, o crescimento da UE foi sempre superior ao crescimento da Zona Euro. Exemplos flagrantes deste desfasamento de crescimento são os anos de 2002 e 2003, onde a Zona Euro cresceu 0,4% e 0,1%, respetivamente, apresentando uma quase estagnação económica, enquanto a UE cresceu 1,3% e 1,5% respetivamente. O mesmo se passa nos restantes anos (de salientar o ano de 2005, onde a Zona Euro cresceu mais 1,1% do que a UE) em que a UE cresceu 2,2% enquanto a Zona Euro apresentou um crescimento de 2,7%. Além disso, em 2015, as expetativas é a de que o crescimento da economia da UE seja de 2% e a da Zona Euro fique por 0,2%. 
Estes dados levam-nos a pensar que o Euro trouxe alguns problemas de crescimento à economia da Zona Euro. A meu ver, este facto alerta-nos para um possível problema de funcionamento da moeda e/ou um problema de desalinhamento das diferentes políticas económicas com a política monetária adotada pelo BCE (Banco Central Europeu), embora tenhamos que salvaguardar que esta análise, por si só, não nos permite afirmar, com um elevado grau de certeza, que o Euro é um fator negativo no crescimento, visto que para isso teríamos de realizar uma análise mais profunda e exaustiva da evolução económica pré e pós adoção do Euro.
Esta análise leva-nos a crer que a UE, apesar de ser a maior economia do mundo, tem algumas limitações em responder de forma rápida e eficaz a oscilações económicas, assim como limitações na criação de políticas económicas geradoras de crescimento para as várias regiões. Este facto é visível na crise de 2008, onde a UE teve imensos problemas de gestão da mesma, mostrando também muitas limitações na sua saída. A meu ver, este facto deve-se, por um lado, a uma tardia resposta da UE à crise e a uma tardia e ineficaz ajuda a países que tiveram graves problemas económicos, como é o caso flagrante da Grécia e os casos de Portugal, Irlanda, Espanha, Chipre, entre outros. Basta para isso pensarmos que não houve a capacidade da União Europeia resolver os seus problemas de forma autónoma e independente, dado que teve de recorrer ao FMI para resolver crises, em parceria com o BCE e a Comissão Europeia, como foi o caso de Portugal, Grécia, Irlanda e Chipre, o que demonstra bem a incapacidade de tomada de decisão política dentro da UE. 
Este facto é ainda mais visível na Zona Euro e nós acreditamos que o menor crescimento desta zona se deve também a esta incapacidade de criação de políticas económicas e sociais de comum interesse por parte dos diferentes estados-membros. Assim, neste caso, verifica-se que, quanto mais integração, mais incapacidade de responder à economia cada vez mais competitiva, fruto do enorme aumento da capacidade produtiva e competitiva da China, e, consequentemente, a Zona Euro cresce menos do que a UE, já que nestes países a integração é maior, uma vez que existe uma política monetária comum. 
Na nossa opinião, existindo uma política monetária que não é favorável às economias periféricas e menos competitivas, constata-se que essas economias demonstram grandes dificuldades em “sobreviver” nos últimos anos.

Francisca Gonçalves Pereira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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